PEQUENO CANTO SONETO À REDUNDÂNCIA
Todos sabem, e é consenso geral
Que pra encarar o Português de frente
Ou se planeja antecipadamente
Ou é nefasta a conclusão final
É minha própria opinião pessoal
E aqui repito tudo novamente
Que surpreende inesperadamente
Conferir protagonismo principal
A tal bandido vilão perigoso
O pleonasmo dito vicioso
Que além de tudo é também redundante
E então baseado em fatos reais
Afirmo são ambos metades iguais
Que bela dupla de dois meliantes…
(Para o amigo e Mestre Cordelista Stelio Torquato Lima.)
“Doubting, dreaming dreams no mortal ever dared to dream before” (“Duvidando, sonhando sonhos que nenhum mortal ousou sonhar antes”). Poe E. A.
Pleonasmo é uma figura de linguagem caracterizada pela repetição enfática de uma ideia. O pleonasmo de reforço ou estilístico pode ser dito: semântico - se relativo ao significado de uma expressão - como, por exemplo, ‘Somente acreditei, após ter visto com meus próprios olhos’; o significado do próprio verbo ‘ver’ já seria suficiente. ‘Ver com os próprios olhos’ é uma repetição que enfatiza o ato de ver, conferindo maior veracidade à afirmação.
Quando é construído por meio da relação entre os termos da oração, o pleonasmo é dito sintático. Na frase: - A ele não lhe cabe decidir quem será promovido. - O verbo ‘caber’ exige um complemento indireto, no caso, o pronome ‘lhe’ repetindo o ‘a ele’. Portanto, ao usar ‘a ele’ para enfatizar a quem não cabe decidir, ocorre um pleonasmo sintático, pela repetição do objeto indireto.
Já a chamada redundância, pleonasmo vicioso, ou tautologia, é vício de linguagem e caracteriza-se pela repetição desnecessária, reafirmar o óbvio. Como no soneto acima, em que o autor fez questão de ‘exceder-se nos abusos’.
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