Dado o seu DESUSO, este caso de COLOCACÂO PRONOMINAL deveria deixar de existir.
Antes de irmos ao assunto, vamos "en passant" lembrar o caso da palavra "rapariga".
Muitos a desconhecem, mas ele é simplesmente a forma feminina de "rapaz" (o feminino de rapaz, entre os jovens, já se consagrou como "moça", que, na verdade, é o feminino de moça).
E qual teria sido a razão para esse desconhecimento d termo "rapariga" ? É simples : ao longo do tempo, esse termo sofreu uma profunda e pejorativa alteração e significado : antes, no início do século passado, tratar uma "senhorinha" de rapariga era o maior dos elogios, porque era sinônimo de PUREZA.
Nos dias atuais (e esse foi o motivo para esse termo cair em desuso) o termo "rapariga" tem como significado o equivalente a prostituta, aquela que ganha a vida vendendo o corpo.
Assim, se não quiser levar uma bofetada, apenas para mostrar que "é bom em Português", não caia na asneira de tratar uma jovem de RAPARIGA
E o que o assunto "rapariga" tem a ver com um dos casos de colocação pronominal ?
Aqui vai a explicação :
Há, em nossa língua, três possibilidades de colocação ou localização de um pronome oblíquo (são eles : me, te, se , lhe, o, a, nos, vos, os, as , lhes) :
a) O pronome oblíquo vir ANTES do verbo. E aí o processo se chama PRÓCLISE. Ex.: Eu TE amo (o pronome oblíquo é TE e ele está antes da forma verbal "amo").
b) O pronome oblíquo vir DEPOIS do verbo. E esse processo chama-se ÊNCLISE. Ex: Dei-TE o melhor de mim. (o pronome oblíquo, novamente, é TE e ele está DEPOIS da forma verbal "dei")
c) O pronome oblíquo vir (VALHA-NOS, DEUS !) DENTRO ou NO MEIO DO VERBO. A esse processo damos o nome de MESÓCLISE. Ex.: Dar-TE-ei o que pedires. (O pronome oblíquo, mais uma vez, aqui, é TE e ele está - ACREDITEM ! - NO MEIO do verbo.
(Há que se registrar que a mesóclise só se dá em duas únicas situações : ou o verbo estar no futuro do presente ou no futuro do pretérito
E é sobre esse último tipo de colocação pronominal que nos permitimos insurgir, defendendo que ele deixe de existir, pelo fato do seu ETERNO DESUSO. 99,99 ./. dos falantes da língua portuguesa não praticam a mesóclise, o que já caracteriza um DESUSO.
E, se alguém, para mostrar que sabe Português, usar a mesóclise, será alvo de galhofa por parte do interlocutor.
Imagine um namorado dizendo, apaixonado, para a amada :
"Querida, dar-TE-ei tudo o que quiseres..."
Não seria muito mais natural, popular e romântico se ele tivesse dito : o
"Querida, TE darei tudo quiseres"
ou até mesmo...
"Querida, darei-TE tudo o que quiseres".
(Antes de terminar : Esse último exemplo - pronome oblíquo depois de um verbo no futuro -, pelas regras gramaticais vigentes, é considerado um erro GRAVÍSSIMO).