CRASE E SEMÂNTICA
Muitas vezes, na escrita, marcamos o "a" com acento grave por questões semânticas, isto é, levando em conta o significado do contexto, uma vez que não ocorreria o fenômeno intitulado "crase", que consiste na fusão de dois sons idênticos: sequência da preposição pura "a" mais o artigo definido feminino "a(s)" ou o "a" inicial dos pronomes demonstrativos "aquela", "aquele", "aquilo" (e variações).
Nos enunciados "Fulano cheira a gasolina", significa que alguém está "aspirando", "inalando". Em tal estrutura não há preposição "a" e, por esse motivo, o "a" não recebe acento indicativo de crase.
Lembrando: só acentuamos ( ` ) o "a" graficamente quando houver dois sons idênticos: a + a = à. Na ausência de um deles, teremos preposição pura ou artigo definido feminino. É claro que em outros contextos esse "a" poderá ter outras funções morfossintáticas, como, por exemplo, de adjetivo, numeral, pronome...
Em "Fulano cheira à gasolina", embora não ocorra crase, o acento gráfico é necessário porque agora queremos dizer que alguém "exala" o cheiro de gasolina. Repito, nessa estrutura não ocorre a fusão de dois "aa", pois o verbo cheirar é transitivo direto e não rege preposição. Por essa razão, nesse contexto, figura apenas artigo "a".
Por fim, convém não confundir "crase" com "acento". Este marca a fusão, a contração de dois "aa"; aquela nomeia um fenômeno linguístico, que consiste na contração de dois sons idênticos. Na escrita, tal ocorrência é marcada por meio do acento grave, acento indicador de crase, ou, ainda, acento indicativo de crase.
PARA SABER MAIS...
LAIBIDA, Cliceu. A Crase sem Crise. 1.ª ed. Blumenau: EdiFurb, 2009.