Lembranças
Os dias se apresentam de forma tímida. Na aurora, rumo a varanda, ainda posso ver a lua que esmaece. A romãzeira exala perfumes da idade, nossa intimidade Os seus traços no espaço desaparecem com as nuvens de algodão em repouso. A névoa desce. No firmamento outra vez vejo o teu rosto. É o céu a aspergir na terra gotas tão breves, o pouso leve do orvalho tão terno, com seus beijos molhados a mimar as flores umbrosas do meu jardim de inverno.
Dizem que o frescor do beijo das manhãs revigora e é sinal de lealdade. Na aurora sob a penumbra, o orvalho anuncia a bruma leve ou é o céu que chora o nascimento de um novo dia entregue? Não há respostas. Apenas o silenciar breve, acompanhado do pássaro sanhaço nos jardins, a sua presença costuma anunciar o dia que será preenchido com prazeres simples da vida. O peito do passarinho se enche de ar e tão de repente um sopro agudo do dia que desperta pomposo.
Distante dali, nos confins do horizonte, o sol ainda magro e amarelo surge atrás dos montes, tão logo os girassóis despertam e como supus seguem a luz de um sol ainda anímico, num quase despertar onírico.
Desperta a saudade
Amanhece, então floresce
Nossa intimidade