A formação do presente do subjuntivo

Vamos, neste texto, auxiliar quem tenha dúvidas na formação do presente do subjuntivo. Antes, porém, alertemos para a distinção entre o presente do indicativo e o presente do subjuntivo.

O presente do indicativo traduz fatos certos, reais, enquanto o presente do subjuntivo apresenta o fato como hipotético, duvidoso.

Se eu digo algo como “Na aula de amanhã, quero apenas alunos que têm dúvidas sobre o que ensinei hoje”, ao empregar a forma “têm”, estou tratando a existência de alunos com dúvidas como algo certo, pelo menos para mim. É possível, lógico, que a realidade desminta isso, e não apareça ninguém na aula.

Por outro lado, se construo a frase com o presente do subjuntivo – alunos que tenham dúvidas –, é porque estou imaginando a possibilidade de que haja alunos que não tenham compreendido integralmente a aula... Simples, não? Reforcemos. Indicativo implica certeza; subjuntivo, dúvida, hipótese, possibilidade.

Sendo assim, vamos à formação do presente do subjuntivo. Se conhecermos a primeira pessoa do singular do presente do indicativo de um verbo, faremos com facilidade o seu presente do subjuntivo. Como assim?

Se o verbo for da primeira conjugação, troca-se a terminação -o por -e; se o verbo for da segunda ou terceira conjugação, troca-se o -o por -a. Vejam a sequência:

presente do indicativo – ando; ande (presente do subjuntivo) → primeira conjugação;

presente do indicativo – vendo; venda (presente do subjuntivo) → segunda conjugação;

presente do indicativo – parto; parta (presente do subjuntivo) → terceira conjugação

O processo funciona para todos os verbos do idioma, com exceção dos seguintes:

dar – dou – dê

estar – estou – esteja

haver – hei – haja

ir – vou – vá

saber – sei – saiba

ser – sou – seja

querer – quero – queira

Assim, escreveremos, acertadamente:

É possível que amanhã eu não queira o que quero hoje.

É possível que amanhã eu não saiba o que hoje sei.

Um acréscimo... Se descobrimos a primeira pessoa do presente do subjuntivo, as demais pessoais ficam bem simples, também. Basta que acrescentemos as desinências específicas. São elas no presente do subjuntivo: ∅, -s, ∅, -mos, -is, -m.

Assim, descoberta a forma “ande”, teremos as demais: andes, ande, andemos, andeis, andem.

Bem simples, bem prático. Não?

Antes de encerrar, uma palavra sobre os verbos defectivos. Se um verbo não apresenta a primeira pessoa do singular do presente do indicativo, consequentemente ele não vai apresentar todo o presente do subjuntivo, uma vez que este é um tempo derivado.

Se não existe a forma “coloro” (v. colorir), primeira pessoa do singular do presente do indicativo, também não existirá a forma “colora”, primeira pessoa do singular do presente do subjuntivo. Garanto a vocês que o Aurélio eletrônico não consigna essas formas. Mas vejam bem: essa é uma lacuna perfeitamente preenchível, uma vez que o sistema morfológico da língua não a repudia. Essa é a razão por que existem discrepâncias nos manuais quanto ao aconselhamento de certas formas. Esbarramos em subjetividades, que a língua culta vai acolhendo...

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