HAIBUN Nº 2

 

SUAVE DESPERTAR

 

À madrugada, a cidade inteira dorme. Até mesmo os cães silenciam como que a solidarizar-se com aqueles que, caminhando a esmo, como eu, vagam a lamentar suas amorosas desilusões. A névoa tênue e delicada que antecede os finos halos dos primeiros raios de sol, resiste a esvair-se das inúmeras janelas do casario em frente, que se vão abrindo, tão timidamente, na tentativa última, de acariciar, uma vez mais, o rosto da noite que morre, desmilinguida, nos níveos braços da radiante manhã.

 

na manhã de luz
o orvalho pelas janelas -
resquícios da noite...

 

Melgaço, Pará, Brasil, 18 de outubro de 2021.
Composto por Jayme Lorenzini Garcia.
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