Um professor das antigas

Um professor das antigas

cercado de boa intenção

defendia, embora em vão,

palavras - suas amigas.

Com certo temor percebi

seu purismo inveterado

quando ergueu seu brado:

"Não é táxi, é *tachí,"

com toda força no "i"

como em abacaxi!"

Ouvi com todo respeito,

mas senti em meu peito

certo exagero do mestre

contra os termos estrangeiros

em desfavor aos brasileiros.

E havia outro teste:

A palavra era *colmêia

que, segundo o professor,

sem o menor pudor,

deveria ser tal "meia"!

Eu, aluno aplicado,

respeitei a opinião

do mestre ancião;

não assimilei o recado.

Entendo hoje que a fala

é patrimônio de quem usa

e o professor - se abusa -

sua autoridade se cala.

#bispoeta