LÍNGUA PORTUGUESA E SUAS LITERATURAS - III BIMESTRE 2024
Depois do sucesso que foram as produções das nossas Revistas de Língua Portuguesa e suas Literaturas no II Bimestre, vamos, a partir de agora, retomar nossas Atividades com as produções do III Bimestre tendo como ponto de apoio a certeza de que "a repetição é a mãe do aprendizado" (60+sucesso). No entanto, como percebi que alguns estudantes não realizaram suas Ajtividades como deveriam, e que os duetos e trios foram prejudicados por questões de relacionamentos entre os componentes dos grupos, porque alguns componentes não fizeram o que deveriam fazer etc., agora o trabalho será individual. Eu vou fornecer a vocês as folhas com os esquemas das pesquisas pra vocês preencherem e, depois, vamos montar nossas novas Revistas...
Os Objetos de Conhecimento que trabalharemos neste Bimestre são:
I. LEITURA E ANÁLISE DAS CONDIÇÕES
DE PRODUÇÃO DE DIFERENTES
DISCURSOS EM DIVERSOS SUPORTES
E MÍDIAS
II. INTRODUÇÃO AOS NÍVEIS E FUNÇÕES
DE LINGUAGEM
III. LEITURA E ANÁLISE SEMÂNTICO-
DISCUSIVA DE TEXTOS (Lexical, da
Sentença, do Texto)
IV. LEITURA DO GÊNERO TEXTUAL
(Quadra, Charge, Tirinha)
V. LITERATURA E APRECIAÇÃO DE
OBRAS DA LITERATURA DE
INFORMAÇÃO E DO BARROCO
BRASILEIROS
Então, agora, vamos retomar nossos trabalhos. Para isso, primeiramente, vamos realizar nossas Pesquisas.
I. LEITURA E ANÁLISE DAS CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DE DIFERENTES DISCURSOS EM DIVERSOS SUPORTES E MÍDIAS
1.1. CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO DO TEXTO
Autor: Beth Marcuschi,
Instituição: Universidade Federal de Pernambuco-UFPE / Centro de Artes e Comunicação / Departamento de Letras / Centro de Estudos em Educação e Linguagem-CEEL
CONDIÇÕES DE PRODUÇÃO são as características básicas do contexto interlocutivo acionadas pelos sujeitos, de forma consciente ou inconsciente, no decorrer do processo de elaboração do texto oral ou escrito. De forma geral, as condições às quais o produtor de textos precisa atender situam-se num determinado tempo, espaço e cultura, e estão, em primeira instância, relacionadas aos seguintes aspectos: conteúdo temático (assunto tratado no texto), interlocutor visado (sujeito a quem o texto se dirige e que pode ser conhecido ou presumido), objetivo a ser atingido (propósito que motiva a produção), gênero textual próprio da situação de comunicação (regras de jogo, conto, parlenda, debate, publicidade, tirinha etc.), suporte em que o texto vai ser veiculado (jornal mural, jornal da escola, rádio comunitária, revista em quadrinhos, panfleto etc.) e, até mesmo, ao tom a ser dispensado ao texto (formal, informal, engraçado, irônico, carinhoso etc.). É preciso destacar que estas condições não são rígidas. Ao contrário, elas costumam variar bastante nos contextos de produção.
Assim, se a perspectiva é discorrer sobre “A QUALIDADE DA ÁGUA QUE CHEGA ÀS TORNEIRAS DAS CASAS”, por exemplo, o texto daí resultante poderá variar consideravelmente em função do público a que se destina (crianças, autoridades, professores, consumidores em geral, ativistas etc.), do propósito pretendido (denunciar, justificar, informar, elogiar, defender, propor etc.), do gênero textual em que a interação se situa (notícia, reportagem, propaganda, entrevista, unidade didática etc.), do veículo ou evento em que o texto será divulgado (televisão, redes sociais, mídias alternativas, jornal, revista, rádio, livro didático etc.), dentre outras possibilidades. Por sua vez, se o propósito da produção for o de “CONVIDAR OS PAIS DOS ALUNOS PARA UMA REUNIÃO NA ESCOLA”, o leque de escolhas diminuirá de maneira considerável, ou, dito de outra forma, as condições de produção serão mais impositivas. Possivelmente, o convite será elaborado por escrito e informações como data, horário, local e razões do encontro não poderão faltar. Os leitores presumidos serão os responsáveis pelas crianças e o tom ficará bastante próximo ao formal/respeitoso.
No espaço pedagógico, é relevante, pois, considerar que as condições de produção de texto variam de maneira expressiva na sociedade. Por isso mesmo, em se tratando da Educação Infantil e do Ensino Fundamental, é importante orientar os alunos de modo cuidadoso quanto aos aspectos distintos que devem ser levados em conta na escrita de um bilhete ou de uma fábula; no relato de uma brincadeira ou na contação de uma história, para citar apenas alguns exemplos. Um trabalho conduzido nesta perspectiva contribuirá muito para a formação de produtores de texto proficientes e capazes de atuar com eficácia nos mais diversos espaços sociais.
Verbetes associados: Esferas ou campos de atividade humana, Gêneros do discurso, Gêneros e tipos textuais, Situação comunicativa, Suportes da escrita, Texto, Produção de textos
Referências bibliográficas:
DOLZ, J.; GAGNON, R.; DECÂNDIO, F. Produção escrita e dificuldades de aprendizagem. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2010.
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.
ROCHA, G.; COSTA VAL, M. G. (Orgs.). Reflexões sobre práticas escolares de produção de texto: o sujeito-autor. Belo Horizonte: Autêntica/ CEALE/ FAE/ UFMG, 2003.
SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. e colaboradores. Gêneros orais e escritos na escola. Trad. e org.: ROJO, R. e CORDEIRO, G. S. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004.
1.2. DISCURSO
Discurso é toda situação que envolve a comunicação dentro de um determinado contexto e diz respeito a quem fala, para quem se fala e sobre o que se fala.
Quanto à fala, na narração pode vir de três formas: discurso direto, discurso indireto e discurso indireto livre.
Publicado por Sabrina Vilarinho
1.3. TEXTO E DISCURSO
Texto e discurso... Ao nos depararmos com tais elementos, sentimo-nos questionados se realmente existem diferenças que os distinguem, ou se eles se completam entre si ao longo da mensagem retratada. Por isso, caro(a) usuário(a), reservamos esse precioso tempo para travarmos essa importante discussão, de modo a deixá-lo(a) a par de todas essas elucidações aqui reveladas.
Nesse sentido, ao analisarmos acerca da palavra texto, algumas noções ligadas à representatividade parecem emergir, o que nos faz pensar que uma imagem não verbal, mas que no fundo transmite uma mensagem, caracteriza-se como um texto, a história em quadrinhos, na qual se fundem linguagem verbal e não verbal, também se enquadra em tal categoria, enfim, o texto, por menor que seja a estrutura em que ele se apresente, tal como ocorre em “Silêncio!”, “Siga!”, “Pare!”, não deixa de assim o ser, haja vista que se trata de uma unidade linguística dotada de sentido completo em um determinado contexto. Tal completude se aplica ao fato de a mensagem produzida cumprir a finalidade enunciativa que o emissor se dispôs ao estar fazendo parte de uma situação comunicativa. Pois bem, digamos que se trata de uma concepção plausível. Entretanto, é preciso levar em conta que o emissor, ao produzir um texto, partiu de uma intenção, como é o que ocorre com a mensagem demarcada na crônica humorística de Luís Fernando Veríssimo, que segue abaixo:
PAI NÃO ENTENDE NADA
- Um biquíni novo?
- É, pai.
-Você comprou um ano passado!
- Não serve mais, pai. Eu cresci.
- Como não serve? No ano passado você tinha 14 anos, este ano tem 15. Não cresceu tanto assim.
- Não serve, pai.
- Está bem, está bem. Toma o dinheiro.
Compra um biquíni maior.
- Maior não, pai. Menor.
Aquele pai, também, não entendia nada.
Inferimos que por meio do humor, Veríssimo quis apontar acerca dos posicionamentos assumidos pelos adolescentes vivendo o auge de sua idade, que, desejando se expor, exibindo o corpo, de certa forma se veem na necessidade, até mesmo, quem sabe, de se autoafirmarem.
Outras vezes, as muitas intenções aparecem sobrecarregadas de uma carga ideológica bastante significativa que, por sua vez, pode não estar tão explícita, mas embutida por meio das entrelinhas. Como exemplo disso, resolvemos nos subsidiar em uma charge, assim expressa:
Charge de Sinfrônio de Souza Lima Neto – chargista do jornal “Diário do Nordeste”
Constatamos uma nítida crítica por parte do autor ao criar o personagem, representado por uma criança que encontra uma bala perdida e mal sabe do que se trata, considerando-a como se fosse um objeto qualquer. Por isso, ele é alertado pela mãe acerca das reais evidências do objeto. Nesse caso, a autoria aborda com toda propriedade a violência que acomete a sociedade atualmente.
Dessa forma, cabe afirmar que, nós, enquanto interlocutores, temos de estar aptos para desvendar tudo isso que se encontra por trás das entrelinhas, fato que somente se torna possível se dispormos do chamado conhecimento de mundo, ou seja, conhecimento de toda a situação que se encontra à nossa volta. Por exemplo, em uma charge, demarcada geralmente por uma crítica a um fato social específico, se não entendermos acerca do mundo que nos rodeia, impossível será entender a mensagem, ou seja, o discurso que ora nos apresenta.
Diante dessas elucidações, equivale dizer que discurso é isso, ou seja, revela um posicionamento por parte de quem escreve um determinado texto, por isso respondemos à questão indicada no início dessa discussão: o texto e o discurso são elementos que se completam entre si.
Publicado por Vânia Maria do Nascimento Duarte
1.4. SUPORTE DE GÊNERO
Entendemos como suporte de um gênero um locus físico ou virtual com formato específico que serve de base ou ambiente de fixação do gênero materializado como texto. Numa definição sumária, pode-se dizer que suporte de um gênero é uma superfície física em formato específico que suporta, fixa e mostra um texto.
Os suportes convencionais foram elaborados tendo em vista a sua função de portarem ou fixarem textos: jornais, livros, revistas, folders, faixas, outdoors, quadro de avisos; orais: rádio, televisão, telefone...
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1.5. MÍDIA
Mídia consiste no conjunto dos diversos meios de comunicação, com a finalidade de transmitir informações e conteúdos variados. O universo midiático abrange uma série de diferentes plataformas que agem como meios para disseminar as informações, como os jornais, revistas, a televisão, o rádio e a internet.
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II. NÍVEIS E FUNÇÕES DE LINGUAGEM - INTRODUÇÃO
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2.1. NÍVEIS DE LINGUAGEM
O que são níveis de linguagem?
Os níveis de linguagem, ou níveis de fala, são os registros da linguagem utilizados pelos falantes, os quais são determinados por vários fatores de influência.
A situação ou o local em que estamos, a escolarização que temos, as pessoas com quem estamos falando em um determinado momento são elementos que influenciam os falantes.
Por exemplo, um juiz não falará em tribunal tal como fala num jantar com família e amigos.
Os principais níveis de linguagem são: linguagem culta e linguagem coloquial.
Linguagem culta: mais regras
A linguagem culta ou formal é aquela em que as pessoas falam de acordo com as regras gramaticais. Também chamada de norma padrão, nela se escolhe com mais cuidado o vocabulário utilizado na comunicação.
É a linguagem usada na escrita e que aprendemos na escola.
Não precisamos ir muito longe para entender o conceito. Basta não concordarmos sujeito com verbo e já temos aí uma transgressão gramatical, por exemplo: “A gente avisamos para ele se afastar.”.
Frases em linguagem culta
• Considero viável começar por este projeto.
• Estava muito abatido hoje.
• Poderia falar com o departamento de compras, por favor?
• Tenho comigo o resultado dos exames.
• Agradeço que conversem mais baixo.
Linguagem coloquial: menos regras
A linguagem coloquial ou informal é aquela em que os falantes expressam-se de forma mais descontraída e em que há uma preocupação menor com as regras e com as palavras do discurso.
A linguagem informal não é incorreta, motivo pelo qual ela não pode ser caracterizada como inculta, afinal, qualquer pessoa a usa num ambiente descontraído.
No entanto, a descontração pode dar abertura a algumas transgressões gramaticais, de onde podem surgir as variantes linguísticas e, em alguns casos, até pode surgir a linguagem vulgar.
Frases em linguagem coloquial
• Acho que a gente tem que começar por aqui.
• Tava super derrubado hoje.
• Alô, posso falar com a Ana?
• Olha o resultado dos exames que você pediu.
• Cala a boca.
O que são variantes linguísticas?
Variantes linguísticas são as mudanças que a língua sofre em função do tempo (como português medieval e atual), da região onde a língua é falada (nordeste e sul do Brasil), das situações formais ou informais (gírias).
Assim, existem diferentes tipos de variações linguísticas, tal como regionalismos e gírias.
Regionalismos
Os regionalismos consistem em vocabulário e formas de expressão que são influenciadas pelo local onde a língua é falada, como podemos notar nas diferenças da língua portuguesa entre os falantes das regiões brasileiras.
Por exemplo: "Não se avexe." e "Não precisa ficar sem graça.", ambos com o mesmo significado (não ter vergonha), são as formas utilizadas no nordeste e no sul do Brasil.
Gírias
As gírias consistem em palavras ou frases utilizadas em ambientes informais, e que surgem entre grupos (jovens, surfistas, adolescentes, policiais).
Por exemplo, a palavra “date” em inglês, que significa “encontro” passou a ser utilizada pelos jovens na língua portuguesa como uma gíria: “Tenho um date hoje.”.
2.2. FUNÇÕES DE LINGUAGEM
Funções da linguagem: quais são os 6 tipos (com explicação e exemplos)
As funções da linguagem são formas de utilização da linguagem segundo a intenção do falante.
Elas são classificadas em seis tipos: função referencial, função emotiva, função poética, função fática, função conativa e função metalinguística.
Cada uma desempenha um papel relacionado com os elementos presentes na comunicação: emissor, receptor, mensagem, código, canal e contexto. Assim, elas determinam o objetivo dos atos comunicativos.
Embora haja uma função que predomine, vários tipos de linguagem podem estar presentes num mesmo texto.
1. Função referencial ou denotativa (informar)
Também chamada de função informativa, a função referencial tem como objetivo principal informar, referenciar algo.
Voltada para o contexto da comunicação, esse tipo de texto é escrito na terceira pessoa (singular ou plural) enfatizando seu caráter impessoal.
Como exemplos de linguagem referencial podemos citar os materiais didáticos, textos jornalísticos e científicos. Todos eles, por meio de uma linguagem denotativa, informam a respeito de algo, sem envolver aspectos subjetivos ou emotivos à linguagem.
Exemplo de função referencial
Na passada terça-feira, dia 22 de setembro de 2015, o real teve a maior desvalorização da sua história. Nesse dia foi preciso desembolsar R$ 4,0538 para comprar um dólar. Recorde-se que o Real foi lançado há mais de 20 anos, mais precisamente em julho de 1994.
2. Função emotiva ou expressiva (transmitir emoções)
Também chamada de função expressiva, na função emotiva o emissor tem como objetivo principal transmitir suas emoções, sentimentos e subjetividades por meio da própria opinião.
Esse tipo de texto, escrito em primeira pessoa, está voltado para o emissor, uma vez que possui um caráter pessoal.
Como exemplos podemos destacar: os textos poéticos, as cartas, os diários. Todos eles são marcados pelo uso de sinais de pontuação, por exemplo, reticências, ponto de exclamação, etc.
Exemplo de função emotiva
Meus amores, tenho tantas saudades de vocês … Mas não se preocupem, em breve a mamãe chega e vamos aproveitar o tempo perdido bem juntinhos. Sim, consegui adiantar a viagem em uma semana!!! Isso quer dizer que tenho muito trabalho hoje e amanhã.... Quando chegar, quero encontrar essa casa em ordem, combinado?!?
3. Função poética (forma de transmitir a mensagem)
A função poética é característica das obras literárias que possui como marca a utilização do sentido conotativo das palavras.
Nessa função, o emissor preocupa-se na maneira como a mensagem será transmitida por meio da escolha das palavras, das expressões, das figuras de linguagem. Por isso, aqui o principal elemento comunicativo é a mensagem.
Note que esse tipo de função não pertence somente aos textos literários. Também encontramos a função poética na publicidade ou nas expressões cotidianas em que há o uso frequente de metáforas (provérbios, anedotas, trocadilhos, músicas).
Exemplo de função poética
Apesar de não ter frequentado a escola, dizia que a avó era um poço de sabedoria. Falava de tudo e sobre tudo e tinha sempre um provérbio debaixo da manga.
4. Função fática (estabelecer comunicação)
A função fática tem como objetivo estabelecer ou interromper a comunicação de modo que o mais importante é a relação entre o emissor e o receptor da mensagem. Aqui, o foco reside no canal de comunicação.
Esse tipo de função é muito utilizada nos diálogos, por exemplo, nas expressões de cumprimento, saudações, discursos ao telefone, etc.
Exemplo de função fática
— Consultório do Dr. João, bom dia!
— Bom dia! Precisava marcar uma consulta para o próximo mês, se possível.
— Hum, o Dr. tem vagas apenas para a segunda semana. Entre os dias 7 e 11, qual a sua preferência?
— Dia 8 está ótimo.
5. Função conativa ou apelativa (convencer)
Também chamada de apelativa, a função conativa é caracterizada por uma linguagem persuasiva que tem o intuito de convencer o leitor ou o ouvinte. Por isso, o grande foco é no receptor da mensagem.
Essa função é muito utilizada nas propagandas, publicidades e discursos políticos, de modo a influenciar o receptor por meio da mensagem transmitida.
Esse tipo de texto costuma se apresentar na segunda ou na terceira pessoa com a presença de verbos no imperativo e o uso do vocativo.
Exemplos de função conativa
• Vote em mim!
• Entre. Não vai se arrepender!
• É só até amanhã. Não perca!
6. Função metalinguística (descrever ou explicar a própria linguagem)
A função metalinguística é caracterizada pelo uso da metalinguagem, ou seja, a linguagem que se refere a ela mesma. Dessa forma, o emissor explica um código utilizando o próprio código.
Um texto que descreva sobre a linguagem textual ou um documentário cinematográfico que fala sobre a linguagem do cinema são alguns exemplos.
Nessa categoria, os textos metalinguísticos que merecem destaque são as gramáticas e os dicionários.
Exemplo de função metalinguística
Escrever é uma forma de expressão gráfica. Isto define o que é escrita, bem como exemplifica a função metalinguística.
ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO
A comunicação está associada à linguagem e interação, de forma que representa a transmissão de mensagens entre um emissor e um receptor.
Derivada do latim, o termo comunicação (“communicare”) significa “partilhar, participar de algo, tornar comum”, sendo, portanto, um elemento essencial da interação social humana.
Os elementos que compõem a comunicação são:
• Emissor: chamado também de locutor ou falante, o emissor é aquele que emite a mensagem para um ou mais receptores, por exemplo, uma pessoa, um grupo de indivíduos, uma empresa, dentre outros.
• Receptor: denominado de interlocutor ou ouvinte, o receptor é quem recebe a mensagem emitida pelo emissor.
• Mensagem: é o objeto utilizado na comunicação, de forma que representa o conteúdo, o conjunto de informações transmitidas pelo locutor.
• Código: representa o conjunto de signos que serão utilizados na mensagem.
• Canal de Comunicação: corresponde ao local (meio) onde a mensagem será transmitida, por exemplo, jornal, livro, revista, televisão, telefone, dentre outros.
• Contexto: também chamado de referente, trata-se da situação comunicativa em que estão inseridos o emissor e receptor.
• Ruído na Comunicação: ele ocorre quando a mensagem não é decodificada de forma correta pelo interlocutor, por exemplo, o código utilizado pelo locutor, desconhecido pelo interlocutor; barulho do local; voz baixa; dentre outros.
III. LEITURA E ANÁLISE SEMÂNTICO-DISCUSIVA DE TEXTOS (Lexical, da Sentença, do Texto)
3.1. ANÁLISE SEMÂNTICA
A análise semântica poderá ser feita pela explicação da mensagem e por meio do olhar atento ao texto completo ou através das palavras que estão compondo a oração. Assim, é a parte da linguística que estuda os significados das palavras, das frases, dos símbolos e imagens etc.
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3.2. ANÁLISE DISCURSIVA
A análise de discurso é um campo da linguística que tem como especialização a análise do uso da língua, especificamente a forma como se dão as construções ideológicas em um texto.
Essa ferramenta é comumente usada para analisar ideologias presentes em textos midiáticos.
Para que você compreenda melhor a análise discursiva, é preciso também entender dois conceitos essenciais. São eles: o texto e o discurso.
O texto é a prática social de produzir textos, já o discurso é o resultado da atividade discursiva.
Não entendeu nada? Vamos explicar e você vai entender ainda melhor tudo sobre a análise discursiva!
Na análise discursiva, o discurso é uma construção social, isto é, reflete a visão de mundo do autor. Por isso, deve-se realizar a análise de discurso somente após examinar todo o contexto histórico-social, condições de produção e outras variáveis que podem influenciar a cosmovisão do autor.
Sendo assim, ideologias que o autor apresenta em seu texto são diretamente construídas e influenciadas pelo contexto político-social que o autor vive.É muito importante compreender também os níveis de linguagem. Identificar o nível de linguagem em que o texto foi escrito é fundamental para fazer uma boa análise discursiva.
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3.3. LÉXICO
Léxico é o conjunto de palavras pertencentes a determinada língua. Por exemplo, temos um léxico da língua portuguesa que é o conjunto de todas as palavras que são compreensíveis em nossa língua. Quando essas palavras são materializadas em um texto, oral ou escrito, são chamadas de vocabulário.
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3.4. CAMPO LEXICAL & CAMPO SEMÂNTICO
Campo lexical de TRABALHO: trabalhar, trabalhador, trabalhista, funcionário, patrão, salário, sindicato, profissão, função, carteira de trabalho, profissional, equipe, operário etc. Já o campo semântico trabalha com os sentidos que uma única palavra apresenta quando inserida em contextos diversos.
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3.5. SENTENÇA
Em termos linguísticos, Sentença é o mesmo que Frase. Trata-se de uma unidade mínima de comunicação que produz efeitos de sentidos em um contexto específico. As sentenças podem ser formadas por uma ou por várias palavras, podendo ou não apresentar sujeito ou verbo.
https://www.infoescola.com › sente...
3.6. TEXTO
Um texto é uma manifestação da linguagem. Pode ser definido como tudo aquilo que é dito por um emissor e interpretado por um receptor. Dessa forma, tudo que é interpretável é um texto. Outra forma de conceituação é pensar que tudo aquilo que produz um sentido completo, que seja uma mensagem compreensível, é um texto.
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IV. LEITURA DO GÊNERO TEXTUAL (Quadra, Charge, Tirinha)
4.1. QUADRA
4.1.1. CONCEITO
Quadra é a estrofe que possui quatro versos, e seu arranjo rítmico pode ser do tipo abab ou abba quando se tratar de poesia culta. Na poesia popular, ela é constituída de heptassílabos com uma única rima, do segundo com o quarto verso.
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4.1.2. COMO ESCREVER UM POEMA EM QUADRAS
Já ouviu alguém declamar Rosas são Vermelhas? Se sim, então você já ouviu um poema em quadras. Um poema em quadras é composto por estrofes com quatro versos e um esquema de rimas. Um poema em quadras pode conter qualquer número de quadras desejado. Como bônus, os esquemas de rima podem variar muito, fazendo desses poemas textos particularmente adaptáveis e acessíveis. Comece a criar sua própria quadra ao utilizar esses passos e indicadores.
Passos
1. Escolha um assunto para seu poema. Tópicos abstratos, como a natureza ou as emoções, são os mais inspiradores, mas você pode escrever sobre qualquer coisa que lhe seja verdadeira. Você pode contar uma história, especialmente se o poema for possuir mais de uma estrofe.
2. Escreva um verso para começar. O primeiro verso é a base de seu poema, pois ele não tem rimas ou desenvolvimento. É claro, pode ser difícil começar seu poema logo de início; portanto, se você possui um verso em sua mente que soe bem – mesmo que ele ainda não faça sentido – coloque-o no papel para começar a trabalhar ao redor dele.
3. Escreva um verso ou dois ao redor da linha original para dar contexto a ela. Um esquema de rimas (veja o próximo passo) pode começar a se desenvolver por conta própria enquanto esse primeiro verso evolui para dois ou três.
4. Escolha um esquema de rimas. Se seus fluidos criativos não estiverem fluindo, escolha um esquema de rimas e force-se a trabalhar com ele – tal método pode render algumas soluções interessantes. Porém, caso esteja escrevendo sem parar, pode ser mais fácil trabalhar com o que já foi escrito, encontrar o padrão presente nele e usar essa base para o resto do poema. De qualquer jeito, quadras possuem uma vasta variedade de esquemas de rima. É possível mudá-las de acordo com a evolução de seu poema.
• Os esquemas de rima normalmente são identificados com o uso de letras do alfabeto (ABCD). Para cada vez em que um verso do poema termina em um novo som, a esse som é dado uma letra. Se a última letra do primeiro verso for “fumaça”, por exemplo, ele se torna um “A” – e o mesmo acontece com cada verso que rime com “-aça” (“palhaça”, “faça”, “massa”, etc.). O próximo som único (e todas as suas rimas) seria “B”, depois “C”, e assim por diante.
• Um exemplo de esquema de rimas AABB pode ser encontrado no poema Lágrima, de Guerra Junqueiro:
Manhã de Junho ardente. Uma encosta escavada, A
seca, deserta e nua, à beira de uma estrada, A
Terra ingrata, onde a urze a custo desabrocha, B
bebendo o sol, comendo o pé, mordendo a rocha". B
• Um exemplo de esquema de rimas ABAB pode ser encontrado no poema Ao Coração que Sofre, de Olavo Bilac:
Ao coração que sofre, separado A
Do teu, no exílio em que a chorar me vejo, B
Não basta o afeto simples e sagrado A
Com que das desventuras me protejo B
• Outros esquemas de rima podem ser facilmente estabelecidos em uma quadra, como AAAA, AABA, ABBA, ABBB e AAAB.
• Um exemplo de esquema de rimas ABCD (onde nenhum dos quatro versos rima com os outros, mas sim com as linhas da próxima quadra) podem ser encontrado nas primeiras duas estrofes de John Allan Wyeth Souilly: Hospital:
Febre, e pessoas – luz atingindo os olhos agora –A
Homens esperando em um longo corredor B
silenciosas faces caladas, brancas e pálidas C
Sequências de esteiras atiradas ao chão. D
Meu elmo cai – uma cabeça se ergue e chora. A
olhos esbugalhados que choram de dor B
O fedor humano exala de figuras esquálidas, C
uma tropa Alemã arrebenta o portão. D
• Se você possuir mais de uma quadra, misture esquemas de rima para criar um trabalho mais interessante. Um poema que contenha AABA, BBCB e CCDC, por exemplo, seria mais desafiador – e menos entediante para o leitor. Mesmo se o primeiro B e C permanecerem sozinhos por um tempo, será possível repeti-los em outras quadras. Um D solitário pode quebrar o padrão e serve para lembrá-lo de que não é preciso rimar o tempo inteiro.
5. Dê corpo a, pelo menos, uma quadra de seu poema. Use um dicionário de rimas ou de sinônimos para obter ajuda caso tenha problemas. Lembre-se, nem sempre você conseguirá dizer o que quer caso vá se dedicar a um esquema conciso de rimas. Ainda assim, é sempre possível mudar o esquema para obter alguma vantagem.
• Pense numa lista de palavras que rimam com a última do verso que você acabou de escrever. Lembre-se de procurar por aquelas que se relacionem ao assunto.
• Utilize as palavras que foram pensadas para que elas se tornem uma quadra completa. Para iniciantes, experimentem criar versos de extensões semelhantes.
6. Leia sua quadra em voz alta para checar se ela flui naturalmente. Neste ponto, você pode querer mudar a quantidade de sílabas de cada verso ou talvez deseje selecionar diferentes palavras para obter a melhor quadra possível. Outro bom jeito de localizar erros é entregar o trabalho a um amigo para que ele o cheque.
• Uma ótima maneira de dar profundidade a um poema é incluir uma reviravolta – um verso que comece com palavras como “mas” ou “porém”, e que deem um tom vastamente diferente para o resto do poema. Assim, é possível adicionar novos elementos (Ex.: um dilema, uma questão, uma solução, ou qualquer coisa que o leitor não tenha antecipado até este ponto).
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4.1.3. EXEMPLOS:
QUADRAS AO GOSTO POPULAR
Eu tenho um colar de pérolas
Enfiado para te dar:
Enfiado para te dar:
O fio é o meu penar.
Quadra 2 (27/8/1907)
A caixa que não tem tampa
Fica sempre destapada.
Dá-me um sorriso dos teus
Porque não quero mais nada.
Quadra 9 (11/7/1934)
No baile em que dançam todos
Alguém fica sem dançar.
Melhor é não ir ao baile
Do que estar lá sem lá estar.
Quadra 17 (4/8/1934)
Vale a pena ser discreto?
Não sei bem se vale a pena.
O melhor é estar quieto
E ter a cara serena.
Quadra 18 (18/8/1934 – data provável)
Não digas mal de ninguém,
Que é de ti que dizes mal.
Quando dizes mal de alguém
Tudo no mundo é igual.
Quadra 62 (11/9/1934)
Fernando Pessoa. Obra poética VI.
Porto Alegre: L&PM, 2008.
4.1.4. TRABALHO PRÁTICO
Como Atividade Prática, cada um de vocês vai criar uma QUADRA que aborde a temática do NATAL. Se tiverem dificuldade para iniciar, sugira um primeiro verso. Veja alguns exemplos:
• Essa noite tive um sonho…
• Você diz que sabe tudo…
• Menina dos olhos tristes…
• Atirei um cravo n’água…
• Você vive reclamando…
• Que passeio divertido…
• Um jardim cheio de flores…
• Uma máquina moderna…
• Meu medo de tempestade…
• Na curva daquele rio…
Enquanto produzem as QUADRAS, eles também produzirão tarjetas de cartolina, que servirão de suporte para os poemas, e envelopes, nos quais cada tarjeta contendo uma QUADRA será colocada posteriormente.
Assim que terminarem, depois de revisadas, elas deverão ser passadas a limpo de um modo bem criativo nas tarjetas. Aí, elas serão lidas na turma e, em seguida, colocadas nos envelopes para serem entregues aos idosos da cidade em dezembro, antes do Natal.
4.2. CHARGE
4.2.1. CONCEITO
A charge é classificada como um texto que apresenta elementos verbais e não verbais e que tem como intuito fazer uma crítica sobre determinado acontecimento do nosso cotidiano. Por ser um texto do campo jornalístico, ela pode ser encontrada com frequência em jornais, revistas e mídias digitais.
4.2.2. EXEMPLOS:
4.2.3. TRABALHO PRÁTICO
Produza uma CHARGE em homenagem a um de seus Professores.
4.3. TIRINHA
4.3.1. CONCEITO
A tirinha é uma sequência de quadrinhos que geralmente faz uma crítica aos valores sociais. Este tipo de texto humorístico é publicado com regularidade. Pode-se dizer que são como as histórias em quadrinhos (HQ's), porém bem mais curtas.
4.3.2. EXEMPLO:
4.3.3. TRABALHO PRÁTICO
Produza uma TIRINHA sobre o nosso cotidiano de Sala de Aula.
V. LITERATURA E APRECIAÇÃO DE OBRAS DA LITERATURA DE INFORMAÇÃO E DO BARROCO BRASILEIROS
5.1. LITERATURA DE INFORMAÇÃO
5.1.1. CONCEITO
A LITERATURA DE INFORMAÇÃO corresponde aos textos de viagens escritos por viajantes e missionários europeus sobre o Brasil. Recebem esse nome, pois são informativos.
Vale ressaltar que esses textos históricos e literários foram essenciais para fundar a LITERATURA BRASILEIRA. Eles fazem parte do primeiro movimento literário do Brasil: o QUINHENTISMO (1500-1601).
5.1.2. COMO SURGIU A LITERATURA DE INFORMAÇÃO
Durante o período das grandes navegações, Portugal, grande potência marítima europeia do século XVI e XVII, colonizou as terras brasileiras.
As expedições portuguesas que aportaram no Brasil em 1500 eram compostas também de escrivães, aqueles designados para relatarem as impressões das terras encontradas.
Por esse motivo, a literatura de informação, ou as crônicas dos viajantes, eram textos compostos por muitas descrições e adjetivos relacionados às terras encontradas.
Além de indicar características sobre a paisagem do local, os escrivães descreviam os povos que aqui estavam, como costumes, rituais e estrutura social.
Nesse momento, surgem os primeiros relatos sobre o Brasil, já que os indígenas que aqui viviam formavam sociedades baseadas na linguagem oral, em detrimento da linguagem escrita.
Dessa maneira, escrito em Porto Seguro, Bahia, no dia 1.º de maio de 1500, a Carta de Pero Vaz de Caminha, ou Carta a el- Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil representa o marco inicial da literatura brasileira. Assim, trata-se do primeiro documento escrito em território brasileiro.
5.1.3. PRINCIPAIS AUTORES E TEXTOS
Além de Pero Vaz de Caminha, outros representantes que se destacam na Literatura de Informação foram:
• Pero Lopes de Souza e sua obra Diário de Navegação (1530);
• Pero de Magalhães Gândavo e sua obra Tratado da Província do Brasil e História da Província de Santa Cruz, a que Vulgarmente Chamamos Brasil (1576);
• Fernão Cardim e sua obra Narrativa Epistolar e Tratado da Terra e da Gente do Brasil (1583);
• Gabriel Soares de Souza e sua obra Tratado Descritivo do Brasil (1587).
5.1.4. OBRA
CARTA DE PERO VAZ DE CAMINHA
Abaixo, leremos alguns trechos dessa Carta que descrevem aspectos da sociedade indígena.
A
Trecho 1:
"Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma."
Trecho 2:
"Todos andam rapados até por cima das orelhas; assim mesmo de sobrancelhas e pestanas. Trazem todos as testas, de fonte a fonte, tintas de tintura preta, que parece uma fita preta da largura de dois dedos."
Trecho 3:
"Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali.
Mostraram-lhes um carneiro; não fizeram caso dele.
Mostraram-lhes uma galinha; quase tiveram medo dela, e não lhe queriam pôr a mão. Depois lhe pegaram, mas como espantados.
Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora.
Trouxeram-lhes vinho em uma taça; mal lhe puseram a boca; não gostaram dele nada, nem quiseram mais.
Trouxeram-lhes água em uma albarrada, provaram cada um o seu bochecho, mas não beberam; apenas lavaram as bocas e lançaram-na fora."
5.2. LITERATURA DE CATEQUESE
5.2.1. CONCEITO
Além da LITERATURA DE INFORMAÇÃO, o Movimento Quinhentista é formado pela LITERATURA DE CATEQUESE, escrita pelos jesuítas.
A LITERATURA DE CATEQUESE, também chamada de LITERATURA DOS JESUÍTAS, representou uma categoria de textos elaborados durante o movimento literário quinhentista.
Essa categoria literária de caráter religioso, foi considerada uma das primeiras manifestações literárias no Brasil, explorada sobretudo, pelos jesuítas.
Eles eram membros religiosos da “Companhia de Jesus” enviados durante o período colonial com o intuito principal de catequizar os índios.
A ideia central era obter mais fiéis para a igreja católica, uma vez que na Europa vinha sofrendo cada vez mais com a Reforma Protestante (1517).
Embora se aproximassem da Literatura de Informação, que representavam textos sobre as características das novas terras descobertas pelos portugueses, a Literatura de Catequese foi escrita exclusivamente pelos jesuítas.
Eles eram encarregados de apresentar aos índios, o que os portugueses consideravam como o “certo”, sobretudo sobre aspectos da religião cristã.
Essa produção literária tinha o objetivo de informar aos nobres portugueses e ao Rei sobre a nova terra. Isso incluía não somente as descrições do local, mas dos sujeitos como aparência, estrutura social, rituais, etc.
Mais tarde adquiriram um cunho pedagógico e educacional. Vale destacar que além do trabalho de catequese realizado entre os índios, os jesuítas promoveram a educação no país, de forma que fundaram os primeiros colégios no Brasil.
5.2.2. CARACTERÍSTICAS
As principais caraterísticas da literatura de catequese são:
• Literatura de caráter documental e religioso;
• Crônicas históricas, de viagens, teatro pedagógico e poesia didática;
• Textos informativos e descritivos;
• Linguagem simples;
• Temas cotidianos e religiosos pautados na fundamentação religiosa cristã.
5.2.3. PRINCIPAIS AUTORES
Os principais jesuítas que se dedicaram a Literatura de Catequese foram:
JOSÉ DE ANCHIETA (1534-1597)
José de Anchieta foi o precursor do teatro no Brasil e a figura principal da literatura de catequese.
Foi um padre jesuíta espanhol que escreveu cartas, sermões, poemas e peças teatrais sobre o Brasil. De sua obra merecem destaque:
• Arte de Gramática da Língua mais Usada na Costa do Brasil;
• Poema à Virgem; A Cartilha dos Nativos (Gramática Tupi-Guarani);
• Auto da festa de São Lourenço (peça teatral).
MANUEL DA NÓBREGA (1517-1570)
Jesuíta e missionário português, Padre Manuel da Nóbrega chegou ao Brasil em 1549. De suas obras, destacam-se:
• Diálogo Sobre a Conversão do Gentio;
• Caso de Consciência Sobre a Liberdade dos Índios;
• Informação das Coisas da Terra e Necessidade que há para Bem Proceder Nela;
• Cartas do Brasil;
• Tratado Contra a Antropofagia e contra os Cristãos Seculares e Eclesiásticos que a Fomentam e a Consentem.
FERNÃO CARDIN (1549-1625)
Jesuíta português e membro da Companhia de Jesus (Ordem dos Jesuítas) a partir de 1566, foi enviado como missionário para o Brasil em 1583.
De sua literatura jesuítica destacam-se as obras:
• Do Clima e da Terra do Brasil;
• Do Princípio e Origem dos Índios do Brasil;
• Narrativa Epistolar de Uma Viagem e Missão Jesuítica.
5.2.4. OBRA
Para exemplificar, segue abaixo um exemplo da literatura de catequese, um trecho do poema do Padre José Anchieta:
POEMA DA VIRGEM
“Por que ao profundo sono, alma, tu te abandonas,
e em pesado dormir, tão fundo assim ressonas?
Não te move a aflição dessa mãe toda em pranto,
que a morte tão cruel do filho chora tanto?
O seio que de dor amargado esmorece,
ao ver, ali presente, as chagas que padece?
Onde a vista pousar, tudo o que é de Jesus,
ocorre ao teu olhar vertendo sangue a flux.
Olha como, prostrado ante a face do Pai,
todo o sangue em suor do corpo se lhe esvai.
Olha como a ladrão essas bárbaras hordas
pisam-no e lhe retêm o colo e mãos com cordas.
Olha, perante Anás, como duro soldado
o esbofeteia mau, com punho bem cerrado.”
5.3. LITERATURA BARROCA
5.3.1. CONCEITO
A poesia barroca é aquela que foi desenvolvida durante o período do Barroco. O Barroco, ou Seiscentismo, foi um movimento artístico e literário que teve início no século XV durante o Renascimento europeu.
No Brasil, o Barroco teve início no século XVI e foi introduzido pelos jesuítas. Tem como principal expoente o poeta Gregório de Matos, que ficou conhecido como “Boca do Inferno”. Isso porque ele escreveu muitas poesias satíricas, onde ironizava diversos aspectos da sociedade. Além das satíricas, Gregório produziu poesias líricas, religiosas e eróticas.
Em Portugal, o maior o escritor e orador foi Padre Antônio Vieira, que não se destacou pelos seus poemas, mas pelas cartas e sermões considerados verdadeiras obras de arte. Durante o período de colonização do Brasil, ele ficou encarregado de catequizar os índios.
5.3.2. CARACTERÍSTICAS
• Dualidade, contradição e complexidade;
• Obscurantismo e sensualismo;
• Temas religiosos e profanos;
• Preciosismo vocabular;
• Valorização dos detalhes;
• Linguagem rebuscada, dramática e exagerada;
• Uso de figuras de linguagem: antítese, paradoxo, hipérbole e metáforas;
• Cultismo ou Gongorismo (jogo de palavras);
• Conceptismo ou Quevedismo (jogo de ideias).
5.3.3. PRINCIPAIS AUTORES
No Brasil, o marco inicial do BARROCO literário foi a publicação da obra Prosopopeia (1601), de Bento Teixeira.
Os principais escritores do BARROCO BRASILEIRO foram:
• Bento Teixeira (1561-1618)
• Gregório de Matos (1633-1696)
• Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711)
• Frei Vicente de Salvador (1564-1636)
• Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768)
O BARROCO em Portugal teve como marco inicial o ano da morte do escritor Luís de Camões, em 1580.
Os principais escritores do BARROCO PORTUGUÊS foram:
• Padre Antônio Vieira (1608-1697)
• Padre Manuel Bernardes (1644-1710)
• Francisco Manuel de Melo (1608-1666)
• Francisco Rodrigues Lobo (1580-1621)
• Soror Mariana Alcoforado (1640-1723)
5.3.4. OBRAS
Para compreender melhor a linguagem e o conteúdo da POESIA BARROCA, seguem abaixo alguns Poemas do BARROCO no Brasil e em Portugal.
POESIA BARROCA BRASILEIRA
Poema de Bento Teixeira:
“A Lâmpada do Sol tinha encuberto,
Ao Mundo, sua luz serena e pura,
E a irmã dos três nomes descuberto
A sua tersa e circular figura.
Lá do portal de Dite, sempre aberto,
Tinha chegado, com a noite escura,
Morfeu, que com subtis e lentos passos
Atar vem dos mortais os membros lassos.”
Poema de Gregório de Matos:
O todo sem a parte não é todo,
A parte sem o todo não é parte,
Mas se a parte o faz todo, sendo parte,
Não se diga, que é parte, sendo todo.
Em todo o sacramento está Deus todo,
E todo assiste inteiro em qualquer parte,
E feito em partes todo em toda a parte,
Em qualquer parte sempre fica o todo.
O braço de Jesus não seja parte,
Pois que feito Jesus em partes todo,
Assiste cada parte em sua parte.
Não se sabendo parte deste todo,
Um braço, que lhe acharam, sendo parte,
Nos disse as partes todas deste todo.
POESIA BARROCA PORTUGUESA
Poema do Padre Antônio Vieira:
Sobe Bernardo da eternidade ao mapa,
deixa do velho Adão a mortal cepa,
pelo lenho da Cruz ao Empíreo trepa,
começando em Belém na pobre lapa.
Mais que rei pode ser e mais que papa
quem de seu coração vícios decepa,
que a grenha de Sansão tudo é carepa
e a gadanha da morte tudo rapa!
A flor da vida é cor de tulipa,
também dos secos anos é garlopa,
que corta como ao mar corta a chalupa.
Nem há mister que o fosso corte a tripa,
se na parte vital já tudo topa.
É ape!, epa!, ipa!, opa!, upa!
Poema de Francisco Manuel de Melo:
Eis aqui mil caminhos: Porventura
Qual destes leva a gente ao povoado?
Todos vão sós: só este vai trilhado;
Mas se, por ser trilhado, me assegura?
Não: que desd'o princípio há que lhe dura
Do erro este costume, ao mundo dado;
Ser aquele caminho mais errado,
O que é de mais passage e fermosura.
Em fim não passarei, temendo a sorte?
Também, tanto temor é desconcerto:
A quem passar avante, assi lhe importe.
Que farei logo, incerto em mundo incerto? -
Buscar nos Céus o verdadeiro Norte,
Pois na terra não há caminho certo.