Concordância verbal

O que é concordância?

Se pensou em algo semelhante ao processo gramatical em que uma palavra se adapta a outra da qual é dependente, você está na direção certa!

A concordância não se reduz a uma questão de obedecer ou não a uma norma. Ela contribui para o estabelecimento da coesão textual e, portanto, para o sentido do texto.

A concordância verbal diz respeito à conformidade:

1. Número (singular/ plural);

2. Pessoa (1ª, 2ª e 3ª) que há entre o verbo e seu sujeito.

Eu, tu, ele/ela

Nós, vós, eles/elas

Concordância verbal é, portanto, a relação estabelecida de forma harmônica entre sujeito e verbo. Isso quer dizer que quando o sujeito está no singular, o verbo também deve estar; quando o sujeito estiver no plural, o verbo também estará.

Exemplos:

João foi passear no bosque.

João e Maria foram passear no bosque.

Ele gostava daquele seu jeito carinhoso de ser.

O sujeito “ele” é da 3ª pessoa do singular e concorda com o verbo gostava, também no singular.

Eles gostavam daquele seu jeito carinhoso de ser.

O sujeito “eles” pertence a 3ª pessoa do plural e concorda com o verbo gostavam, também no plural.

Nós vamos ao cinema.

O verbo (vamos) está na 1ª pessoa do plural para concordar com o sujeito (nós).

Casos especiais...

A multidão gritou.

Se o coletivo vier especificado, o verbo pode ficar no singular ou ir para o plural.

Ex.: A multidão de fãs gritou./ A multidão de fãs gritaram.

O sujeito é formado de nomes que só aparecem no plural - se o sujeito não vier precedido de artigo, o verbo ficará no singular. Caso venha antecipado de artigo, o verbo concordará com o artigo.

Ex.: Estados Unidos é uma nação poderosa./ Os Estados Unidos são a maior potência mundial.

O sujeito é formado pelas expressões: mais de um, menos de dois, cerca de..., etc. – o verbo concorda com o numeral.

Ex.: Mais de um aluno não compareceu à aula./ Mais de cinco alunos não compareceram à aula.

O uso do “SE” como partícula apassivadora: o verbo (transitivo direto) concordará com o sujeito passivo.

Ex.:

Vende-se carro.

Vendem-se carros.

Na escrita, casos em que o verbo se posiciona antes do sujeito, ou casos em que há elementos intercalados entre o verbo e o sujeito podem ocasionar dificuldades no emprego da norma padrão.

Ex.: A prática de fazer resumos, esquemas e paráfrases são formas de memorizar aquilo que estamos lendo.

Que inadequação de concordância verbal existe nessa frase?

O que é “forma de memorizar”: a “prática”, ou os “resumos, esquemas e paráfrases”?

Provavelmente, o autor do termo pretendia dizer que tal prática é uma forma de memorizar. As palavras intercaladas entre o sujeito “prática” e o verbo, deixaram esses elementos distantes um do outro. Para complicar ainda mais a situação, essas palavras estão no plural, o que pode ter induzido o autor a flexionar o verbo no plural.

Agora preste atenção nas duas reescritas dessa frase, em conformidade com a norma padrão.

Ex.:

1. A prática de fazer resumos, esquemas e paráfrases é uma forma de memorizar aquilo que estamos lendo.

2. Resumos, esquemas e paráfrases são formas de memorizar aquilo que estamos lendo.

Na segunda alternativa, eliminamos a palavra “prática”. A concordância agora se faz, de acordo com a norma padrão, com resumos, esquemas e paráfrases.

Como esse é um tipo de dificuldade muito comum, precisamos praticar bem o emprego da concordância padrão em casos semelhantes.