Roteiros práticos de blá-blá-blás...
A redação pessoal e profissional objetiva, concisa, clara, simples e precisa
- Apresentação
- Como não se deve escrever
- Manual da tecnomistificação
- Como fazer carreira sem muito esforço
- Embromação política
- Referências
Apresentação
A linguagem empolada, embromatória, obscura está presente em muitos textos corporativos, peças jurídicas e discursos políticos, entre outros.
Abaixo vai uma amostragem dessas espécies, que nos ajuda a "entender" e evitar blá-blá-blás: "frases para preencher o vazio de nada".
Confira:
Abaixo vai uma amostragem dessas espécies, que nos ajuda a "entender" e evitar blá-blá-blás: "frases para preencher o vazio de nada".
Confira:
Como não se deve escrever
O Manual de Redação da Presidência da República, de 1991, pág. 8, traz um exemplo de textos obscuros, que devem ser evitados em todas as comunicações oficiais. Trata-se de um pitoresco quadro, constante de obra de Adriano da Gama Kury [1], com base no qual podem ser feitas inúmeras frases, combinando-se as expressões das várias colunas em qualquer ordem, com uma característica comum: nenhuma delas tem sentido! O quadro tem a função de sublinhar a maneira de como não se deve escrever:
[1] KURY, Adriano da Gama. Para falar e escrever melhor o português . 2. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1989. p.18 e 19. Segundo o autor, o quadro consta da obra de Cesare Marchi Impariamo Italiano (“Aprendamos o Italiano”) Milão, Rizzoli Ed., 1984, e teria sido elaborado por dois professores universitários italianos no estudo “Prontuário de frases para todos os usos para preencher o vazio de nada”.
Reprodução. Fonte: Manual de Redação da Presidência da República
[1] KURY, Adriano da Gama. Para falar e escrever melhor o português . 2. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1989. p.18 e 19. Segundo o autor, o quadro consta da obra de Cesare Marchi Impariamo Italiano (“Aprendamos o Italiano”) Milão, Rizzoli Ed., 1984, e teria sido elaborado por dois professores universitários italianos no estudo “Prontuário de frases para todos os usos para preencher o vazio de nada”.
Manual da tecnomistificação
Outro exemplo, extraído de coluna publicada pelo jornalista Elio Gaspari no jornal Folha de S. Paulo, intitulada de Manual da tecnomistificação, funciona como o modelo da página anterior: O leitor pode combinar qualquer expressão listada na primeira coluna com outras, das demais, na ordem 1, 2, 3 e 4.
As variações possíveis são cerca de 10 mil... [e] permite ao empulhador que fale ininterrruptamente por mais de 40 horas, sem dizer coisa nenhuma.
Reprodução. Fonte: Elio Gaspari. Folha de S. Paulo 28, junho, 1998
As variações possíveis são cerca de 10 mil... [e] permite ao empulhador que fale ininterrruptamente por mais de 40 horas, sem dizer coisa nenhuma.
Reprodução. Fonte: Elio Gaspari. Folha de S. Paulo 28, junho, 1998
Como fazer carreira sem muito esforço
Abaixo, uma relação de palavras-chave, criada por Philip Brougton, funcionário norte-americano, que dizia que para fazer carreira em Washington era preciso falar empolado. Daí era só combinar os substantivos da coluna 1 com os adjetivos da colunas 2 e 3, em qualquer ordem, para criar textos embromatórios.
Exemplo:
A retroação opcional combinada requer que a flexibilidade estatizada central seja alçada por meio da implementação logística sistemática, caso contrário, a planificação paralela global não atingirá a estratégia operacional equilibrada. Ufa!
Pois bem, quem quiser falar difícil (e embromar — ou impressionar incautos) é só usar a tabela prática.
Reprodução. Fonte: Português jurídico. Teoria e prática. Nelson M. Schocair. Elsevier, RJ, 2008
Embromação política
O prof. Sérgio Nogueira publicou uma sugestão de leitor da coluna, no Jornal do Brasil de 06.09.1998, que facilitava o discurso dos políticos.
Eis o texto:
Eis o texto:
Se se quiser fazer uma “versão acadêmica”, pode-se substituir o item 1.A por “Brasileiras e brasileiros” e alterar a ordem dos demais itens.
Assim, por exemplo:
Assim, por exemplo:
E assim sucessivamente...
Reprodução. Fonte: Prof. Sérgio Nogueira – JB 06.09.1998
Referências
- KURY, Adriano da Gama. Para falar e escrever melhor o português . 2. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1989. p.18 e 19.
- GASPARI, Elio. Folha de S. Paulo 28, junho, 1998
- SCHOCAIR, Nelson. J. Português jurídico. Teoria e prática. Elsevier, RJ, 2008
- NOGUEIRA, Sérgio. Jornal do Brasil, 06, setembro, 1998
- Manual de Redação da Presidência da República, Brasília, 1991 [www.planalto.gov.br/legislacao]
- GASPARI, Elio. Folha de S. Paulo 28, junho, 1998
- SCHOCAIR, Nelson. J. Português jurídico. Teoria e prática. Elsevier, RJ, 2008
- NOGUEIRA, Sérgio. Jornal do Brasil, 06, setembro, 1998
- Manual de Redação da Presidência da República, Brasília, 1991 [www.planalto.gov.br/legislacao]
Nota: Textos utilizados para estudo, análise, discussão ou exercício sobre redação e língua portuguesa.