1. Lake Worth – Natal de 2018
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A varanda da residência em Lake Worth invadida pelas cores do ocaso, mergulha em mancha escura sob os últimos reflexos do sol.
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O dia escurece—
No horizonte ainda o brilho
do arrebol de inverno.
Via Poinciana
Na caminhada matinal, pelo bem cuidado espaço público, em Lake Worth, não se vê nenhum papel, plástico ou quaisquer detritos em seus gramados sempre bem aparados e viçosos. Nas árvores e no asfalto vários tipos de pássaros se alimentam sem preocupação com a presença humana.
Manhã de inverno —
caminhada dos idosos
e dos animais.
Condomínio fechado—
as lâmpadas de Natal
ainda acesas.
Um bando de guarás
em paralelo desfile
com os idosos.
Alcance de um passo—
Sobe e desce do coqueiro
o esquilo cinza.
Morning
Com dois quilômetros, a via é ladeada de condomínios de apartamentos ou casas. Pelas passarelas laterais não se vê nenhuma bicicleta. Somente pessoas caminhando sozinhas, em casais, acompanhadas pelos cães ou em pequenos grupos. Todos fazem um cumprimento ao se cruzarem: Morning! Muito raro alguém iniciar com o adjetivo inicial, good.
Fim da caminhada.
Sobre o poste os olhares
dos guarás brancos.
No encontro de família para vivenciar o Natal este ano, organizamos um passeio. Em boa parte do dia visitamos um Parque... Caminhando, tirando fotos, brincando...
Sem perceber me vejo relembrando a infância dos filhos. Eu ainda muito jovem, na casa dos vinte anos preparava o natal das duas crianças. O pai, português de Resende, tentava passar sua cultura européia para a família em formação. Apaixonado pelos dois, já em novembro surpreendia a todos ao chegar à casa com um galho enorme de árvore, franqueada pelo compadre dono de um sítio...
Quase dois bebês
de olhinhos curiosos...
Prenúncio de Natal.
O ritual de preparação do galho em árvore festiva, à moda de sua terra, teve início já em nossa primeira comemoração, quando eu estava grávida, na compra de um vaso de cerâmica verde, bem grande. Ali era depositada a base do galho sustentado com areia trazida da Praia do Araçaji, coberta posteriormente, com flocos de algodão.
Trás aqui filhinha,
os enfeites de Natal...
Papai Noel vem!
Aquele galho colocado na sala de jantar amanhecia todo coberto de algodão, simulando a neve portuguesa. Nos galhos fortes eram pendurados os presentes da família, deixando espaço para o Papai Noel colocar os das crianças.
Ao final do dia
sempre trazia novidades—
Natal das crianças.
O pai, comerciante, já com tudo providenciado previamente para a comemoração natalina, aproveitava o melhor dia de vendas na loja de armarinho e confecções. A véspera de Natal. Feliz voltava com mais presentes para a árvore iluminada. Tudo pronto para a ceia: o bacalhau, as castanhas, o formigo e as rabanadas.
Sentado no chão
sob a árvore de Natal...
brinca com os filhos.
Após colocar os últimos presentes na árvore, A família faz a ceia por volta das vinte horas. As crianças ansiosas pelo Papai Noel, colocam os sapatinhos na janela e de bom grado dormem cedo. Mas, a ansiedade do pai era maior. No meio da noite acordava os filhos e comunicava que o Papai Noel já deixara os presentes.
Luzes de Natal...
bicicleta e velocípede
rodam pela casa.
Com a descoberta da doença e a mudança para o Sul do Brasil, foram assimiladas novas práticas. Com os filhos já adolescentes continuamos a vivenciar o Natal em família.
Família reunida
para celebrar a vida...
Em mais um Natal.
Hoje os dois filhos adultos seguem com suas famílias os hábitos adquiridos com os pais. Com o novo casamento da filha e mudança para a Flórida, acertamos alternar o Natal. Um aqui e outro no Rio.
Após o passeio a colaboração de todos no arranjo da ceia. Antes da meia noite, a troca de mensagens com o filho no Brasil e a troca de presentes...
Todo nosso amor,
amigos e familiares...
Um feliz Natal!
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Natal de 2018
Lake Worth, Flórida-USA
Emi (恵美) Benedita Azevedo