O canto dos grilos
Os grilos cantam uns para os outros, cricrilando alto no pontilhão, próximo às casas da Rua 21 de Abril. A residência de Abimael tem sua localização por ali e o menino corre pela calçada com algazarra e risos. A mãe tem a intenção de chamar a criança, olhando na direção da casa continuamente. Por entre as grades do portão as filhas surgem pedindo para também irem olhar os sons no local – a caçula arrasta um pano, cambando nuns chinelos grandes. Brilham estrelas no céu. Brilham auxiliadas por uma lua cheia, tão amarela, muito chamativa fugindo das nuvens escuras. Com um puxão num dos braços do garoto, a mãe sussurra que é noite de lua cheia, por isso os grilos querem levar os meninos para longe de casa. Os carros barulhentos vinham depois, chispando loucos para quebrar as pernas de quem é pequeno e vai sozinho para a rua. É este o barulho dos grilos – arrastam uma asa contra a outra para festejar por cada menino que conseguem puxar das mãos protetoras de suas mães.
a rua vazia –
uma nuvem cobre a lua
sob os sons dos grilos