DISCREPÂNCIAS ORTOGRÁFICAS
Há algumas semanas a ABL (Academia Brasileira de Letras) liberou a sexta edição do VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa). Foram incluídos 1.000 vocábulos, contando, agora, com 382.000 mil palavras.
Em uma rápida pesquisa, chamo a atenção para a entrada TELE-EDUCAÇÃO, com hífen. Achei estranho optarem somente por essa grafia, desprezando a forma "TELEDUCAÇÃO", que é uma variação ortográfica. Tal forma está amparada em vários dicionários de referência, como, por exemplo, Houaiss, edições 2001 e 2009; Aurélio Cem Anos, 5.ª ed.; Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, 2015; Novíssimo Aulete - Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, 2011.
A ABL sempre demorou a posicionar-se acerca de nosso idioma. Diferentemente da Academia Real Espanhola e da Academia Francesa. Um exemplo disso é o termo TELE-ENTREGA, que só agora passou a figurar na 6.ª ed. do VOLP. E ele já é usado faz muito, muito tempo.
Em todas as línguas, há uma tendência simplificadora e modernizadora ao proferirmos e grafarmos determinadas palavras: moto (e não motocicleta), micro (e não microcomputador), foto (e não fotografia), entre outras. No alemão, "blitz" (e não "Blitzkrieg"). Claro, ele também figura em nosso idioma. Trata-se de um estrangeirismo.
POR QUE TELE-EDUCAÇÃO E TELEDUCAÇÃO ESTÃO ADEQUADAS?
A palavra TELE-EDUCAÇÃO é formada por combinação do prefixoide "tele-" mais o substantivo "educação". De acordo com a nova ortografia, vocábulo que termina com vogal idêntica à inicial do termo seguinte pede hífen. Já TELEDUCAÇÃO segue um princípio linguístico chamado elisão, que consiste na junção de "tele-" e "educação", ou seja, como o primeiro elemento termina em vogal átona e o segundo começa por vogal, em tal processo, a vogal átona final de "tele-" desaparece, é apagada.
Enfim, por questão de bom-senso, os legisladores de nossa língua deveriam registrar ambas as formas, acabando, assim, com discrepâncias ortográficas.