Ele repudia, mas não repugna! /errei?/
Caro leitor, tomemos a seguinte a afirmação:
- “O Papa repudia o comunismo, mas não o repugna”.
Teríamos aí dois verbos, expressando coisas sinônimas ou apenas semelhantes?
Em caso de serem sinônimos (repudiar/ repugnar), a colocação não faria sentido.
Porém, “repugnar” é um verbo (transitivo e intransitivo) cujo substantivo correspondente é:
- REPUGNÂNCIA – que tem o significado de: sentimento que denota repulsa; sensação de asco ou aversão. Exemplo – “Ela repugna aqueles que maltratam animais..” Além disso, o mesmo dicionário traz a seguinte definição: Repugnância = Grande relutância em se comportar de determinado modo. – Confira em: https://www.dicio.com.br/repugnancia/
Agora, vejamos o sentido expresso no verbo (transitivo direto) “repudiar”.
Repudiar é expressar “repúdio”.
- REPÚDIO – Ação ou efeito de repudiar, de rejeitar, de manifestar recusa: repúdio aos mentirosos. (-e também-) Ação de repelir; repulsa ou falta de aceitação; rejeição. Exemplo: “declaração de repúdio aos comentários racistas do parlamentar”. – Confira em: https://www.dicio.com.br/repudio/
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Voltando aqui, o Tex.
A frase é:
- “O Papa repudia o comunismo, mas não o repugna”.
Do ponto de vista da gramática, não se pode apontar erro de construção. Isto ocorreria em caso de serem palavras sinônimas. Mas isso não ocorre com REPUDIAR x REPUGNAR. Também não são antônimos. São apenas semelhantes por terem um sentido muito próximo.
A interpretação correta da frase estaria no raciocínio sobre a ética do sujeito.
Vejamos.
O Papa, por mera formalidade do cargo, pode repudiar (embora atualmente não o faça) o fato de o comunismo colocar ideologicamente um regime de governo tirano no mesmo patamar de um hipotético governo do próprio Jesus Cristo. Porém, considerando-se que, nas atitudes, ele (o Papa) tem comportamento favorável aos governos da Argentina e da Venezuela, segue-se que seria impossível a ele REPUGNAR algo que ele nem mesmo REPUDIA – pois para isso ele precisaria primeiramente sentir (ao menos) REPÚDIO, o que equivaleria a REPUDIAR os atos dos governantes desses países citados. Nesse patamar, mais adiante ele poderia ou não REPUGNAR (sentir nojo).
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Portanto, a frase do título não apresenta erro gramatical.
- Ele repudia (...), mas não repugna (...)!