VÍRGULA: É INADEQUADO ENSINAR ASSIM!
Passamos em média onze anos na escola. Nesse período, entre muitos "ensinamentos", aprendemos (será?) que a vírgula indica uma pequena pausa. E mais nada. Por alguma razão, etimologia e conceitos são deixados de lado.
Na verdade, o emprego desse sinal gráfico está relacionado à sintaxe. Isso mesmo. Para empregarmos adequadamente a vírgula, devemos dominar a estrutura de nossa língua, a disposição das palavras na oração. Se tal símbolo indicasse pausa (pequena, média, grande...) ninguém teria dúvida nem problema em empregá-lo nos mais diversos contextos linguísticos. Como sabemos, na prática, não é o que acontece.
Na cadeia da fala, qualquer enunciado pode ser proferido com ou sem pausa(s). Vejamos um exemplo:
Ana ganhou uma bola.
Na estrutura apresentada, não há vírgula(s). E a ausência dela(s) tem a ver com a sintaxe e não com pausa(s). No campo sintático, é ensinado que "não se usa vírgula entre sujeito e predicado nem entre o predicado e seu complemento". Viu? Novamente repito, a vírgula não indica pausa.
Agora vejamos outro exemplo:
Ana, sente-se!
Nessa frase, o vocábulo "Ana" é um vocativo, ou seja, um chamamento, é a quem alguém se refere. Por esse motivo, a vírgula é empregada para isolar esse termo sintático, uma vez que ele não tem função estrutural.
Para concluir, amparo-me em Maria Leonor Carvalhão Buescu, na obra Gramáticos Portugueses do séc. XVI, Biblioteca Breve, vol. 18, pág. 69, "apud" José Neves Henriques: "Façamos pausa, não onde está a vírgula, mas onde se encontra o traço vertical".
Um abraço virtual e até breve!