Ensinar as Regras de Gramática do Inglês Explicando-as no Próprio Inglês: Aquisição da Linguagem através da Comunicação Oral em Inglês
"Assim como professores de português ensinam a gramática do idioma português falando-a e explicando-a aos alunos, da mesma maneira os professores de inglês deveriam ensinar as regras gramaticais do inglês falando-a e explicando-a no próprio inglês. Se a aula de inglês é de inglês, por que se tem de falar português? E para evitar que isso cause um bloqueio mental na aprendizagem do inglês, o correto é ensinar inglês aos alunos no próprio inglês."
A aquisição de uma segunda língua é um processo complexo, multifacetado e, muitas vezes, desafiador. Entre as diversas abordagens metodológicas que os educadores utilizam para ensinar inglês, uma das mais eficazes, principalmente em contextos imersivos, é ensinar as regras de gramática explicando-as no próprio inglês. Essa técnica envolve apresentar conceitos gramaticais e estruturas de forma contextualizada, integrando-os diretamente no discurso oral. Essa abordagem tem como objetivo melhorar a compreensão da língua enquanto estimula os alunos a internalizarem as regras de maneira natural e intuitiva. Leia o tópico "Como Bloqueios Mentais Prejudicam os Brasileiros de Aprender Inglês em Sua Forma Oral." Clique no link https://www.recantodasletras.com.br/linguistica/8285260 para entender como bloqueios mentais na aprendizagem do inglês prejudicam na aquisição do inglês.
1. Princípios Fundamentais da Abordagem
Quando se ensina gramática em inglês, a ideia central é promover a "aquisição" da língua, ou seja, aprender a língua de forma natural e inconsciente, mais próxima ao processo pelo qual as crianças aprendem sua língua materna. A explicação das regras gramaticais deve ser feita de maneira simples e em inglês, de modo que os alunos não apenas compreendam a estrutura linguística, mas também se acostumem com seu uso em um contexto real.
Dessa forma, ao invés de uma explicação teórica excessivamente detalhada que isola a gramática de seu uso cotidiano, o ensino deve ser integrado ao discurso, usando exemplos claros e práticos. Além disso, a comunicação oral em inglês facilita a compreensão por meio do uso de expressões naturais e do contexto em que a língua é realmente utilizada.
2. Exemplos de Estratégias e Métodos para Ensinar Gramática no Próprio Inglês
2.1 Instrução Contextualizada
Ao ensinar um conceito gramatical, como o uso do presente simples (simple present) para ações habituais, ao invés de simplesmente dar uma regra, o professor pode usar exemplos práticos no discurso. Por exemplo:
Professor (explicando o presente simples):
“When we talk about things we do regularly, we use the simple present tense. For example, I always drink coffee in the morning. This is something I do every day. So, we use ‘drink’ in the present form because it’s a habit, something that happens regularly. Can you think of something you do every day?”
Aqui, o professor não só explica a regra, mas também faz com que o aluno ouça o uso da gramática no contexto real. Em seguida, o aluno é incentivado a responder usando o mesmo tempo verbal. Isso conecta a teoria à prática, promovendo a assimilação através de um exemplo simples e relevante.
2.2 Repetição e Correção em Tempo Real
Outro aspecto essencial é a repetição das estruturas em contextos diversos, para garantir que os alunos internalizem as regras. Durante uma conversa, se um aluno cometer um erro, o professor pode corrigir suavemente sem interromper o fluxo da conversa, utilizando a forma correta e explicando a gramática de maneira natural.
Aluno:
“I go to the park yesterday.”
Professor:
“Ah, you went to the park yesterday! Remember, when we talk about something that happened in the past, we use the past form of the verb. So, instead of ‘go,’ we say ‘went.’ For example: I went to the park yesterday.”
Agora, o aluno começa a perceber, por meio de uma correção espontânea, a diferença entre o tempo verbal presente e o passado, assim como o uso correto do verbo.
2.3 Uso de Perguntas Interativas
Ao envolver os alunos com perguntas que os forçam a pensar sobre o uso da gramática, a explicação se torna mais dinâmica e acessível. Isso também cria um ambiente de aprendizagem colaborativa.
Professor:
“I always wake up at 7 AM. What time do you wake up?”
Aluno:
“I wake up at 8 AM.”
Professor:
"Great! So, when we use 'do' or 'does' for questions, we keep the verb in its basic form. For example: 'What time do you wake up?'"
Este tipo de interação não só ajuda a praticar o uso correto do verbo no presente, mas também permite que o aluno desenvolva uma compreensão intuitiva das regras gramaticais.
2.4 Envolvimento de Conteúdo Autêntico
Usar textos, músicas, filmes ou outros recursos autênticos em inglês também é uma excelente maneira de mostrar a aplicação das regras gramaticais em contextos naturais. A explicação pode ser baseada em um vídeo ou uma letra de música que contenha exemplos do tempo verbal que está sendo ensinado.
Por exemplo, ao ensinar o uso de verbos no futuro (will / going to), o professor pode mostrar um trecho de uma música em que o artista fala sobre planos futuros. Em seguida, pode-se analisar as expressões gramaticais usadas e discuti-las com os alunos.
Professor (após a análise de uma música):
"Listen to this line: 'I will call you tomorrow.' This is a future plan. When we talk about future actions or plans, we can use 'will' or 'going to.' Can you make a sentence using ‘will’ to talk about your future?"
Esse método de imersão no conteúdo autêntico permite que os alunos vejam a gramática aplicada de forma prática, em vez de uma explicação puramente teórica.
2.5 Correção Indireta e Feedback
A correção indireta é uma técnica em que o professor não dá a resposta diretamente, mas oferece sugestões ou dicas que levam o aluno a perceber seu erro. Isso é feito sem interromper bruscamente o fluxo da conversa, e serve para reforçar o aprendizado sem desmotivar o aluno.
Aluno:
“I am studying English since three months.”
Professor:
“Hmm, you’re studying English, right? How long have you been studying English?”
Esse tipo de correção ajuda os alunos a entenderem as nuances gramaticais, como o uso correto do presente perfeito contínuo, ao mesmo tempo em que mantém o foco na comunicação fluida e natural.
3. Vantagens de Ensinar a Gramática no Próprio Inglês
Ensinar a gramática explicando as regras diretamente no inglês oferece diversas vantagens:
Naturalidade na Aquisição de Conhecimento: Ao explicar as regras em inglês, os alunos são constantemente expostos à língua, o que facilita a internalização das estruturas linguísticas.
Desenvolvimento da Competência Comunicativa: O foco na comunicação oral permite que os alunos pratiquem a língua de forma ativa e criativa, desenvolvendo uma competência comunicativa mais ampla.
Redução da Tradução Mental: Ao ensinar diretamente em inglês, os alunos começam a pensar na língua sem depender da tradução para o português, o que acelera o processo de aprendizado.
Imersão Linguística: O aluno está constantemente em contato com o inglês, o que favorece uma imersão mais profunda na língua, sem limitações de tradução.
4. Exemplo de Aula Usando Comunicação Oral em Inglês
Um exemplo de como uma aula pode ser estruturada para ensinar gramática através da comunicação oral é o ensino do uso dos tempos verbais no presente, no contexto de uma conversa cotidiana.
Professor:
“So, let’s talk about your daily routine. What do you usually do in the morning?”
Aluno:
“I wake up at 7 AM, then I have breakfast and go to work.”
Professor:
“Great! So, we use the present simple for things we do regularly. Now, let’s talk about something you are doing right now. I am talking to you. What are you doing?”
Aluno:
“I am listening to you.”
Professor:
"Exactly! So, the present continuous is for actions happening at the moment of speaking. Now, can you think of an example with ‘I am’ and ‘-ing’?”
Dessa forma, a explicação da gramática ocorre dentro do próprio contexto da conversa, promovendo uma aprendizagem mais interativa e prática.
5. Como a Tradução Pode Ser Usada sem Causar Bloqueios Mentais na Aprendizagem do Inglês
No contexto de "Ensinar as Regras de Gramática do Inglês Explicando-as no Próprio Inglês", a tradução pode ser empregada de forma moderada, principalmente no início do processo de aprendizagem, para facilitar a compreensão das regras gramaticais complexas.
Por exemplo, ao introduzir um conceito gramatical, como os tempos verbais, o professor pode usar comparações entre o inglês e o português para ilustrar semelhanças e diferenças. Isso ajuda a criar uma ponte entre as duas línguas, reduzindo a ansiedade e o bloqueio mental do aluno. No entanto, o foco principal deve estar na comunicação oral em inglês, com o objetivo de expor o aluno a um ambiente imersivo. O uso da tradução deve ser gradual, priorizando o inglês como a língua de instrução, à medida que o aluno ganha confiança e fluência. Assim, a tradução serve como uma ferramenta de apoio, e não como uma dependência central no processo de aquisição linguística.
Conclusão
Ensinar as regras de gramática do inglês explicando-as no próprio inglês, utilizando a comunicação oral como ferramenta central, é uma abordagem eficaz que visa a aquisição natural da língua. Ao conectar a gramática com a comunicação diária, essa metodologia cria um ambiente de aprendizagem dinâmico e envolvente, em que os alunos são motivados a utilizar a língua de maneira prática e intuitiva. A chave para o sucesso dessa abordagem está em manter a explicação simples, contextualizada e centrada no uso real da língua, promovendo uma experiência de imersão linguística que fortalece a compreensão e o uso adequado do inglês.
Referências Bibliográficas
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Este livro oferece uma abordagem abrangente para o ensino da gramática do inglês no contexto de ensino de ESL/EFL, com foco na aplicação prática e em métodos de ensino comunicativos.
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O livro de Thornbury oferece técnicas práticas e insights para o ensino da gramática, com foco em métodos de ensino comunicativos e na importância do contexto na instrução gramatical.
Larsen-Freeman, D. (2003). Teaching Language: From Grammar to Grammaring. Heinle.
Este livro enfatiza a ideia de ensinar a gramática de forma dinâmica e comunicativa, indo além das abordagens rígidas baseadas em regras para incorporar o conceito de "grammaring" — o processo de usar a gramática no contexto.
Brown, H. D. (2007). Principles of Language Learning and Teaching (5ª ed.). Pearson Education.
Brown discute várias teorias da aquisição de linguagem e métodos de ensino, incluindo a importância da comunicação oral na aquisição de gramática e habilidades linguísticas.
Cook, V. (2008). Second Language Learning and Language Teaching (4ª ed.). Routledge.
Este livro oferece uma exploração aprofundada das teorias da aquisição de segunda língua e do ensino de gramática em um contexto comunicativo, com ênfase no papel da interação e comunicação.
Harmer, J. (2007). The Practice of English Language Teaching (4ª ed.). Pearson Education.
O texto de Harmer é um guia prático para professores, discutindo vários métodos de ensino de inglês, incluindo a instrução de gramática por meio da comunicação e a importância de usar a língua-alvo no ensino.
Swan, M. (2005). Practical English Usage (3ª ed.). Oxford University Press.
Embora este livro seja principalmente um guia de referência para os alunos, ele também fornece insights sobre como a gramática pode ser ensinada de forma acessível e comunicativa, utilizando exemplos da vida real.
Ellis, R. (2006). The Study of Second Language Acquisition. Oxford University Press.
Ellis explora teorias da aquisição de linguagem, incluindo como a gramática é adquirida por meio da prática comunicativa e o papel da interação oral no aprendizado de línguas.