ADJETIVOS NO DIMINUTIVO
As palavras que mais sofrem a flexão do diminutivo são as que estão na classe dos substantivos. Copo - copinho. Livro - livrinho. Papel - papelzinho. Mãe - mãezinha. Árvore - arvorezinha. E por aí vai.
Raramente, podemos ter o diminutivo no artigo indefinido:
"Fui no galinheiro recolher os ovos, mas só havia umzinho".
"Das frutas colocadas à mesa, não sobrou nem umazinha".
Carlos Drummond de Andrade, num de seus textos, usou esta expressão: "... só mais estezinho", colocando assim o pronome demonstrativo no diminutivo, talvez para dar graça a algo de pouca importância.
Mas o que interessa neste texto são os adjetivos que podem apresentar-se com o sufixo "zinho", e o que tais palavras parecem querer dizer. Veja estes pares de expressões:
céu azul - céu azulzinho
menino bom - menino bonzinho
comida quente - comida quentinha
cerveja gelada - cerveja geladinha
praia limpa - praia limpinha
Note que nas expressões à direita está implícito o eu-falante, ou seja, são expressões subjetivas. Por exemplo, se ao invés de dizer "Tomei uma cerveja gelada", eu digo: "Tomei uma cerveja geladinha", quero expressar o grande prazer que senti, mesmo que a temperatura da "gelada" e da "geladinha" seja a mesma. Do mesmo modo, as palavras "Saímos para passear, o céu estava azulzinho" dizem que o céu azul foi um fator agradável e favorável ao passeio.
Podemos criar muitas frases semelhantes, como:
"Com este sabão em pó, minha roupa branca fica branquinha, branquinha".
"Meu quarto hoje está bem arrumadinho".
"Não é sempre que a praia está bem limpinha".
"Quando toma o remédio, ele fica mais calminho".
Já outros adjetivos, como "engraçadinho" e "espertinho" não têm esse sentido de causar agrado a quem os usa. São antes pura ironia, mas ainda com o mesmo toque de subjetividade. "Você é muito engraçadinho". "Ele procura sempre ser o espertinho da turma".
Enfim, o adjetivo na forma diminutiva é um recurso que faz diferença quando o falante quer dizer o que realmente sente.