Poliglotas em nossa própria língua
Anglicismo, galicismo, espanholismo e tantos outros "ismos" para indicar a aversão que alguns puristas ainda conservam sobre palavras importadas.
Em comunicação o que conta é nos fazermos entendidos com um vocabulário adequado aos nossos interlocutores.
A globalização é um processo irreversível, sobretudo com a velocidade oferecida pelos meios digitais. Chineses estudam inglês e português, brasileiros se aperfeiçoam em mandarim e inglês; americanos percebem que não são mais a única superpotência e se inclinam à influência chinesa mundial.
No primeiro parágrafo destaquei os "ismos" como indicativos de uma certa intolerância a palavras importadas. Um deputado tentou, por decreto, proibir o uso de palavras estrangeiras e não conseguiu seu intento. Imperou o bom-senso.
Não há mais espaço para xenofobia no mundo. O Brasil é um país que tem como norma o acolhimento de todos os povos e isso se dá desde nossa colonização pelos portugueses. Italianos, japoneses, angolanos, senegaleses contribuíram e contribuem em nossos costumes e vocabulário. Temos recebido muitos venezuelanos, sírios, e todos têm seu espaço em nossa pátria.
Determinados vocábulos estão de tal forma incorporados ao nosso falar que por vezes até nos esquecemos de sua forma original. "Football", originou o nosso futebol - que alguns queriam transformar em LUDOPÉDIO. "Abat-jour" em seu original francês pode ser encontrado em sua forma aportuguesada nos melhores dicionários: abajur.
Tudo é questão de adequação e como lembra o imortal Evanildo Bechara: "devemos ser poliglotas dentro de nossa própria língua". Temos muitos falares regionais e conhecê-los possibilita uma maior integração.