As letras e a orquestra

Gosto de um texto bem escrito. Recém-graduado em Letras, - 2011 - trago comigo a nova postura linguística que privilegia a expressão popular e reserva a formalidade para os foros adequados.

Entretanto, quando me deparo com os "sqn", "fds", "qq", sinto certa tristeza - e garanto que não se trata de saudosismo, uma vez que sou adepto de novas tecnologias de comunicação.

Penso que esta ânsia, esta urgência da rede mundial tem provocado a tendência atual das abreviações e ausência de pontuação e acentuação. Tudo precisa ser para ontem. Textos como este provavelmente não serão lidos até o final, pois no Facebook quando surge a opção "continuar lendo..." indica uma leitura mais demorada, o que contraria a urgência atual.

É verdade que textos mais longos podem se tornar entediantes, mas a única forma de aprimorar a leitura e a escrita é o exercício constante desta prática. Portanto, àqueles que me acompanharam até este ponto, meu reconhecimento e meu respeito.

Fala-se sobre todos os assuntos o tempo todo e para registrar as impressões são necessárias muitas palavras. É aí que reside o nó da questão. Se o texto é bem escrito, com todos os "rr" e "ss", pontuação, acentuação, a leitura torna-se mais ágil, pois não precisamos consultar um dicionário de abreviaturas para decifrar os "mm", "sds" e outros.

Os músicos e o maestro devem se orientar por uma partitura musical. Se este guia dos músicos contiver uma colcheia ou semicolcheia fora do lugar, o que acontecerá? Certamente a orquestra desafinará. Pois bem: é o que acontece com um texto obscuro. Desafinamos.

#bispoeta