Guia da Reforma Ortográfica
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GUIA DA REFORMA ORTOGRÁFICA
A Norma Ortográfica
A ortografia é um dos temas permanentes da Gramática
normativa. As línguas de grande circulação, sobretudo
quando usadas em mais de uma região geográfica, precisam
de um código ortográfico uniforme para facilitar a circulação
dos textos. Sem esse código, torna-se mais difícil sua difusão
pelo mundo.
Os códigos gráficos perseguem um objetivo que nunca
será atingido: aproximar a língua escrita da língua falada.
Escrever como se fala é impossível: basta lembrar a
flutuação da pronúncia em qualquer país, fato que se
acentua num país extenso como o Brasil. As grafias, por isso,
representam uma sorte de abstratização da execução
linguística, para que se assegure a intercompreensão. Vamos
explicar esse lance de abstratização.
Se fôssemos colecionar todos os sons da Língua
Portuguesa – uma tarefa quase impossível – encontraríamos
depois de algum tempo três tipos: as vogais, sons que
passam diretamente pela boca; as consoantes, sons que
sofrem algum tipo de interrupção ou constrição ao passarem
pela boca; e as semivogais, em cuja produção ficamos a
meio caminho do trânsito livre e do trânsito com
impedimentos.
Fixando a atenção nas vogais, será possível identificar
sete sons diferentes no Português Brasileiro, assim
representados: a – ê – é – i – ô – ó – u. O som ê se distingue
do som é, por exemplo, em ele – ela, este – esta, aquele
– aquela, etc. Dizemos ele, este, aquele com ê fechado
para nos referir a uma entidade masculina e ela, esta,
aquela com é aberto, para nos referir a uma entidade
feminina. Analogamente, fechamos a vogal em ovo,
formoso, no singular, mas abrimos em ovos, formosos no
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plural. Além do gênero e do número, também a pessoa do
verbo pode ser distinguida jogando com vogais abertas e
fechadas. Em feres, a vogal do radical é aberta, concorrendo
com a terminação -s para indicar a segunda pessoa do
singular; em ferimos, ela é fechada, concorrendo com a
terminação -mos para indicar a primeira pessoa do plural.
Tudo isso ocorre quando estamos falando. Como,
entretanto, representar esses sons diferentes na escrita? Se
a cada som correspondesse uma letra diferente, levaríamos
um tempão para nos alfabetizar, tentando reter dezenas de
sinais gráficos. A decisão foi representar ê e é por uma única
letra, e, concentrando os dois sons ô e ó numa única letra,
o. Essas letras são, sem dúvida, uma abstração, pois
representam sons diferentes por meio de um mesmo sinal
gráfico.
Você pode continuar esse exercício, verificando como
representamos graficamente os sons e e i, o e u quando eles
aparecem no final da palavra. Em algumas regiões do Brasil,
por exemplo, se diz leite azedo pronunciando as vogais finais
ora como -e, -o, ora como -i, -u. A grafia, porém, será a
mesma, usando nas duas situações as letras e e o. Outra
abstração.
Durante o período do Português Arcaico, cada copista
escrevia a mesma palavra como bem entendia. Elis de
Almeida Cardoso colecionou as seguintes variantes da
palavra igreja: ygreja, eygreya, eygleyga, eigreia, eygreia,
eygreyga, igleja, igreia, igreja e ygriga. Aparentemente, isso
naqueles tempos não era um grande problema, pois o
analfabetismo era geral e o Português ainda não tinha se
espalhado pelo mundo.
A partir do séc. XVI passou-se a perseguir a “grafia
perfeita” – outra utopia necessária. Sucederam-se várias
modificações, até que se decidiu regulamentar a matéria por
meio de uma legislação própria.
A grafia tornou-se, assim a única manifestação
linguística regulada por leis específicas. Lembre-se de que
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nunca se pensou em tratar a língua por meio de leis e
decretos. Não há leis formais para a gramática, o léxico, a
semântica e o discurso, ou seja, o modo de construir textos.
Ainda bem! Já pensou, pagar multa ou ir para a cadeia em
razão de uma distração na concordância, ou porque uma
palavra foi usada em sentido arcaico, ou porque não estamos
seguindo cânones na hora de escrever um bilhete?
Eis aqui alguns marcos históricos da ortografia do
Português. Lendo com cuidado os capítulos desta novela,
você verá que a ortografia gerou mais desacordos do que
acordos.
ENTRE O SÉC. XVI E O COMEÇO DO XX
Predominou uma escrita etimológica, ou seja, uma
grafia que permitia descobrir o passado histórico da palavra.
Assim, escrevia-se pharmacia em lugar da grafia atual
farmácia porque a palavra deriva do grego phármakos, que
significa veneno. Veneno? Pois é, veneno. Parece que a
indústria farmacêutica promoveu uma melhora semântica
nessa palavra. Pela mesma razão, grafava-se theologia,
chimica, etc. Era um tempo em que os cidadãos
escolarizados sabiam grego e latim, de forma que não
estranhavam nem um pouco essas grafias. Nesse século,
Duarte Nunes de Leão publicou em 1576 a sua Orthographia
da Lingoa Portuguesa.
NO SÉC. XVII
Álvaro Ferreira de Vera publicou a Ortographia ou Arte
para Escrever Certo na Língua Portuguesa (1633).
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NO SÉC. XVIII
Luiz Antônio Verney publicou O Verdadeiro Método de
Estudar (1746), opondo-se à grafia etimológica. Com isso, o
ph, ch, th e o y começaram a dançar.
EM 1904
O assunto passou às mãos de um especialista.
Gonçalves Viana, que era foneticista e lexicólogo, publicou a
sua Ortografia Nacional, vindo a exercer uma grande
influência nos anos seguintes. Seu trabalho trazia uma
proposta de simplificação ortográfica, de que resultou a
“expulsão” dos dígrafos th, ph, ch (este, quando soava
como [k]), rh e y. As consoantes dobradas, como tt, ll, etc.,
também caíram fora, exceto rr e ss.
1907
A Academia Brasileira de Letras começou a simplificar a
escrita nas suas publicações.
1910
Com a implantação da República em Portugal, foi
nomeada uma Comissão para estabelecer uma ortografia
simplificada e uniforme, para ser usada nas publicações
oficiais e no ensino.
1911
Primeira Reforma Ortográfica: tentativa de uniformizar
e simplificar a escrita de algumas formas gráficas, mas que
não foi extensiva ao Brasil.
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1915
A Academia Brasileira de Letras resolveu harmonizar a
ortografia com a portuguesa, aprovando o projeto de Silva
Ramos, que ajustou a reforma brasileira aos padrões da
reforma portuguesa de 1911.
1919
Curiosamente, a Academia Brasileira de Letras revogou
a sua resolução de 1915, e tudo voltou a ser como antes.
1924
A Academia de Ciências de Lisboa e a Academia
Brasileira de Letras começaram a procurar uma grafia
comum.
1929
A Academia Brasileira de Letras lançou um novo
sistema gráfico.
1931
Brasil e Portugal aprovaram o primeiro Acordo
Ortográfico, que levou em conta as propostas de Gonçalves
Viana.
1934
A Constituição brasileira de 1934 anulou essa decisão,
revertendo o quadro ortográfico às decisões da Constituição
de 1891.
1938
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Voltou-se à reforma de 1931.
1943
Convenção ortográfica entre Brasil e Portugal,
publicando-se o Formulário Ortográfico de 1943. Datou daqui
a ideia curiosa de que através dessa convenção asseguravase a unidade da Língua Portuguesa. Ainda hoje se repete
essa bobagem. Afinal, desde quando uma lei unifica ou
separa o que quer que seja em matéria de linguística?
1945
Surgiu um novo Acordo Ortográfico, que se tornou lei
em Portugal. O governo brasileiro não ratificou esse Acordo,
e assim os brasileiros continuaram a regular-se pela
ortografia anterior.
1971
O Brasil promulgou através de um decreto algumas
alterações no Acordo de 1943, reduzindo as divergências
ortográficas com Portugal.
1973
Portugal promulgou as alterações, reduzindo as
divergências ortográficas com o Brasil.
1975
A Academia das Ciências de Lisboa e a Academia
Brasileira de Letras elaboraram novo projeto de acordo que
ainda não foi aprovado oficialmente.
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1986
O presidente José Sarney promoveu no Rio de Janeiro
um encontro dos sete países de Língua Portuguesa – Angola,
Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e
São Tomé e Príncipe – de que viria a resultar a Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). Foi apresentado o
Memorando sobre o Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa, em que se propunha a supressão dos acentos
nas proparoxítonas e nas paroxítonas.
1990
A Academia das Ciências de Lisboa convocou novo
encontro, juntando uma Nota Explicativa do Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa. As academias de Portugal
e Brasil elaboraram a base do Acordo Ortográfico da Língua
Portuguesa. Conforme seu artigo 1º, estabeleceu-se que
estão sujeitos à apreciação do Congresso Nacional quaisquer
atos que impliquem em revisão do referido Acordo. O artigo
3º estabelecia que o documento entraria em vigor no dia “1
de Janeiro de 1994, após depositados todos os instrumentos
de ratificação de todos os Estados junto do Governo
português”. Assinado em 16 de dezembro de 1990, em
Lisboa, o Acordo viria a ser aprovado no Brasil apenas em
1995.
1991
Antônio Houaiss publicou A Nova Ortografia da Língua
Portuguesa, resultado dos muitos debates havidos em
Lisboa. Manteve-se 1994 como a data em que o Acordo
entraria em vigor.
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1995
O Acordo foi aprovado no Brasil pelo Decreto Legislativo
nº54, de 18 de abril de 1995. Publicado no Diário Oficial da
União, Seção 1, página 5585, de 20/04/1995, e no Diário do
Congresso Nacional, Seção 2, página 5837, de 21/04/1995.
1996
Passados seis anos, o Acordo tinha sido formalmente
ratificado apenas por três Estados membros: Portugal, Brasil
e Cabo Verde. Com isso, seguia vigente no Brasil o Acordo
Luso-Brasileiro de 1943, sancionado pelo Decreto-Lei nº
2.623 de 21 de outubro de 1955, e simplificado pela Lei nº
5.765, de 18 de dezembro de 1971.
1998
Por iniciativa da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), aprovou-se na cidade de Praia, em 17 de
julho de 1998, o Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico
da Língua Portuguesa, reconhecido no Brasil através do
Decreto Legislativo nº 120, de 12 de junho de 2002,
publicado no Diário do Congresso Nacional no dia 13 de
junho de 2002. Mas ainda não foi dessa vez que a coisa
andou, pois esse Protocolo Modificativo deixou em aberto a
data de adoção por parte dos países signatários. Cabo Verde,
São Tomé e Príncipe e Portugal, que tinham assinado o
Acordo de 1990, aprovaram igualmente o dito Protocolo
Modificativo.
2004
Os ministros da Educação da CPLP reuniram-se em
Fortaleza, no Brasil, para propor a entrada em vigor do
Acordo Ortográfico, mesmo sem a ratificação de todos os
membros.
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2008
O impasse continuava, pois as adesões formais ao
Acordo, por parte dos países da CPLP, deveriam ser
depositados em Lisboa, o que não ocorreu com a velocidade
esperada. Finalmente, nesse mesmo ano, Portugal decidiu
pôr em prática o Acordo a partir de 2010, e o Brasil, a partir
da 2009, nesse caso, através do Decreto assinado no dia 29
de setembro de 2008. O Ministério da Educação baixou
norma segundo a qual os livros didáticos que ele adquire já
devem conformar-se ao novo Acordo a partir de 2009.
Durante um período de transição, que terminará em
dezembro de 2012, serão aceitas oscilações entre a norma
antiga e a de 1995 em exames escolares, provas de
vestibular, concursos públicos e nos meios escritos em geral.
O Novo Acordo Ortográfico, detalhado neste texto, trará
poucas mudanças para os brasileiros. Basicamente, alterou-se a acentuação de algumas palavras e simplificaram-se as
regras do uso do hífen. Esse assunto, aliás, nos obrigará a
consultar os Vocabulários Ortográficos que já começam a ser
publicados.
Ataliba T. de Castilho (USP, Unicamp, CNPq)
Assessor do Museu da Língua Portuguesa
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GUIA INSTRUCIONAL SOBRE AS NOVAS REGRAS
ORTOGRÁFICAS
A proposta deste guia é explicitar as principais
alterações ortográficas contidas no Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa, de caráter eminentemente gráfico, que
não afetam a modalidade oral da Língua Portuguesa.
Tendo como base o próprio Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa, optou-se por selecionar os principais
aspectos que afetam o alfabeto, a acentuação gráfica e os
diacríticos trema e hífen.
Este guia foi elaborado pelo professor e mestre Adalto
Moraes de Souza do curso de Letras da FMU, sob a
coordenação do professor e mestre Carlos Vismara e a
revisão do professor Ataliba T. de Castilho, consultor do
Museu da Língua Portuguesa.
1.Alteração no Alfabeto
Anteriormente o alfabeto português era constituído de
23 letras, sendo cada uma delas escrita em maiúscula e em
minúscula.
Aa(á) Bb(bê) Cc(cê) Dd(dê) Ee(é) Ff(efe) Gg(gê/guê)
Hh(agá) Ii(i) Jj(jota) Ll(ele) Mm(eme) Nn(ene) Oo(o)
Pp(pê) Qq(quê) Rr(erre) Ss(esse) Tt(tê) Uu(u) Vv(vê)
Xx(xis) Zz(zê)
Atualmente, com a inclusão das letras K, W, Y, passa a
conter 26 letras.
Aa(á) Bb(bê) Cc(cê) Dd(dê) Ee(é) Ff(efe) Gg(gê/guê)
Hh(agá) Ii(i) Jj(jota) Kk(capa/cá) Ll(ele) Mm(eme)
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Nn(ene) Oo(o) Pp(pê) Qq(quê) Rr(erre) Ss(esse) Tt(tê)
Uu(u) Vv(vê) Ww(dáblio) Xx(xis) Yy(ípsilon) Zz(zê)
Registre-se que, antes mesmo da Nova Ortografia, as
três “novas” letras já eram usadas, principalmente nas
seguintes situações:
Para indicar símbolos de unidades e medidas.
km (quilômetro)
kg (quilograma)
W (watts)
Para expressar palavras e nomes estrangeiros, além
de suas derivadas.
Kafka
kafkiano
kaiser
kung fu
Playmobil
boy
yang
yin
Washington
Wellington
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2.Alteração nas Regras de Acentuação Gráfica
2.1. Tonicidade
O uso correto dos sinais de acentuação requer a
identificação da tonicidade das palavras. A tonicidade
destaca a sílaba das outras, pela força articulatória com que
a produzimos. Em palavras de mais de uma sílaba, o acento
pode recair sobre a última, a penúltima ou a antepenúltima
sílaba. Observe, nos exemplos a seguir, que as sílabas em
negrito são mais fortes que as demais de cada palavra:
másculo caráter árvore edifício herbívoro
construção macaco até casa capaz
Em palavras de apenas uma sílaba, chamadas
monossilábicas, algumas podem ser tônicas; outras, átonas.
já faz um(ns) pé paz (monossílabos tônicos) me
só lhe (monossílabos átonos) te sol o(s) se
mar a(s)
Como já se disse, a tônica pode estar na última ou na
penúltima, ou ainda na antepenúltima sílaba.
construção caráter até edifício (penúltima sílaba)
capaz (última sílaba) másculo macaco árvore casa
herbívoro (antepenúltima sílaba)
No primeiro caso (tônica na última silaba), diz-se que a
palavra é oxítona; no segundo, que a palavra é paroxítona;
no terceiro, que ela é proparoxítona.
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2.2. Monossílabos Tônicos
Dos monossílabos tônicos, acentuam-se apenas os
terminados em a, e, o (seguidos ou não de s).
pá(s) já vê pé(s) dá(-lo/-la) pô(-lo/-la)
pó(s) lê
2.3. Oxítonas
Das oxítonas, são acentuadas apenas aquelas que
terminam em a, e, o, em (seguidas ou não de s).
jacarandá(s) filé(s) compô(-la) Macapá fazê(-la)
vintém(éns) cajá(s) contradizê(-lo) também
guardá(-la) judô armazém(éns) amá(-lo)
metrô(s) detém(-na) jacaré(s) robô(s)
sapé(s) vitrô(s)
ATENÇÃO (1): continua mantido o acento agudo nas
derivações dos verbos ter e vir (na 3ª pessoa do singular do
presente do indicativo).
Ex.: ele/ela detém/convém/obtém/sustém/sobrevém.
Também está mantido o uso do circunflexo na terceira
pessoa do plural dos verbos ter e vir e em seus derivados
(no presente do indicativo).
Ex.: eles/elas detêm/convêm/obtêm/sustêm/sobrevêm.
ATENÇÃO (2): continua mantido o acento circunflexo no
verbo monossilábico pôr para diferenciá-lo da preposição
monossilábica por.
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Ex.: Afinal, ela tem de pôr o avental por causa da intensa
poeira.
ATENÇÃO (3): continua mantido o acento agudo nas
oxítonas terminadas em ditongos abertos éi(s), éu(s),
ói(s)..
Ex.: anéis, tonéis, fiéis, Ilhéus, chapéu(s), céu(s), herói(s),
anzóis, faróis.
2.4. Paroxítonas
Das paroxítonas, acentuam-se apenas as que não
sejam terminadas em a(s), e(s), o(s) e em. Note-se que
essas terminações são específicas para a acentuação das
oxítonas. Com isso, recebem acento gráfico as paroxítonas
terminadas em l, r, n, x, i (seguidos ou não de s), u (seguido
de s ou de m ou n), ps, ditongo oral crescente, ditongo oral
decrescente e ditongo nasal, seguido ou não de s.
automóvel tórax fórceps amável látex
bíceps contável dúplex (paroxítonas terminadas em
x ) tríceps (paroxítonas terminadas em ps)
útil (paroxítonas terminadas em l) júri(s)
jóquei(s) caráter táxi(s) fôsseis (verbo)
fêmur tênis (paroxítonas terminadas em i/is)
imóveis (paroxítonas terminadas em ditongo decrescente)
cadáver lápis ânsia(s) revólver vírus série(s)
almíscar (paroxítonas terminadas em r) bônus
régua(s) (paroxítonas terminadas em ditongo crescente)
éden ônus (paroxítonas terminadas em us) órfão(s)
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órfã(s) sêmen quórum/quóruns (paroxítonas
terminadas em um/uns) sótão(s) gérmen
álbum/álbuns
acórdão(s) (paroxítonas terminadas em vogal nasal
cânon (paroxítonas terminadas em n) fórum/fóruns
ATENÇÃO (1): não se acentuam as paroxítonas terminadas
em ens.
Ex.: hifens, edens, semens, germens.
ATENÇÃO (2): não mais se acentuam as palavras
homógrafas para (verbo) e para (preposição), pela (verbo
e substantivo) e pela/o (combinação da preposição por +
artigo definido), polo (substantivo) e polo (aglutinação
antiga e popular de por + lo).
ATENÇÃO (3): não se acentuam as paroxítonas
homógrafas-heterófonas (paroxítonas semelhantes na
escrita, mas diferentes na pronúncia), como: governo
(subst.) e governo (verbo), acordo (subst.) e acordo
(verbo).
Exceção: pôde (pretérito perfeito do indicativo) e pode
(presente do indicativo).
ATENÇÃO (4): não mais se acentuam as paroxítonas com
os ditongos abertos ei e oi quando seguidos de vogal.
Ex.: estreia/estreio (verbos), assembleia, plateia, alcateia,
colmeia, ideia, Coreia, epopeia, geleia, odisseia, boia, joia,
jiboia, paranoico, alcaloide, claraboia, apoio/apoia, apoie,
apoies (verbos).
ATENÇÃO (5): não mais se acentuam as paroxítonas
terminadas em hiato oo, na primeira pessoa do singular.
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Ex.: voo (verbo e substantivo), enjoo, coroo, assoo.
ATENÇÃO (6): não mais se acentuam as paroxítonas
terminadas em hiato ee, na terceira pessoa do plural.
Ex.: eles/elas deem/veem/creem/leem (e seus derivados).
2.5. Proparoxítonas
Das proparoxítonas, todas devem ser acentuadas.
lâmpada quadrilátero desenvolvêssemos
público quilômetro partiríamos
ATENÇÃO: o Acordo manteve a duplicidade de acentuação
(acento circunflexo ou acento agudo) em palavras como
econômico/económico, acadêmico/académico,
fêmur/fémur, bebê/bebé, para atender os dois modos de
pronunciar essas palavras.
2.6. Encontros Vocálicos
Dos encontros vocálicos:
a) ainda é usado acento agudo no i e u tônicos das palavras
oxítonas ou paroxítonas, somente se eles forem hiatos e
estiverem sozinhos na sílaba, ou acompanhados de s, e se
não estiverem antes de nh, nem depois de ditongo
decrescente.
país aí saía viúva caída
atraí (-la) saúva saída possuí(-lo) caí
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faísca destruí(-las)
Nas palavras paul, ruim, contribuinte, trair, juiz não
foi usado o acento agudo, pois o i/u tônicos não estão
sozinhos na sílaba.
Nos exemplos campainha, rainha, moinho, não se
usou o acento agudo, pois o i está antecedendo nh.
Nos exemplos feiura, baiuca, boiuno, o acento não
pode ser usado, pois antes do u tônico há ditongo
decrescente.
b)foi mantido o acento agudo no i e u tônicos das oxítonas,
quando precedidos de ditongo.
Piauí tuiuiú(s)
c)não se usa mais acento agudo no u tônico das sequências
verbais gue, gui, que, qui.
argui averigue oblique
arguis averigues obliques
3.Alteração no Uso do Trema
Na nova ortografia, o trema (¨) foi totalmente abolido
das palavras portuguesas.
linguiça tranquilizar quinquênio
consequência arguir sagui
frequência bilíngue sequestro
frequentar aguentar eloquente
unguento cinquenta ensanguentado
tranquilo delinquente lingueta
Apenas em palavras estrangeiras (e,
consequentemente, em suas derivadas) é que se usa.
Müller mülleriano
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4.Normas para o Uso do Hífen
De acordo com a nova ortografia, o hífen deve ser usado
basicamente em três situações: em compostos, locuções
e encadeamentos vocabulares (4.1.), em formações por
prefixação, recomposição e sufixação (4.2.) e nas
formas pronominais (4.3.).
O uso do hífen tem sido mal sistematizado em nossas
ortografias. Por isso consulte o Vocabulário Ortográfico nos
casos não previstos nas normas abaixo.
4.1.Compostos, Locuções e Encadeamentos
Vocabulares
Uso do hífen em “compostos, locuções e
encadeamentos vocabulares”.
a)Usa-se o hífen em palavras compostas por justa posição
cujos elementos (substantivos, adjetivos, numerais ou
verbos) constituam uma unidade sintagmática e semântica
e com acento próprio, ainda que o primeiro elemento esteja
reduzido.
ano-luz tenente-coronel sul-africano finca-pé
arco-irís tio-avô azul-claro guarda-chuva
médico-cirurgião turma-piloto primeiro-ministro
conta-gotas cirurgião-dentista norte-americano
segundo-sargento fura-bolo decreto-lei
guarda-noturno primo-infecção rainha-claudia
mato-grossense segunda-feira
ATENÇÃO: palavras compostas por justaposição que
tenham perdido a noção de composição devem ser grafadas
sem hífen.
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Ex.: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé,
paraquedas, paraquedista, passatempo.
b)O hífen também é usado em topônimos compostos
iniciados pelo adjetivo grão/grã, ou por verbo, ou ainda se
houver artigo entre seus elementos constituintes.
Grão-Pará Quebra-Costas Entre-os-Rios
Grã-Bretanha Traga-Mouros Trás-os-Montes
Passa-Quatro Baía-de-Todos-os-Santos
ATENÇÃO: os demais topônimos compostos devem ser
grafados sem hífen.
Ex.: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo
Branco, Santa Rita do Oeste.
Exceção: Guiné-Bissau.
c)O hífen também deve ser usado em palavras compostas
que designam espécies botânica e zoológica.
abóbora-menina louva-a-deus cobra-d’água
couve-flor erva-do-chá bem-te-vi
feijão-verde ervilha-de-cheiro cobra-capelo
erva-doce bem-me-quer
d)Emprega-se hífen nos compostos formados pelos
advérbios bem ou mal (1º elemento) e por qualquer palavra
iniciada por vogal ou h (2º elemento).
bem-aventurado bem-estar mal-estar
bem-humorado mal-afortunado mal-humorado
ATENÇÃO: o advérbio bem, ao contrário do advérbio mal,
pode não se aglutinar com o segundo elemento, ainda que
esse seja iniciado por consoante, quando se mantém a noção
da composição.
bem-criado (cf. malcriado) benfeitor
bem-ditoso (cf. malditoso) benfeito
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bem-nascido (cf. malnascido) benquerença
bem-visto (cf. malvisto) benfazejo
e)O hífen deve ser empregado nos compostos com os
elementos além, aquém, recém e sem.
além-Atlântico aquém-fiar recém-nascido
sem-vergonha além-mar aquém-Pirineus
sem-terra além-fronteiras recém-casado
sem-teto
f)Nas locuções de qualquer tipo, não se usa hífen.
cão de guarda em cima
fim de semana (loc. substantiva) por isso (loc. adverbial)
cor de açafrão abaixo de
cor de vinho (loc. adjetiva) acerca de cada um
a fim de (loc. prepositiva) ele próprio
a fim de que nós mesmos (loc. pronominal)
ao passo que à parte
logo que (loc. conjuntiva)
g)Deve-se usar o hífen em encadeamentos vocabulares
ocasionais ou nas combinações históricas.
a divisa Liberdade-Igualdade-Fraternidade
o percurso Lisboa-Coimbra-Porto
Áustria-Hungria
a ponte Rio-Niterói
Angola-Brasil
Tóquio-Rio de Janeiro
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4.2. Prefixação, Recomposição e Sufixação
Uso do hífen em vocábulos formados por prefixação,
recomposição e sufixação.
Principais prefixos e falsos prefixos na
formação/recomposição de palavras: aero, agro, anti,
ante, aquém, arqui, auto, bio, circum, co, contra, des, eletro,
entre, ex, extra, geo, hidro, hiper, infra, in, inter, intra,
macro, maxi, micro, mini, multi, neo, pan, pluri, proto, pós,
pré, pró, pseudo, retro, semi, sobre, sota, soto, sub, super,
supra, tele, ultra, vice, vizo, etc.
Nas palavras prefixais ou recompostas, usa-se hífen
apenas:
a)se o segundo elemento é iniciado por h.
anti-higiênico pré-história eletro-higrômetro
circum-hospitalar proto-história geo-história
co-herdeiro sub-hepático neo-helênico
contra-harmônico super-homem pan-helenismo
extra-humano ultra-hiperbólico semi-hospitalar
ATENÇÃO: após os prefixos des- e in-, o hífen só não é
usado se o segundo elemento perdeu o h.
desumano inábil inumano
desumidificar inapto
b) se o prefixo/falso prefixo (1º elemento) termina com a
mesma vogal que inicia o 2º elemento.
anti-ibérico arqui-inimigo micro-onda
contra-almirante arqui-irmandade semi-internato
infra-axilar auto-observação
supra-auricular eletro-ótica
ATENÇÃO: o prefixo CO- geralmente aglutina-se com o
segundo elemento, ainda que iniciado pela vogal O.
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coobrigação coordenar
coocupante cooperação
c) se o prefixo for circum- e pan- e o segundo elemento
iniciar por vogal, h, m, n.
circum-escolar pan-africano
circum-hospitalar pan-helenismo
circum-murado pan-mágico
circum-navegação pan-negritude
d) se o prefixo for hiper-, inter- e super- e o segundo
elemento iniciar por r.
hiper-requintado inter-resistente super-revista
e) se o prefixo for ex- (no sentido de estado anterior ou
efeito de cessar), sota-, soto-, vice-, vizo-.
ex-aluno ex-presidente vice-presidente
ex-diretor ex-rei vice-reitor
ex-hospedeiro sota-piloto vizo-rei
ex-primeiro-ministro soto-mestre
f) se os prefixos pós-, pré- e pró- forem tônicos e
graficamente acentuados.
pós-graduação pré-escolar pró-europeu
pós-tônico pré-natal pró-reitor
pré-conceber pró-africano
ATENÇÃO: em palavras como pospor, prever, promover
não se usa hífen, pois o prefixo perdeu sua tonicidade
própria.
Nas palavras prefixais ou recompostas, não se usa
hífen.
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a)se o prefixo/falso prefixo terminar em vogal e o 2º
elemento iniciar por r ou s, devendo essas consoantes ser
duplicadas.
antirreligioso contrassenha biorritmo
antissemita extrarregular eletrossiderúrgica
contrarregra infrassom microssistema
cosseno minissaia microrradiografia
b) se o prefixo/falso prefixo terminar por vogal e o 2º
elemento iniciar por vogal diferente.
antiaéreo aeroespacial agroindustrial
coeducação autoestrada hidroelétrica
extraescolar autoaprendizagem pluriestatal
c) nas derivadas por sufixação, somente quando o 1º
elemento terminar com acento gráfico ou a pronúncia exigir
e o 2º elemento for um dos sufixos: -açu, -guaçu, -mirim
(tupi-guarani de valor adjetivo).
amoré-guaçu andá-açu Ceará-mirim
anajá-mirim capim-açu
4.3. Formas Pronominais
Uso do hífen nas formas pronominais.
a)Usa-se hífen em casos de ênclise e de mesóclise.
adorá-lo(s) merecê-lo(s) avistá-la-íamos dar-se-ia
querê-la(s) pediu-lhe contar-te-emos
ATENÇÃO: caso haja combinações pronominais, usa-se
hífen para separá-las.
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Eu vo-lo daria, se fosse meu. Caso surja alguma novidade,
no-las contariam.
b) Usa-se hífen após o advérbio eis seguido de formas
pronominais.
Ei-lo que surge dentre os desaparecidos!
Eis-me pronto para o novo ofício.
OBSERVAÇÃO: caso o final da linha coincida com o uso de
hífen, esse sinal gráfico deve ser repetido na linha posterior,
para fins de clareza gráfica.
No Aeroporto Internacional de São Paulo, estava o ex-
-presidente da Argentina.
QUADRO SINÓTICO DAS ALTERAÇÕES
1.Alfabeto
Antes do Novo Acordo Com o Novo Acordo
Havia 23 letras. Passa a ter 26 letras.
a, b, c, d, e, f, g, h, i, j, l, m, n, a, b, c, d, e, f, g, h, i, j,
o, p, q, r, s, t, u, v, x, z. k, l, m, n, o, p, q, r, s, t
u, v, w, x, y, z.
2.Regras de Acentuação
a) Nos ditongos abertos éi e ói paroxítonos.
Antes do Novo Acordo Com o Novo Acordo
Usava-se acento. Deixou-se de usar o acento.
estréia (verbo e substantivo) estreia(verbo e substantivo)
estréio estreio
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assembléia assembleia
platéia plateia
alcatéia alcateia
colméia colmeia
idéia ideia
Coréia Coreia
epopéia epopeia
geléia geleia
bóia boia
paranóico paranoico
apoio/apóia (verbo) apoio/apoia (verbo)
Quando oxítonos, os ditongos abertos éi, éu e ói
(seguidos ou não de s) são acentuados.
Ex.: anéis, pastéis, céu(s), troféu(s), herói(s),anzóis, etc.
b) No i e u paroxítonos, antecedidos de um ditongo.
Antes do Novo Acordo Com o Novo Acordo
Usa-se acento grave. Deixou-se de usar o
acento grave.
feiúra feiura
baiúca baiuca
boiúno boiuno
Se o i ou u forem oxítonos (seguidos ou não de s), o
acento permanece.
Ex.: Piauí, tuiuiú, etc.
c) Em certas paroxítonas homógrafas.
Antes do Novo Acordo
Usava-se acento agudo para diferenciar os seguintes pares:
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pára (verbo) e para (preposição).
Ex.: a vida não para, filho. (verbo)
Daqui para lá. (preposição)
péla (verbo e substantivo) /pelo (verbo) e pela/pelo
(combinação da preposição por + artigo definido).
Ex.: por que você não péla o gato ainda hoje? (verbo)
Chute a péla (=bola) para o lateral direito!
(substantivo)
Pelo retrovisor do carro, via-se o pardal. (prep.+ artigo)
pólo (substantivo) e polo (aglutinação antiga e popular de
por+lo).
Ex.: no pólo Norte, a temperatura é baixíssima.
(substantivo)
Polo (=pelo) amor de Deus, el-Rei!! (por+lo)
Com o Novo Acordo
Deixou-se de usar o acento agudo para diferenciar esses
pares de palavras:
Ex.: a vida não para, filho. (verbo)
Daqui para lá. (preposição)
Por que você não pela o gato ainda hoje? (verbo)
Chute a pela (=bola) para o lateral direito!
(substantivo)
Pelo retrovisor do carro, via-se o pardal. (prep. +artigo)
No polo Norte, a temperatura é baixíssima.
(substantivo)
Polo (=pelo) amor de Deus, el-Rei!! (por+lo)
ATENÇÃO
O acento diferencial ainda permanece nos seguintes casos:
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pôde (3ª pessoa verbal do pretérito perfeito do indicativo),
para diferenciá-lo de pode (3ª pessoa verbal do presente do
indicativo).
Ex.: Joana não pôde vir ontem à noite para o jantar.
Hoje Joana pode vir para o almoço, por isso convide-a.
pôr (verbo), para diferenciá-lo da preposição por.
Ex.: afinal, ela tem de pôr (verbo) o avental por (preposição)
causa da intensa poeira.
ter/vir (e seus derivados) na 3ª pessoa do plural, para
diferenciá-los da 3ª pessoa do singular.
Ex.: ela vem/convém/tem/mantém.
Elas vêm/convêm/têm/mantêm.
d) Em palavras terminadas em eem e oo.
Antes do Novo Acordo Com o Novo Acordo
Usava-se acento circunflexo Deixou-se de usar o acento
no primeiro e/o do encontro circunflexo no e/o do
vocálico do hiato. encontro vocálico.
eles/elas dêem eles/elas deem
vêem veem
crêem creem
lêem (e seus derivados) leem (e seus derivados)
vôo (verbo e substantivo) voo (verbo e substantivo)
enjôo enjoo
corôo coroo
assôo assoo
zôo zoo
e) No u tônico das sequências verbais gue, gui, que e qui.
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Antes do Novo Acordo Com o Novo Acordo
Usava-se acento. Deixou-se de usar o acento.
(eles) argúem (eles) arguem
obliqúem obliquem
(tu) argúis (tu) arguis
3.Trema
Quando pronunciado, o U dos grupos gue, gui, que e qui.
Antes do Novo Acordo Com o Novo Acordo
Recebia trema. Deixou de receber trema.
lingüiça linguiça
conseqüência consequência
freqüência frequência
freqüentar frequentar
ungüento unguento
tranqüilo tranquilo
tranqüilizar tranquilizar
argüir arguir
bilíngüe bilíngue
agüentar aguentar
cinqüenta cinquenta
delinqüente delinquente
qüinqüênio quinquênio
sagüi sagui
seqüestro sequestro
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eloqüente eloquente
ensangüentado ensanguentado
lingüeta lingueta
O trema só é usado em palavras estrangeiras e em suas
derivadas.
Ex.: Müller, mülleriano.
OBSERVAÇÃO: dada a complexidade do assunto, os
quadros a seguir conterão apenas as alterações expressas
no Novo Acordo, sem qualquer comparação com a norma
anterior a ele. Em caso de dúvida, consulte o Vocabulário
Ortográfico.
4.Hífen
a) Em palavras compostas por justaposição (radical +
radical), usa-se hífen nas tabelas abaixo.
Se o 1º elemento e o 2º elemento formam unidade
semântica e possuem acento próprio.
ano-luz mato-grossense
arco-íris sul-africano
médico-cirurgião azul-claro
cirurgião-dentista primeiro-ministro
decreto-lei segundo-sargento
rainha-cláudia primo-infecção
tenente-coronel segunda-feira
tio-avô finca-pé
turma-piloto guarda-chuva
norte-americano conta-gotas
guarda-noturno fura-bolo
Havendo perda da noção de composição, a palavra deve
ser grafada sem hífen.
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Ex.: girassol, madressilva, mandachuva, pontapé,
paraquedas, paraquedista, passatempo, etc.
Nos topônimos, se o 1º elemento é adjetivo
“grão”/”grã”, ou verbo, ou ainda se há artigo entre
seus elementos.
Grão-Pará Traga-Mouros
Grã-Bretanha Baía de Todos-os-Santos
Passa-Quatro Entre-os-Rios
Quebra-Costas Trás-os-Montes
Os demais topônimos compostos devem ser grafados
sem hífen.
Ex.: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo
Branco, Santa Rita do Oeste, etc. (Exceção: Guiné-Bissau).
Na composição relativa a espécies botânica e
zoológica.
abóbora-menina ervilha-de-cheiro
couve-flor bem-me-quer
feijão-verde cobra-d’água
erva-doce bem-te-vi
louva-a-deus cobra-capelo
erva-do-chá
Se o 1º elemento é formado pelos advérbios
“bem”/”mal” + 2º elemento iniciado por vogal ou “h”.
bem-aventurado mal-afortunado
bem-humorado mal-estar
bem-estar mal-humorado
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O advérbio bem, ao contrário do advérbio mal, pode
ou não se aglutinar com o segundo elemento, ainda que esse
seja iniciado por consoante.
Ex.: bem-criado (cf. malcriado), bem-ditoso (cf. malditoso),
bem-nascido (cf. malnascido), bem-visto (cf. malvisto), etc.
Se o 1º elemento é constituído de “além”, “aquém”,
“recém” e “sem”.
além-Atlântico recém-casado
além-mar recém-nascido
além-fronteiras sem-terra
aquém-fiar sem-teto
aquém-Pirineus sem-vergonha
Se os elementos derivam encadeamentos vocabulares
ocasionais ou combinações históricas.
a divisa Liberdade-Igualdade-
-Fraternidade Angola-Brasil
a ponte Rio-Niterói Áustria-Hungria
o percurso Lisboa-Coimbra-Porto Tóquio-Rio de Janeiro
NÃO SE USA HÍFEN nas locuções de qualquer tipo.
Cão de guarda em cima
Fim de semana por isso
(locução substantiva) (locução adverbial)
Cor de açafrão abaixo de
Cor de vinho acerca de
(locução adjetiva)
Cada um a fim de (locução prepositiva)
Ele próprio a fim de que
Nós mesmos ao passo que
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(locução pronominal)
Á parte logo que
(locução conjuntiva)
b) Em palavras derivadas de prefixos/falsos prefixos, tais
como: aero, agro, anti, ante, aquém, arqui, auto, bio,
circum, co, contra, des, eletro, entre, ex, extra, geo, hidro,
hiper, infra, in, inter, intra, macro, maxi, micro, mini, multi,
neo, pan, pluri, proto, pós, pré, pró, pseudo, retro, semi,
sobre, sota, soto, sub, super, supra, tele, ultra, vice, vizo,
etc.
USA-SE HÍFEN SE:
1º elemento (=prefixo/falso prefixo) + 2º elemento
(iniciado por “h”).
anti-higiênico super-homem
circum-hospitalar ultra-hiperbólico
co-herdeiro eletro-higrômetro
contra-harmônico geo-história
extra-humano neo-helênico
pré-história pan-helenismo
proto-história semi-hospitalar
sub-hepático
Após os prefixos des- e in-, o hífen não é usado se a
palavra seguinte perdeu o h.
Ex.: desumano, desumidificar, inábil, inapto, inumano, etc.
1º elemento (=prefixo/falso prefixo terminado por
vogal) + 2º elemento (iniciado por vogal idêntica à
vogal final do prefixo).
anti-ibérico arqui-irmandade
contra-almirante auto-observação
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infra-axilar eletro-ótica
supra-auricular micro-onda
arqui-inimigo semi-internato
O prefixo, co- em geral, aglutina-se com o 2º elemento,
ainda que iniciado pela vogal o.
Ex.: coobrigação, coocupante, coordenar, cooperação, etc.
1º elemento (=prefixos “circum-“ e “pan-“) + 2º
elemento (iniciado por vogal, “h”, “m”, “n”).
Circum-escolar pan-africano
Circum-hospitalar pan-helenismo
Circum-murado pan-mágico
Circum-navegação pan-negritude
1º elemento (=prefixos “hiper-“, “inter-“ e “super-“)
+ 2º elemento (iniciado por “r”).
hiper-requintado super-revista
inter-resistente
Após os prefixos “ex-“ (no sentido de estado anterior
ou efeito de cessar), “sota-“, “soto-“, “vice-“, “vizo-“.
ex-aluno sota-piloto
ex-diretor soto-mestre
ex-hospedeiro vice-presidente
ex-presidente vizo-rei
ex-rei
Se os prefixos “pós-“, “pré-“ e “pró-“ forem tônicos e
graficamente acentuados.
pós-graduação pré-natal
pós-tônico pró-africano
pré-conceber pró-europeu
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Pré-escolar pró-reitor
Em palavras como pospor, prever, promover não se
usa hífen, pois o prefixo perdeu sua tonicidade própria.
NÃO SE USA HÍFEN SE:
1º elemento (=prefixo/falso prefixo terminado em
vogal) + 2º elemento (iniciado por “r” ou “s”, devendo
dobrar essas consoantes).
antirreligioso infrassom
antissemita minissaia
contrarregra biorritmo
cosseno eletrossiderúrgica
contrassenha microssistema
extrarregular microrradiografia
1º elemento (=prefixo/falso prefixo terminado por
vogal) + 2º elemento (iniciado por vogal diferente).
antiaéreo autoaprendizagem
coeducação agroindustrial
extraescolar hidroelétrica
aeroespacial pluriestatal
autoestrada
c) Em palavras derivadas com os sufixos de origem
tupi-guarani -açu, -guaçu e -mirim, usa-se hífen.
amoré-guaçu capim-açu
anajá-mirim Ceará-mirim
andá-guaçu
d) Nas formas pronominais.
Usa-se o hífen quando colocadas após os verbos
(ênclise) ou no meio deles (mesóclise).
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adorá-lo(s) avistá-la-íamos
querê-la(s) contar-te-emos
merecê-lo(s) dar-se-ia
pediu-lhe
Caso haja combinações pronominais, usa-se hífen para
separá-las.
Ex.: eu vo-lo daria, se fosse meu. Caso surja alguma
novidade, no-las contariam.
Quando colocadas após o advérbio “eis”.
Ei-lo que surge dentre os desaparecidos!
Eis-me pronto para o novo ofício.
e) Caso o final da linha coincida com o uso do hífen, esse
sinal gráfico deve ser repetido na linha posterior, para fins
de clareza gráfica.
No Aeroporto Internacional de São Paulo, estavam o ex-
-presidente da Argentina e sua comitiva.
CONTEÚDO
O conteúdo do Guia foi elaborado pelos professores do
Complexo Educacional FMU, Carlos Vismara e Adalto Souza,
com revisão do Prof. Ataliba T.de Castilho (Consultor do
Museu da Língua Portuguesa).
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