Do latim vulgar ao português moderno

Saussure (1916) denominou “diacronia” as transformações por que passa uma determinada língua através dos tempos, ou seja, a sua história interna. “O estudo diacrônico compreende a gramática histórica, a história do léxico e a semântica histórica” (BOTELHO, 2009, p. 59). Portanto, o estudo diacrônico da língua portuguesa se refere a evolução da língua latina na península ibérica até os nossos dias. Os primeiros contatos do Império Romano com os povos da região lusitana permitiram que o latim corrente, ou latim vulgar - língua falada pelo povo do Lácio, na península itálica – fosse levado pelos soldados às regiões conquistadas, passando então a sofrer variações por influência das línguas dos povos conquistados, tornando-o mais diferente da língua de Roma (BASSETO, 2001, p. 185). Surge um romanço (ou romance) cristão lusitano, uma das variantes linguísticas do latim corrente, por volta do Séc.VI até o Séc. IX. Com a queda de Roma e o fim da romanização o processo de dialetação se intensifica produzindo vários romaços latinos que mais tarde se transformaram nas línguas neolatinas. Uma língua românica lusitana galaico-portuguesa dos cristãos do norte entra em contato com o romanço moçárabe dos cristãos mulçumanos do sul da península ibérica, originando assim a língua portuguesa (português arcaico: galego-português), oficializada com a fundação de Portugal no Séc. XII. Por volta do Séc. XVI toma forma do português moderno até nossos dias. Este é um pequeno resumo sobre a evolução da língua latina à língua portuguesa atual.

Na gramática histórica, metaplasmo é o estudo das modificações nos sons das palavras através de sua evolução. Podem ocorrer por: acréscimo, subtração, transposição e troca. Exemplos de metaplasmos por acréscimo: stare>estar; stella>estrela; sto>estou; arena>area>areia. Metaplasmos por subtração: acume>gume; malu>mau; male>mal; saber>sabe; pede>pee>pé; de+intro=dentro. Exemplos de metaplasmos por transposição: pro>por; primariu>primairo>primeiro; pantanu>pântano; gemitu>gemidu. E finalmente, por troca podemos exemplificar os metaplasmos: lupo>lobo; nocte>noite; uita>vida; fruito>fruto; vinea>vinha; caballu>cavalo; mulher>muié; menini>mininu; altu>alto.

Referências Bibliográficas

BOTELHO, José Mario. Conceitos fundamentais acerca de fatores de evolução linguística. Revista Philologus, 42, Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2009, p. 52-65.

BOTELHO, José Mario. Causas e consequências da dialetação da língua latina: um pouco de história externa da língua portuguesa. Cadernos do CNLF, vol. XIV, nº 4, t.3. UERJ e ABRAFIL. Disponível em: <http://www.filologia.org.br/xiv_cnlf/tomo_3/2471-2481.pdf > Acesso em 05/11/19.

BASSETO, Bruno Fregni. Elementos de filologia românica: História externa das línguas. São Paulo. EDUSP, 2001.

Curso de graduação em letras/português – Latim vulgar - Universidade Federal de Santa Maria. Disponível em: https://repositorio.ufsm.br/bitstream/handle/1/16562/Curso_Let-Portug-Lit_Latim-Vulgar.pdf?sequence=1&isAllowed=y

Gelson Teixeira
Enviado por Gelson Teixeira em 19/07/2020
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