TEXTO I
E que é a graça? É tudo.
É em primeiro lugar, a inteligência. Que vale a formosura plástica, quando é companheira da estupidez? E a inteligência não dá apenas às mulheres uma beleza moral: dá-lhes também uma certa beleza física. (...)
Mas a graça também é a bondade, a doçura, a ternura, a comoção. A graça é ainda a voz.
A graça é ainda o olhar. Há olhares que saem, lindos, de feios olhos, como há lírios alvíssimos que rebentam de pântanos escuros. O olhar, que é a voz muda da inteligência e da piedade, dá às vezes à mais feia e disforme das faces humanas uma beleza imaterial e divina. E não é sem razão que de todos os "feitiços" femininos é o feitiço do olhar o que mais comumente inspira a poesia lírica, erudita ou popular (...)
Respeitemos a Beleza, mas admiremos e amemos a Graça. Para dizer toda a verdade, a Beleza é talvez uma ilusão. Se o povo diz que "quem ama o feio, bonito lhe parece", é porque é o Amor que cria a Beleza. Mas é a graça quem gera o Amor.
Abri qualquer dicionário, e cotejai a miséria da palavra - Beleza - com a opulência sinonímica da palavra - Graça. Beleza - é apenas a qualidade do que é belo e do que causa admiração... E Graça? Graça é atrativo, é sedução, é benevolência, é favor, é mercê, é perdão, é comutação de pena, é elegância, é gracejo, é riso, é alegria, é dom sobrenatural como meio de salvação, é privança, é boa aceitação, é agradecimento, é benefício material ou espiritual, é delicadeza, é finura, é sutileza, é espírito, é tudo quanto há de afável e carinhoso... E lembrai-vos, minhas senhoras e meus senhores, que, quando vos dirigis à super-mulher em quem os criadores do poema católico simbolizaram a extrema pureza e a extrema misericórdia, não lhe dizeis: "Ave-Maria, cheia de beleza!", porém: “Ave-Maria, cheia de graça!".
Conferências Literárias, RJ, 1912
1. Em "A graça é ainda a voz.", o valor semântico que a palavra grifada possui revela:
(A) Temporalidade;
(B) Concessividade;
(C) Inclusão;
(D) Proporcionalidade;
(E) Exclusão.
2. O texto constitui um discurso retórico, sobretudo pelo uso persuasivo da linguagem. Dos recursos retóricos relacionados a seguir, o(s) único(s) NÃO presente(s) no texto é(são):
I. emprego do vocativo
II. ironia depreciativa
III. reiteração de ideias constituindo paralelismo
IV. perguntas como articuladoras do raciocínio
V. argumento de autoridade
(A) I e IV apenas;
(B) II e III apenas;
(C) III e V apenas;
(D) I, II e IV apenas
(E) II e V apenas.
3. "Há olhares que saem, lindos, de feios olhos, como há lírios alvíssimos que rebentam de pântanos escuros."
No segmento textual acima só não se verifica a seguinte figura de linguagem:
(A) antítese – alvíssimos x escuros;
(B) comparação – como há lírios;
(C) hipérbole – alvíssimos;
(D) paradoxo – lindos, de feios olhos;
(E) hipérbato – saem, lindos, de feios olhos;
4. Nas linhas finais do texto, encontramos "...não lhe dizeis: 'Ave-Maria, cheia de beleza!', porém: “Ave-Maria, cheia de graça!’" O pronome de valor referencial só NÃO alude a:
(A) super-mulher;
(B) extrema pureza;
(C) Ave-Maria;
(D) cheia de beleza;
(E) Mãe de Jesus;
5. As aspas foram largamente utilizadas no texto em questão e servem para propósitos diversos. Assinale o comentário inadequado sobre seu uso.
(A) "Ave-Maria, cheia de beleza!" – paráfrase do original;
(B) "et la grâce, plus belle encore que la beauté..." – isolar estrangeirismo;
(C) "quem ama o feio, bonito lhe parece" – máxima popular;
(D) "feitiços" – termo usado fora de seu contexto;
(E) “Ave-Maria, cheia de graça!" – citação.
6. “Respeitemos a Beleza, mas admiremos e amemos a Graça.” Nesta passagem do texto, o autor emprega a 1ª pessoa do plural, evidenciando a sua participação naquilo que prega. Caso não desejasse tal evidência, poderia o autor se omitir, utilizando apropriadamente a 3° pessoa, mantendo o tom imperativo do seguimento original, como demonstra a seguinte reescritura:
(A) respeita a Beleza, mas admira e ama a Graça
(B) respeite a Beleza, mas admire e ame a Graça
(C) respeite-se a Beleza, mas que se admire e ame a Graça
(D) que se respeite a Beleza, mas admire e ame-se a Graça
(E) respeita-se a Beleza, mas que se ame e que se admire a Graça
7. “A graça é ainda o olhar. Há olhares que saem, lindos, de feios olhos”. O valor morfossintático da expressão em destaque só se repete em;
(A) Ele sentia medo de tudo.
(B) Os cardiologistas vivem de ataques cardíacos alheios.
(C) O atleta correu de ficar sem fôlego.
(D) Não dormiu de tanta agitação na casa.
(E) Votou de Paris na segunda feira à tarde.
8. O termo em destaque a seguir só está corretamente substituído na frase:
(A) a opulência sinonímica – agressividade
(B) é sedução, é benevolência – caridade
(C) e cotejai a miséria da palavra – admirai
(D) é favor, é mercê – indulto
(E) é comutação de pena – perdão
9. Assinale o par de vocábulos onde os sufixos possuem o mesmo valor semântico que em comutação e espiritual, presentes no texto I.
(A) agradecimento – material
(B) sutileza – sobrenatural
(C) aceitação – privança
(D) admiração – qualidade
(E) elegância – finura
10. Em “quando vos dirigis à super-mulher EM QUEM os criadores do poema católico simbolizaram a extrema pureza e a extrema misericórdia” a frase que se completa com essa mesma preposição é:
(A) “Acreditamos ______ que disseste a verdade.”
(B) “Necessitava ______ que me dissesses tudo.”
(C) “Ela é a mulher ______ desconfio ter-nos roubado.”
(D) “Cada um ______ quem te referiste faltou hoje.”
(E) “O caso ______ quem te falei não mais se repetiu.”
Texto II
Educai o coração da mulher, esclarecei seu intelecto com o estudo de coisas úteis e com a prática dos deveres, inspirando nela o deleite que se experimenta ao cumpri-los: purgai a sua alma de tantas nocivas frivolidades pueris de que se acha rodeada mal abre os olhos à luz.
Cessai aqueles tolos discursos com os quais atordoais sua razão, fazendo-a crer que é rainha, quando nada mais é do que a escrava dos vossos caprichos. Não façais dela a mulher da Bíblia: a mulher de hoje em dia pode sair-se melhor do que aquela; nem muito menos a mulher da Idade Média: da qual estamos todas tão distantes que não poder-nos-ia servir de modelo; mas a mulher que deve progredir com o Século XIX ao lado do homem, rumo à regeneração dos povos.
Guarde-se bem o homem de ter a mulher para seu joguete, ou sua escrava; trate-a como uma companheira da sua vida, devendo ela participar de suas alegres e tristes aventuras; considere-a desde o berço até seu leito de morte, como aquela que exerce uma influência real sobre o destino dele, e por conseguinte sobre o destino das nações; dedique-lhe, por último, uma educação como exige a grande tarefa que ela deve cumprir na sociedade como o benéfico ascendente do coração; e a mulher será como deve ser, filha e irmã dedicadíssima, terna e pudica esposa, boa e providente mãe.
(1859 – FLORESTA, Nísia. Cintilações de uma alma brasileira. Florianópolis / Santa Cruz: Ed. Mulheres / Ed. da UNISC, 1997. pág. 115 / 117)
11. No texto II, o uso frequente dos verbos no imperativo justifica-se pela necessidade de:
(A) mostrar se a escritora dissertou sobre os direitos das mulheres, dos índios, dos escravos.
(B) exprimir uma orientação da autora para que se façam ações que, na sua opinião, têm o fim de melhorar a condição da mulher.
(C) expressar uma ordem absoluta, isto é, uma ordem que deve ser cumprida sem condição, como se fosse um mandamento.
(D) fazer da mulher de hoje a mulher da Bíblia.
(E) demosntrar que estaria correta sua luta por igualdade social.
12. A condição indispensável para que ocorra uma mudança no papel que a mulher exerce como “filha e irmã dedicadíssima, terna e pudica esposa, boa e providente mãe”, de acordo com o texto II, é:
(A) o homem exercer uma influência real sobre o destino dela e o destino das nações.
(B) o homem guardar-se de tratá-la como companheira da sua vida, joguete ou escrava e respeitá-la como aquela que designa o destino do mundo.
(C) o homem vê-la como aquela que exerce uma influência real sobre o destino dele.
(D) o homem evitar vê-la como objeto e procurar tê-la como sua companheira de vida.
(E) o homem dividir com ela tarefas elementares do cotidiano familiar.
13. Assinale a opção em que o termo grifado não se vincula sintaticamente ao substantivo que o antecede, não constituindo, por isso um caso de regência nominal, e sim verbal:
(A) “esclarecei seu intelecto com o estudo de coisas úteis”.
(B) “Cessai aqueles tolos discursos com os quais atordoais sua razão”.
(C) “a mulher de hoje em dia pode sair-se melhor do que aquela”.
(D) “quando nada mais é que a escrava dos vossos caprichos”.
(E) “uma companheira da sua vida”.
14. Das palavras abaixo retiradas do texto, uma, ao se suprimir o acento, além de inviabilizar o contexto no qual se insere, muda de classe. Assinale-a.
(A) benéfico;
(B) úteis;
(C) Bíblia;
(D) até;
(E) Século.
15. “Educai o coração da mulher, esclarecei seu intelecto com o estudo de coisas úteis e com a prática dos deveres, inspirando nela o deleite que se experimenta ao cumpri-los: purgai a sua alma de tantas nocivas frivolidades pueris de que se acha rodeada mal abre os olhos à luz.”
Passando as formas do imperativo para a segunda pessoa do singular, obteremos a seguinte reescritura.
(A) Eduque - esclareça - purgue
(B) Educa - esclareça - purga
(C) Educa - esclarece - purgas
(D) Educa - esclareças - purgues
(E) Educa - esclarece - purga
16. O texto II foi escrito no Século XIX, portanto, seu anacronismo faz com que determinadas regras usuais sejam deixadas de lado. A propósito, marque a frase em que há uma construção NÃO recomendada pela Gramática Normativa atual.
(A) “que não poder-nos-ia servir de modelo”
(B) “devendo ela participar”
(C) “que ela deve cumprir”
(D) “mal abre os olhos à luz”
(E) “dedique-lhe, por último”
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
(Língua Portuguesa, de Olavo Bilac)
17. O poeta Olavo Bilac foi um dos maiores representantes da poesia parnasiana. O texto acima representa uma forma fixa muito utilizada pelos escritores parnasianos, que é:
(A) uma ode
(B) uma elegia
(C) um haicai
(D) um soneto
(E) uma trova
18. Entre as principais características do simbolismo estão:
(A) objetivismo, otimismo, religiosidade.
(B) subjetivismo, pessimismo e misticismo.
(C) misticismo, individualismo e objetivismo.
(D) cientificismo, racionalismo e otimismo.
(E) subjetivismo, racionalismo e materialismo
19. Sobre o Arcadismo é correto afirmar:
I. É uma escola literária que, no Brasil, compreendeu o período entre 1768-1808, e antecede o Romantismo.
II. Também é conhecido como Setecentismo e Neoclassicismo.
II. Fugere urbem, Locus amoenus e Carpe diem são expressões em latim que expressam tendências árcades.
(A) Apenas III está correta.
(B) Nenhuma está correta.
(C) Apenas II está correta.
(D) I e II estão corretas.
(E) Todas estão corretas.
20. Leia as proposições acerca do Trovadorismo
I. As poesias palacianas eram produzidas para serem declamadas, enquanto as cantigas trovadorescas para serem cantadas.
II. As cantigas satíricas trovadorescas são subdividas em dois tipos: cantigas de escárnio e cantigas de maldizer.
III. O trovadorismo é uma escola literária de transição que marcou o fim da Idade Média.
Está(ão) correta(s)
(A) I
(B) I e II
(C) I e III
(D) II e III
(E) I, II e III
GABARITOS
1. C
2. E
3. C
4. D
5. A
6. C
7. E
8. C
9. A
10. A
11. B
12. D
13. A
14. D
15. E
16. A
17. D
18. B
19. E
20. B
A BELEZA E A GRAÇA
Olavo Bilac
A verdadeira beleza, senhoras que me ouvis, é a vossa: é a graça: a graça, de que o velho La Fontaine já dizia: "et la grâce, plus belle encore que la beauté...", a graça, que zomba de todas as regras da dimensão e da proporção; a graça, que não tem idade, e não conhece leis; a graça, que transforma os defeitos em qualidades e as incorreções em perfeições. Naquela luta dos sentimentos que me avassalavam no Louvre, quando eu hesitava entre a contemplação da Vênus de Milo e a contemplação das duas visitantes, o que realmente havia era conflito entre o mármore e a vida, a guerra de competência entre a Beleza e a Graça...E que é a graça? É tudo.
É em primeiro lugar, a inteligência. Que vale a formosura plástica, quando é companheira da estupidez? E a inteligência não dá apenas às mulheres uma beleza moral: dá-lhes também uma certa beleza física. (...)
Mas a graça também é a bondade, a doçura, a ternura, a comoção. A graça é ainda a voz.
A graça é ainda o olhar. Há olhares que saem, lindos, de feios olhos, como há lírios alvíssimos que rebentam de pântanos escuros. O olhar, que é a voz muda da inteligência e da piedade, dá às vezes à mais feia e disforme das faces humanas uma beleza imaterial e divina. E não é sem razão que de todos os "feitiços" femininos é o feitiço do olhar o que mais comumente inspira a poesia lírica, erudita ou popular (...)
Respeitemos a Beleza, mas admiremos e amemos a Graça. Para dizer toda a verdade, a Beleza é talvez uma ilusão. Se o povo diz que "quem ama o feio, bonito lhe parece", é porque é o Amor que cria a Beleza. Mas é a graça quem gera o Amor.
Abri qualquer dicionário, e cotejai a miséria da palavra - Beleza - com a opulência sinonímica da palavra - Graça. Beleza - é apenas a qualidade do que é belo e do que causa admiração... E Graça? Graça é atrativo, é sedução, é benevolência, é favor, é mercê, é perdão, é comutação de pena, é elegância, é gracejo, é riso, é alegria, é dom sobrenatural como meio de salvação, é privança, é boa aceitação, é agradecimento, é benefício material ou espiritual, é delicadeza, é finura, é sutileza, é espírito, é tudo quanto há de afável e carinhoso... E lembrai-vos, minhas senhoras e meus senhores, que, quando vos dirigis à super-mulher em quem os criadores do poema católico simbolizaram a extrema pureza e a extrema misericórdia, não lhe dizeis: "Ave-Maria, cheia de beleza!", porém: “Ave-Maria, cheia de graça!".
Conferências Literárias, RJ, 1912
1. Em "A graça é ainda a voz.", o valor semântico que a palavra grifada possui revela:
(A) Temporalidade;
(B) Concessividade;
(C) Inclusão;
(D) Proporcionalidade;
(E) Exclusão.
2. O texto constitui um discurso retórico, sobretudo pelo uso persuasivo da linguagem. Dos recursos retóricos relacionados a seguir, o(s) único(s) NÃO presente(s) no texto é(são):
I. emprego do vocativo
II. ironia depreciativa
III. reiteração de ideias constituindo paralelismo
IV. perguntas como articuladoras do raciocínio
V. argumento de autoridade
(A) I e IV apenas;
(B) II e III apenas;
(C) III e V apenas;
(D) I, II e IV apenas
(E) II e V apenas.
3. "Há olhares que saem, lindos, de feios olhos, como há lírios alvíssimos que rebentam de pântanos escuros."
No segmento textual acima só não se verifica a seguinte figura de linguagem:
(A) antítese – alvíssimos x escuros;
(B) comparação – como há lírios;
(C) hipérbole – alvíssimos;
(D) paradoxo – lindos, de feios olhos;
(E) hipérbato – saem, lindos, de feios olhos;
4. Nas linhas finais do texto, encontramos "...não lhe dizeis: 'Ave-Maria, cheia de beleza!', porém: “Ave-Maria, cheia de graça!’" O pronome de valor referencial só NÃO alude a:
(A) super-mulher;
(B) extrema pureza;
(C) Ave-Maria;
(D) cheia de beleza;
(E) Mãe de Jesus;
5. As aspas foram largamente utilizadas no texto em questão e servem para propósitos diversos. Assinale o comentário inadequado sobre seu uso.
(A) "Ave-Maria, cheia de beleza!" – paráfrase do original;
(B) "et la grâce, plus belle encore que la beauté..." – isolar estrangeirismo;
(C) "quem ama o feio, bonito lhe parece" – máxima popular;
(D) "feitiços" – termo usado fora de seu contexto;
(E) “Ave-Maria, cheia de graça!" – citação.
6. “Respeitemos a Beleza, mas admiremos e amemos a Graça.” Nesta passagem do texto, o autor emprega a 1ª pessoa do plural, evidenciando a sua participação naquilo que prega. Caso não desejasse tal evidência, poderia o autor se omitir, utilizando apropriadamente a 3° pessoa, mantendo o tom imperativo do seguimento original, como demonstra a seguinte reescritura:
(A) respeita a Beleza, mas admira e ama a Graça
(B) respeite a Beleza, mas admire e ame a Graça
(C) respeite-se a Beleza, mas que se admire e ame a Graça
(D) que se respeite a Beleza, mas admire e ame-se a Graça
(E) respeita-se a Beleza, mas que se ame e que se admire a Graça
7. “A graça é ainda o olhar. Há olhares que saem, lindos, de feios olhos”. O valor morfossintático da expressão em destaque só se repete em;
(A) Ele sentia medo de tudo.
(B) Os cardiologistas vivem de ataques cardíacos alheios.
(C) O atleta correu de ficar sem fôlego.
(D) Não dormiu de tanta agitação na casa.
(E) Votou de Paris na segunda feira à tarde.
8. O termo em destaque a seguir só está corretamente substituído na frase:
(A) a opulência sinonímica – agressividade
(B) é sedução, é benevolência – caridade
(C) e cotejai a miséria da palavra – admirai
(D) é favor, é mercê – indulto
(E) é comutação de pena – perdão
9. Assinale o par de vocábulos onde os sufixos possuem o mesmo valor semântico que em comutação e espiritual, presentes no texto I.
(A) agradecimento – material
(B) sutileza – sobrenatural
(C) aceitação – privança
(D) admiração – qualidade
(E) elegância – finura
10. Em “quando vos dirigis à super-mulher EM QUEM os criadores do poema católico simbolizaram a extrema pureza e a extrema misericórdia” a frase que se completa com essa mesma preposição é:
(A) “Acreditamos ______ que disseste a verdade.”
(B) “Necessitava ______ que me dissesses tudo.”
(C) “Ela é a mulher ______ desconfio ter-nos roubado.”
(D) “Cada um ______ quem te referiste faltou hoje.”
(E) “O caso ______ quem te falei não mais se repetiu.”
Texto II
Educai o coração da mulher, esclarecei seu intelecto com o estudo de coisas úteis e com a prática dos deveres, inspirando nela o deleite que se experimenta ao cumpri-los: purgai a sua alma de tantas nocivas frivolidades pueris de que se acha rodeada mal abre os olhos à luz.
Cessai aqueles tolos discursos com os quais atordoais sua razão, fazendo-a crer que é rainha, quando nada mais é do que a escrava dos vossos caprichos. Não façais dela a mulher da Bíblia: a mulher de hoje em dia pode sair-se melhor do que aquela; nem muito menos a mulher da Idade Média: da qual estamos todas tão distantes que não poder-nos-ia servir de modelo; mas a mulher que deve progredir com o Século XIX ao lado do homem, rumo à regeneração dos povos.
Guarde-se bem o homem de ter a mulher para seu joguete, ou sua escrava; trate-a como uma companheira da sua vida, devendo ela participar de suas alegres e tristes aventuras; considere-a desde o berço até seu leito de morte, como aquela que exerce uma influência real sobre o destino dele, e por conseguinte sobre o destino das nações; dedique-lhe, por último, uma educação como exige a grande tarefa que ela deve cumprir na sociedade como o benéfico ascendente do coração; e a mulher será como deve ser, filha e irmã dedicadíssima, terna e pudica esposa, boa e providente mãe.
(1859 – FLORESTA, Nísia. Cintilações de uma alma brasileira. Florianópolis / Santa Cruz: Ed. Mulheres / Ed. da UNISC, 1997. pág. 115 / 117)
11. No texto II, o uso frequente dos verbos no imperativo justifica-se pela necessidade de:
(A) mostrar se a escritora dissertou sobre os direitos das mulheres, dos índios, dos escravos.
(B) exprimir uma orientação da autora para que se façam ações que, na sua opinião, têm o fim de melhorar a condição da mulher.
(C) expressar uma ordem absoluta, isto é, uma ordem que deve ser cumprida sem condição, como se fosse um mandamento.
(D) fazer da mulher de hoje a mulher da Bíblia.
(E) demosntrar que estaria correta sua luta por igualdade social.
12. A condição indispensável para que ocorra uma mudança no papel que a mulher exerce como “filha e irmã dedicadíssima, terna e pudica esposa, boa e providente mãe”, de acordo com o texto II, é:
(A) o homem exercer uma influência real sobre o destino dela e o destino das nações.
(B) o homem guardar-se de tratá-la como companheira da sua vida, joguete ou escrava e respeitá-la como aquela que designa o destino do mundo.
(C) o homem vê-la como aquela que exerce uma influência real sobre o destino dele.
(D) o homem evitar vê-la como objeto e procurar tê-la como sua companheira de vida.
(E) o homem dividir com ela tarefas elementares do cotidiano familiar.
13. Assinale a opção em que o termo grifado não se vincula sintaticamente ao substantivo que o antecede, não constituindo, por isso um caso de regência nominal, e sim verbal:
(A) “esclarecei seu intelecto com o estudo de coisas úteis”.
(B) “Cessai aqueles tolos discursos com os quais atordoais sua razão”.
(C) “a mulher de hoje em dia pode sair-se melhor do que aquela”.
(D) “quando nada mais é que a escrava dos vossos caprichos”.
(E) “uma companheira da sua vida”.
14. Das palavras abaixo retiradas do texto, uma, ao se suprimir o acento, além de inviabilizar o contexto no qual se insere, muda de classe. Assinale-a.
(A) benéfico;
(B) úteis;
(C) Bíblia;
(D) até;
(E) Século.
15. “Educai o coração da mulher, esclarecei seu intelecto com o estudo de coisas úteis e com a prática dos deveres, inspirando nela o deleite que se experimenta ao cumpri-los: purgai a sua alma de tantas nocivas frivolidades pueris de que se acha rodeada mal abre os olhos à luz.”
Passando as formas do imperativo para a segunda pessoa do singular, obteremos a seguinte reescritura.
(A) Eduque - esclareça - purgue
(B) Educa - esclareça - purga
(C) Educa - esclarece - purgas
(D) Educa - esclareças - purgues
(E) Educa - esclarece - purga
16. O texto II foi escrito no Século XIX, portanto, seu anacronismo faz com que determinadas regras usuais sejam deixadas de lado. A propósito, marque a frase em que há uma construção NÃO recomendada pela Gramática Normativa atual.
(A) “que não poder-nos-ia servir de modelo”
(B) “devendo ela participar”
(C) “que ela deve cumprir”
(D) “mal abre os olhos à luz”
(E) “dedique-lhe, por último”
Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…
Amo-te assim, desconhecida e obscura,
Tuba de alto clangor, lira singela,
Que tens o trom e o silvo da procela
E o arrolo da saudade e da ternura!
Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!"
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!
(Língua Portuguesa, de Olavo Bilac)
17. O poeta Olavo Bilac foi um dos maiores representantes da poesia parnasiana. O texto acima representa uma forma fixa muito utilizada pelos escritores parnasianos, que é:
(A) uma ode
(B) uma elegia
(C) um haicai
(D) um soneto
(E) uma trova
18. Entre as principais características do simbolismo estão:
(A) objetivismo, otimismo, religiosidade.
(B) subjetivismo, pessimismo e misticismo.
(C) misticismo, individualismo e objetivismo.
(D) cientificismo, racionalismo e otimismo.
(E) subjetivismo, racionalismo e materialismo
19. Sobre o Arcadismo é correto afirmar:
I. É uma escola literária que, no Brasil, compreendeu o período entre 1768-1808, e antecede o Romantismo.
II. Também é conhecido como Setecentismo e Neoclassicismo.
II. Fugere urbem, Locus amoenus e Carpe diem são expressões em latim que expressam tendências árcades.
(A) Apenas III está correta.
(B) Nenhuma está correta.
(C) Apenas II está correta.
(D) I e II estão corretas.
(E) Todas estão corretas.
20. Leia as proposições acerca do Trovadorismo
I. As poesias palacianas eram produzidas para serem declamadas, enquanto as cantigas trovadorescas para serem cantadas.
II. As cantigas satíricas trovadorescas são subdividas em dois tipos: cantigas de escárnio e cantigas de maldizer.
III. O trovadorismo é uma escola literária de transição que marcou o fim da Idade Média.
Está(ão) correta(s)
(A) I
(B) I e II
(C) I e III
(D) II e III
(E) I, II e III
GABARITOS
1. C
2. E
3. C
4. D
5. A
6. C
7. E
8. C
9. A
10. A
11. B
12. D
13. A
14. D
15. E
16. A
17. D
18. B
19. E
20. B