Gerânios


Minha floreira ainda não sabe. Não tive coragem de contar a ela. Nem ao pequeno espantalho de resina ou aos pássaros de madeira que continuam seus vôos estáticos entre os cachos multicoloridos. Mas a eles, meus amados gerânios, que me prometeram acompanhar por dez longos anos, no momento em que os transferi de feios sacos plásticos para a simpática floreira, a eles terei que contar. Falarei de mansinho, enquanto afofo a terra. Direi como quem não quer nada: “Acho que vou mudá-los para outra janela. Não sei se vocês irão gostar de lá. Sabe, na verdade é uma varandinha, dessas bem pequeninhas. Não sei como é de vento, mas bate sol, juro que bate sol. Também sentirei saudades dessa janela. Daqui vejo o outono chegar e se ir por entre as árvores do Mutinga. Os pássaros brigarem no poste e as gardênias pintarem de branco o gramado... escrevo defronte a ela...nossa amiga...inspiradora janela...”


no peitoril nu
beija-flor procura
antigo amor




Imagem - arquivo particular








Ly Sabas
Enviado por Ly Sabas em 26/06/2006
Reeditado em 30/03/2009
Código do texto: T182861
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