DAVID FARES

Antes de falar dos lúcidos e indispensáveis textos gramaticais deste grande advogado apaixonado por gramática e redacção, julgo importante explicar como e há quanto tempo nos conhecemos. Foi há nove anos, propriamente numa sexta-feira, que, depois da jornada laboral, resolvi entrar no Facebook e desejar - a todos os meus amigos - um bom descanso laboral. “Bom final de semana, amigos!”, escrevi no Facebook e, em reacção, um dos meus amigos virtuais, cujo nome me parece desnecessário citar, escreveu: “Obrigado, igualmente! Mas, amigo, o certo é FIM de semana, e não ‘FINAL’ de semana. Corrige isto”.

Antes de lhe responder, decidi recorrer ao dicionário a fim de saber a distinção entre o substantivo FIM e o adjectivo FINAL e dar uma resposta convincente, mas, infelizmente, eu estava no táxi a caminho para casa. Dito de outro modo, não havia um dicionário no momento e, por isso, optei por acessar à Internet para, através de um dicionário electrónico, consultar a diferença entre o substantivo FIM e o adjectivo FINAL.

No resultado da pesquisa no motor de busca do Google, apareceu, entre vários dicionários eletrónicos, o Dicionário Houaiss, Aurélio, Infopédia, assim como apareceu um link do site Recanto das Letras com o texto “FIM” E “FINAL” [NOSSA SINGELA CONTRIBUIÇÃO], de autoria de David Fares, datado de 30.07.2011.

Não sei por que razão, mas pareceu-me desnecessário consultar o Dicionário Electrónico Houaiss, entre outros, e me limitei a abrir o link do texto “FIM” E “FINAL” [NOSSA SINGELA CONTRIBUIÇÃO]. O texto convenceu-me tanto que, confesso, serviu de base para escrever um texto em resposta ao comentário do meu amigo virtual.

A partir daquela data, tornei-me leitor assíduo dos lúcidos e indispensáveis textos gramaticais de David José Soares Fares e, sempre que tivesse alguma dúvida, ia à sua escrivaninha para ver se ele já havia escrito algo sobre o assunto ou dúvida que eu tinha sobre a forma de escrever determinada palavra ou mesmo sobre sintaxe. Dois anos depois, isto é, em 2013, decidi me cadastrar no site Recanto das Letras para que, com base em minha formação em Ciências da Educação, especialidade de Ensino da Língua Portuguesa, também passasse a escrever sobre gramática e ortografia.

É pena que, infelizmente, nós, recantistas, já não possamos mais ler os lúcidos e indispensáveis textos gramaticais deste grande advogado apaixonado por gramática e redacção. Espanta, ainda, que boa parte dos textos publicados na secção Gramática e Ortografia deixem muito a desejar. Pode ser incrível, mas, verdade seja dita, a gente tem lido neste espaço muita “porcaria” no que à gramática e ortografia diz(em) respeito. Que raiva!

Escrever e falar sobre Língua Portuguesa é coisa séria. É, pois, necessário que se tenha um domínio abrangente das suas gramáticas, quer implícita quer externa, das ciências da linguagem que a estudam, a fim de se abordar bem, com realeza e convicção, respeitando o padrão normativo, na escrita, da gramática da língua a abordar. Fora disso é querer aventurar-se, é falar de coisas que poderia muito bem aprender.

Escrever sobre Língua Portuguesa implica, dentre vários aspectos existentes, formação específica e sólida, competências gráfica, argumentativa, linguística, comunicativa, gramatical, e por aí fora. Ao contrário, convém mesmo não escrever. E se escrever, deve fazer questão de entregar o que escreveu a pessoas formadas, com conhecimentos sólidos e capacidades de análises linguísticas, gramaticais, etc. Não vá pelo fenómeno “amiguismo”: procure mesmo, portanto, um especialista (bem formado) a fim de ter um trabalho, como dizia alguém, “com cabeça, pescoço, tronco e membros’’.

Confesso que, para mim, foi um grande prazer conhecer o professor David Fares através do site Recanto das Letras. Eu aprendi muito com ele. Admito. Digo, admito. Muito obrigado, amigo, professor e meu irmão na língua!

Que fique bem claro. Podem os nossos governantes se desentender por causas que nada têm a ver com os reais interesses do povo; mas, quando digo "irmão na língua", traduzo o sentimento da população portuguesa. Um brasileiro é mais um dos nossos que alguém que fale outra língua. Daí a atenção que dou aos seus textos no Recanto das Letras, bem como às suas mensagens no WhatsApp quando tenho tempo. Seria bom que o povo brasileiro o sentisse assim.

É sempre um prazer falar consigo sobre livros e língua portuguesa, você que é uma pessoa sensível, inteligente e muito interessada nestas matérias.

Um abraço da, infelizmente, "esculhambada e corrupta" nação angolana!

Littera Lu

20.04.2020