A - E - I - O - U

Certa vez, perguntei aos meus alunos do Ensino Médio:

— O que são vogais?

Quase todos, com aquela carinha de "tá de brincadeira, né professor?", responderam:

— A - E - I - O - U !

— Ok pessoal, parabéns, mas não perguntei "quais são", e sim, o que são!

Alguma vez já se questionaram o porquê de apenas essas cinco letrinhas terem esse nome? Ou por que só elas pertencem a esse restrito grupo? O que significa uma "vogal" para vocês? É isso que estou perguntando, quem pode me apresentar o conceito?

Profundo silêncio na sala, dava para ouvir o barulho de uma folha caindo ao chão... (até o Tik-Tok do celular parou).

Fiz uma breve brincadeira com eles.

— Ok, façamos o seguinte, vou escrever o nome de alguns de vocês aqui na lousa, retiraremos as suas vogais e veremos o que acontecerá... A primeira aluna da fila chamava-se Fernanda.

Escrevi: "Frnnd"

— Fê, tente falar o seu nome agora!

Após alguns instantes fazendo uns movimentos estranhos com os lábios e com os dentes presos, sorridente, respondeu:

— Porf., minha língua está travando... Só consigo "resmungar".

Peguei outros nomes na sala, casos bem parecidos continuaram a acontecer... (até mais engraçados).

— Ok pessoal, percebem o que está acontecendo?

Essas cinco "letrinhas mágicas" recebem esse nome "vogal" porque são as únicas responsáveis, pela produção do SOM, ou seja, pela "sonoridade" da nossa fala.

Vogal = Vocal = Voz... (ou seja, sonoridade pura)

As consoantes não produzem som algum, por isso têm esse nome (com som / com soar), ou seja, elas dependem de algo para produzir algum som... Numa consoante isolada, só é possível produzir som (fonema) porque existe a "sonoridade" de uma vogal ou mais agregada a ela. Por essa razão, a regra básica de separação de silábica no português é exigir a presença de uma vogal (ou mais) na sílaba.

Exemplo: Peguemos uma consoante qualquer, "J" por exemplo, falamos "jota", mas só é possível falar "jota" porque há o som do (o) e do (a) que são vogais agregadas ao nome da letra, tire essas duas e tente falar! O mesmo acontece com as outras consoantes: T = t(ê), H = (a)g(a)... Perceba que, definitivamente, são as vogais que "produzem" o som da própria consoante e não a consoante em si... Bem mais difícil fica quando juntamos consoantes e tentamos formar sílabas:

Ex: Jonatha >> Jnth... (travou aí, meu filho?)

Claro, temos os dígrafos (uma combinação de consoantes que até produz fonemas), mas sempre são "resmungos ou chiados". Algumas línguas usam poucas vogais em suas palavras, eis o porquê vemos russos e alemães "resmungando" ao falar; isso ocorre porque quanto menos vogal houver em uma palavra, mais "resmungante" ou "chiada" nos parecerá a fala (uma típica característica de países mais frios).

As línguas latinas são consideradas mais "calientes" e "melódicas", justamente, pelo fato de haver uma constante presença de "vogais" nas palavras. O Inglês moderno também sofre um pouco dessa influência (melódica), até porque, apesar de ser uma língua anglo-saxã, há uma forte presença do Latim na sua formação.

É isso aí pessoal, a ideia é demonstrar como um assunto tão simples, considerado até descartável para alguns, pode nos revelar curiosidades bem interessantes e promover uma melhor "percepção" de como o funcionamento das pequenas coisas pode nos tornar mais conhecedores de um "todo".

Edilson Neres
Enviado por Edilson Neres em 12/12/2023
Reeditado em 30/09/2024
Código do texto: T7952344
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