Reflexos no olhar - Haibun

 

Manhã de inverno. Ao caminhar no parque, observo um senhor (que aparenta ter uns sessenta anos) sentar-se no banco de madeira, devagar ele arruma o cavalete, depois pega uma tela em branco, e a seguir abre uma maleta com pincéis e tintas, observando com atenção a paisagem.

 

O céu azul, as árvores e os reflexos no lago, tela e lápis em uma bem-vinda interação. A cena emocionou-me... Ao segurar uma tela em branco, gosto de acariciá-la, sentindo sua textura, e imaginado que ela tem vida e não é apenas uma tela, um objeto, mas sim um palco, um recomeço, a possibilidade de desenhar contornos, misturar cores, pincelando emoções.

 

A tela também é um espaço para pontos de interrogação, poemas escritos com cores: sonhos que se misturam com a realidade, acertos, erros, dúvidas e enfim o difícil, mas necessário Renascimento...

 

à beira do lago

faz parte da paisagem -

pintor e paleta