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Personificação (prosopopeia)
Por Marcelo Sartel
Prosopopeia ou personificação é a atribuição de características humanas a seres não humanos ou inanimados. A prosopopeia também é entendida como figura de linguagem do animismo, pois, como o próprio nome diz, trata-se de um processo de animação dos personagens em um texto literário ou campanhas publicitárias.
A intenção desse recurso é intensificar a expressividade do texto ou chamar a atenção do leitor para algum assunto. No entanto, é preciso destacar os pontos que distinguem a prosopopeia da metáfora, ambas são figuras de linguagem, mas com efeitos estilísticos diferentes.
Leia também: Metonímia – figura de linguagem que substitui um termo por outro
Exemplos de prosopopeia
“A bomba atômica é triste, coisa mais triste não há/ Quando cai, cai sem vontade.”
(Vinicius de Moraes)
Perceba que a atribuição dada à bomba atômica pertence ao imaginário coletivo dos seres humanos (ou seja, trata-se de característica humana) ou dos animais. Dessa forma, ocorre construção de figura de linguagem por personificação em relação ao objeto.
Veja outro exemplo:
“A Amazônia chora devido ao desmatamento.”
Observe que na oração “A Amazônia chora…” o verbo está em relação a um sujeito inanimado e que realiza ação comum a seres humanos ou animados.
A prosopopeia também é muito utilizada na construção de efeitos de sentido em campanhas publicitárias. Veja a seguir:
Note que o redator dessa campanha atribuiu à floresta amazônica o exercício de ser contra a Covid-19 por meio de ações filantrópicas. Nesse caso, a prosopopeia cumpre uma função de intensificar ou chamar a atenção do leitor para os problemas humanitários dos povos ameríndios durante a pandemia de coronavírus.
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Prosopopeia nas fábulas
As fábulas são textos literários que possuem relatos curtos e que geralmente utilizam animais como personagens, os quais assumem características humanas, representando certas condutas e comportamentos próprios dos seres humanos, com a finalidade de passar uma lição de vida.
Dessa forma, percebemos que a prosopopeia é uma figura de linguagem determinante para a construção de uma boa história, pois, por meio dela, ocorre a intensificação da expressividade intencionada pelo autor.
“O leão e o rato” é uma fábula famosa de La Fontaine.
Um bom exemplo para instrumentalizarmos essa definição é a fábula de La Fontaine: “O leão e rato”.
Certo dia, estava um leão a dormir a sesta quando um ratinho começou a correr por cima dele. O leão acordou, pôs-lhe a pata em cima, abriu a bocarra e preparou-se para o engolir.
— Perdoa-me! — gritou o ratinho — Perdoa-me desta vez e eu nunca o esquecerei. Quem sabe se um dia não precisarás de mim?
O leão ficou tão divertido com essa ideia que levantou a pata e o deixou partir.
Dias depois o leão caiu numa armadilha. Como os caçadores o queriam oferecer vivo ao rei, amarraram-no a uma árvore e partiram à procura de um meio para o transportarem.
Nisso, apareceu o ratinho. Vendo a triste situação em que o leão se encontrava, roeu as cordas que o prendiam.
E foi assim que um ratinho pequenino salvou o rei dos animais.
Moral da história: não devemos subestimar as pessoas.
Veja também: A fábula e suas características discursivas
Prosopopeia ou metáfora
Prosopopeia e metáfora são figuras de linguagem com efeitos estilísticos distintos em relação ao que o autor pretende estabelecer em um texto. A metáfora parte da ideia de comparação por meio de construções distantes do mundo real, ou seja, de forma conotativa.
Exemplo:
Aquele homem é um leão.
Perceba que ocorre um efeito comparativo entre homem e leão. A frase traz a ideia de um homem forte e corajoso, características do animal a quem ele é comparado, ou seja, não ocorre uma atribuição de ações do homem ao leão, mas apenas uma comparação. Para saber mais sobre essa figura de linguagem responsável pela comparação indireta, leia: Metáfora.