17.3 - Subclasses dos VERBOS e classe dos ADJECTIVOS... - com uma conclusão “melhorada”

No último capítulo, OBSERVÁMOS que os verbos FUNCIONAM de diferentes maneiras na construção das frases.

Hoje, e nos próximos capítulos, de acordo com essa observação, vamos constatar que os VERBOS são uma CLASSE de palavras que se pode subdividir em diferentes SUBCLASSES.

Então, vamos recordar as conclusões com que terminámos o capítulo anterior:

1- Há verbos que ...EXPRIMEM... uma ideia, uma apreciação.

2- Há verbos que ...INFORMAM... que ACONTECEU uma ACÇÃO.

São verbos cuja ACÇÃO ... RECAI ... SOBRE algo

3- Há verbos cuja ACÇÃO ... é DIRIGIDA... A ALGO, ou A ALGUÉM

4- E há verbos que estão na frase para AUXILIAREM o verbo PRINCIPAL.

Hoje, e para evitar misturar muitas noções diferentes, vamos desenvolver apenas a conclusão relativa à frase 1 do capítulo anterior:

Aquele rapaz É bem jeitoso. (verbo SER)

A nossa conclusão foi que:

Há verbos que ...EXPRIMEM... uma ideia, uma apreciação, e que para isso vêm acompanhados por uma expressão elucidativa.

I - Verbos de SIGNIFICAÇÃO INDEFINIDA:

Dissemos que o verbo SER, só por si, não contém uma ideia completa...

Para EXPRIMIR uma IDEIA, uma APRECIAÇÃO, uma opinião sobre algo, ele precisa de uma ajuda.

Mas tal como o verbo SER, há outros.

Não são muitos, poderemos fixá-los facilmente:

1): Aquela miúda FOI muito simpática comigo. (verbo SER)

2): A minha avó ERA uma velhinha adorável. (verbo SER)

3): O dia dos meus anos ESTEVE maravilhoso. (verbo ESTAR)

4): Este Verão, a praia TEM ESTADO fantástica! (verbo ESTAR)

5): O meu avô FICAVA muito bonito com as suas barbas brancas. (verbo FICAR)

6): FIQUEI deslumbrada com aquela visita ao Norte do País. (verbo FICAR)

7): Nos momentos mais difíceis, a minha mãe PERMANECIA calma e tranquila. (verbo PERMANECER)

8): Eu CONTINUEI estudiosa ao longo da minha carreira. (verbo CONTINUAR)

Vemos aqui que os verbos SER, ESTAR, FICAR, CONTINUAR, PERMANECER, precisam que lhes completemos o sentido. Por isso:

= são VERBOS de significação incompleta, ou SIGNIFICAÇÃO INDEFINIDA

e

= as palavras que lhes completam o sentido são o NOME PREDICATIVO do SUJEITO:

...é... bem JEITOSO

...era... uma velhinha ADORÁVEL

...esteve... MARAVILHOSO

...tem estado... FANTÁSTICA

...ficava... MUITO BONITO

...fiquei... DESLUMBRADA

...permanecia... CALMA e TRANQUILA

...continuei... ESTUDIOSA

Vemos que o NOME PREDICATIVO do SUJEITO, como exprime as QUALIDADES que completam o sentido do verbo, é constituído, em geral, por ADJECTIVOS.

II - Os ADJECTIVOS

A- Os ADJECTIVOS são uma outra CLASSE de palavras.

É com os ADJECTIVOS que EXPRIMIMOS as nossas OPINIÕES,

enunciando os ESTADOS das "coisas"... as QUALIDADES das "coisas":

1- Essa opinião É... ACERTADA

Esse objectivo ESTÁ... CORRECTO.

2- A dona da loja FICOU... PERPLEXA.

3- A questão ecológica PERMANECERÁ... PREOCUPANTE... enquanto a Humanidade lhe CONTINUAR... INDIFERENTE.

Frases 1: ACERTADA, CORRECTO:

A nossa opinião exprime as QUALIDADES das coisas que observámos.

Frase 2: PERPLEXA.

A nossa opinião interpreta o ESTADO em que ficou a dona da loja.

Frase 3: PREOCUPANTE: é a QUALIDADE da questão ecológica

INDIFERENTE: é a QUALIDADE da Humanidade.

B- Há várias maneiras de usarmos os ADJECTIVOS:

1- SIMPLESMENTE:

O meu gatinho é MEIGUINHO.

Nas frases anteriores, usámos os adjectivos de forma... SIMPLES.

2- É com os ADJECTIVOS que fazemos COMPARAÇÕES:

Este livro é MAIS INTERESSANTE DO QUE o outro que li antes.

A comédia desta tarde foi TÃO DESENGRAÇADA COMO a de ontem.

Felizmente, a chuva desta tarde foi MENOS INTENSA DO QUE a da manhã!

3- E ainda, é com os ADJECTIVOS que enaltecemos alguém, ou alguma coisa:

A minha Bibi era uma gatinha AMOROSÍSSIMA!

Quando ela morreu, fiquei MUITO DESGOSTOSA...

C- Vemos que, de facto, com os ADJECTIVOS, não só exprimimos as nossas opiniões, atribuindo QUALIDADES às "coisas", como interpretamos

os ESTADOS das "coisas":

Nas nossas conversas, ao utilizarmos os ADJECTIVOS, estamos a exprimir uma OPINIÃO: estamos a INTERPRETAR o exterior: estamos a usar a nossa SUBJECTIVIDADE.

Nas nossas histórias: ao utilizarmos criteriosamente os ADJECTIVOS, estamos a dar brilho às DESCRIÇÕES, estamos a CARACTERIZAR devidamente as PERSONAGENS que criamos!

Nota: Sobre a DESCRIÇÃO, poderá recordar o capítulo 13-1.

III Conclusão

Através de tudo quanto temos estudado até agora, podemos concluir que para estudarmos as palavras, é prático distinguir que podemos agrupá-las por CLASSEs.

Ao agrupá-las por CLASSEs, o nosso estudo fica muito simplificado!

Assim, já estudámos:

a CLASSE dos PRONOMES, dos capítulos 19 até 27.

E actualmente, estamos a estudar a CLASSE dos VERBOS.

Por necessidade, abordámos uma outra CLASSE de PALAVRAS: os ADJECTIVOS

Myriam / Setembro de 2021

Mais uma achega:

De acordo com um comentário que recebi, é de salientar que finalizámos este capítulo com dois tipos de conclusões:

- uma conclusão, diz respeito à Gramática;

- outra conclusão, diz respeito à Teoria Literária.

Então, vamos clarificar:

Neste capítulo, falámos de GRAMÁTICA ao falar sobre os “mecanismos” da LÍNGUA;

e

falámos de TEORIA LITERÁRIA ao falarmos sobre os “mecanismos” do TEXTO.

Isto é:

Falámos de “mecanismos da LÍNGUA” ao falar sobre:

= uma sub-classe dos verbos, a sub-classe dos verbos de SIGNIFICAÇÃO INDEFINIDA;

= e ao falarmos sobre a CLASSE dos ADJECTIVOS;

E falámos de “mecanismos do TEXTO” ao falarmos da capacidade expressiva dos ADJECTIVOS, ou seja, a sua funcionalidade expressiva dentro do Texto, a sua “utilidade” como elementos da DESCRIÇÃO.

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De agora em diante, sempre que se proporcione, na conclusão de cada artigo, faremos esta distinção:

= a Gramática diz respeito aos mecanismos da Língua: diz respeito ao funcionamento das diferentes CLASSES de palavras;

= a Teoria Literária diz respeito aos mecanismos do Texto:

Para fazer Literatura, ou seja, para fazer ARTE, precisamos de saber como utilizar os recursos que a Língua nos fornece!

Não se trata apenas de saber “construir as frases”;

Trata-se também da “beleza” do texto, da sua capacidade “expressiva”, da sua capacidade “evocativa”, da sua capacidade de sugestionar, de reforçar as ideias e as sensações que se pretende transmitir aos leitores.

© Myriam Jubilot de Carvalho

Setembro de 2021

Myriam Jubilot de Carvalho
Enviado por Myriam Jubilot de Carvalho em 25/09/2021
Reeditado em 22/05/2022
Código do texto: T7350170
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