PARA QUE APRENDER MORFOLOGIA E SINTAXE?
Ao que interessa à maioria dos alunos, estejam eles compreendidos entre o nível fundamental ao pós doutorado, a gramática possui duas partes que importantes. Morfologia e Sintaxe.
Resumidamente, a Morfologia é o estudo das palavras e suas classes (substantivo, adjetivo, verbo, etc.)
Já a sintaxe é o estudo das regras de associação das palavras na formação de um enunciado. (frase, oração, texto)
Análise sintática é o estudo dos termos que compõe uma oração, e o estudo das relações entre as orações.
Conheço poucas pessoas, sejam lá de que nível forem, que dominem o uso formal adequado de nossa língua. O uso formal é o utilizado em jornais, revistas, universidades, trabalhos acadêmicos, entrevistas de emprego, etc.
Aqui mesmo, no recanto das letras, percebo escritores de enorme talento e inspiração, contudo, falhos no uso da língua. O que é uma vergonha. Ora, ao menos os que amam nossa língua pátria, ao ponto de fazê-la sua ocupação, seja profissional ou não, têm a obrigação de bem dominá-la.
Muitos de meus alunos de produção textual, questionam-me qual a serventia de se saber se uma palavra é substantivo, adjetivo, pronome, verbo, etc. Pior, para que saber analisar uma oração?
Tarefa das mais árduas dentro de nosso estudo.
Basta saber escrever e pronto. Dizem-me. Ledo engano.
Farei aqui uma pergunta bem simples que faço sempre em todas as primeiras aulas que dou. Inclusive em treinamentos empresariais.
Definam-me, em poucas palavras, de forma coloquial (com linguagem popular), sem muito pensar, as seguintes classes gramaticais:
2 minutos para fazê-lo.
SUBSTANTIVO
ADJETIVO
VERBO
A resposta dessa pergunda deveria ser repondida por um aluno do 5o. ano no ensino fundamental, com tranquilidade, sem pestanejar (se fosse meu aluno responderia).
Contudo, nenhum de meus alunos: ENEM, Concursos Públicos para todos os niveis, empresas, etc. conseguiu responder. Ao menos, com firmeza e tranquilidade.
Se você conseguiu, talvez não precise ler este texto.
Respostas – bem simplificado, resumido, para quem realmente não soube responder, nem com mais tempo e precisa URGENTEMENTE aprender!
Substantivo: tudo que dá nome. A coisas existentes ou não. Sentimentos, elementos da imaginação, instituições, emoções, etc. Não interessa. SUBSTANTIVO NOMEIA.
Exemplos: casa, pedra, João, casamento, sereia, amor, raiva, papai Noel, médico, turista, festa, formatura, etc.
Adjetivo: é sempre uma CARACTERISTICA, UMA QUALIDADE de UM SUBSTANTIVO. Ou seja. Não existe sozinho. Depende do substantivo para existir.
Exemplos: bonito, feio, grande, largo, enorme, claro, azul, cheiroso, amoroso, irritante, esperto, casado, raivoso, festivo, formado, etc.
Verbo: Coisas que FAZEMOS, AÇÃO (não é só isso. Mas decora isso por enquanto, depois aprofundamos). No infinitivo (sua forma padrão), quando não conjugados, terminam em AR, ER ou IR.
Exemplos: embelezar, engrandecer, clarear, azular, cheirar, amar, irritar, casar, festoar, enraivecer, formar, etc.
Vejamos.
Estudamos essas classes gramaticais (todas elas, na verdade), repetidamente, do nível fundamental ao superior (algumas universidades oferecem Língua Portuguesa a título de reforço). Ou seja, são anos e anos e anos estudando a mesma coisa, apenas em contextos mais complexos, e o aluno não aprende. Isso mesmo, A MESMA COISA! Tanto a gramática do 5º ano fundamental quanto a do Ensino Superior (usada no curso de Letras) ensina basicamente a mesma coisa. Apenas com linguagens e contextos diferentes, maior aprofundamento, e enriquecimento temático. Contudo, o substantivo, adjetivo e verbo estão lá, em ambas.
Por que saber gramática é essencial à pessoa que deseja escrever bem?
Darei apenas alguns exemplos simples.
Se não soubermos diferenciar substantivo, adjetivo e verbo, não reconheceremos uma oração.
Se não reconhecermos uma oração, não dominaremos a arte de dividir corretamente nossos parágrafos em períodos. Não saberemos quando usar elementos conectivos entre os períodos e parágrafos, erraremos a pontuação e a concordância (pôr corretamente as palavras no plural). Dentre outras coisas. Isso só de não saber diferenciar AUTOMÁTICAMENTE substantivo, adjetivo e verbo.
Uma oração é composta por duas partes: Sujeito e predicado.
O sujeito sempre terá como núcleo, um substantivo. O predicado será composto por verbo e, se for o caso, algum outro tipo de palavra ou expressão. Não se pode separar por nenhum tipo de pontuação os elementos principais constituintes da oração. Exemplo:
João foi à escola. (não se pode por vírgula em nenhum lugar aí)
Agora, se eu disser
João, aquele menino astuto, que brigou com Mariazinha ontem, e passou pela praça hoje vestindo camisa vermelha, foi à escola.
Tudo escrito até "vermelha" é o sujeito da oração. (Você consegue notar isso?) O núcleo é João, as demais partes são explicações, informações para melhor especificar quem é João. Essas explicações são chamadas, em analise sintática, de APOSTO, e obrigatoriamente devem vir entre vírgulas.
Agora, não se pode separar o verbo de seu complemento (o que vem depois)
João foi, à escola (ERRADO)
Mas e se o complemento não for tão simples assim, e tiver diversos outros elementos?
Exemplo
João foi à escola, da Professora Mariana, aquela moça que veio da cidade, ontem, no ônibus das 10h.
E se invertermos e pormos o verbo no final? Pode? Pode!
À escola? João? Foi sim.
Nesse caso, separamos toda a oração por pontos de interrogação! Está correto. Mas já é outro caso.
Sabiam que a aula de pontuação é praticamente toda pautada na relação entre os termos das orações e a relação das orações no período composto?
Como ensinar a pontuar se a pessoa não sabe a que classe uma palavra pertence, ou identificar o sujeito e o predicado de uma oração e seus termos acessórios, ou, os tipos de orações e suas relações?
Uma vez, contratei um advogado conhecido meu, já bem experiente, antigo na profissão, para me defender em um processo. A defesa ficou excelente, mas o português, meu Deus, imaginei um Juiz lendo aquele texto. Tive vergonha e não falei nada.