Cultura Japonesa Em Porto Mendes & Região.......*

Um Pouco da Educação e Cultura Japonesa

Quando morava em SJCampos SP, aos 11 anos aproximadamente, minha mãe me matriculou no Nihongakô ( Escola Japonesa da Colônia Local ) no Kaikan Paraíso. Na época o sensei (professor) não falava praticamente nada de Português , mas a escola era muito caprichosa e não sei informar se ainda existe neste Bairro. Eu e meu irmão , E., costumávamos ir à pé do Parque Industrial, onde morávamos para o Jardim Paraíso , onde ficava o Kainkan Paraíso, Centro Cultural onde comecei também a praticar o canto com meu pai ,Ivao , que já era conhecido da Colônia e ia cantar junto com a orquestra.

Minha mãe, Kaioko , aprendeu a escrever nihongô , pois foi uma pessoa privilegiada na época, ela nascera em 1938. Meus avós maternos chegaram no Brasil num dos primeiros navios aportados em Santos SP. Antes de 1936, devido ao preconceito , diferenças culturais, e como os japoneses primam pela educação, meus avós junto com a colônia japonesa de Itapecerica da Serra, uniram-se para construir uma escola para seus descendentes. Esta escola hoje é conhecida como um relevante Centro Cultural.

Abordando a parte da Escrita Japonesa, na minha opinião, acho que é mais fácil falar do que escrever, pois na cultura japonesa existem três tipos de ideogramas : KATAKANÁ , HIRAGANÁ e KANJÍ. Para explicar como se aprende japonês, e ajudar quem se interessa, digo que o alfabeto é constituído de ideogramas ou símbolos, todos eles silábicos. Suponhamos que se eu me chamasse Maria ---> Maria tem 3 sílabas – MA -RI-A ---> マリア ; então usaríamos esses 3 ideogramas para representar o nome. Contudo, como Maria não é um nome japonês, este deve ser escrito em KATAKANÁ ( Irei ilustrar a página com imagens para melhor entendimento ). Os nomes de países também são escritos em Katakaná, as letras de música estrangeiras, da mesma forma. O KATAKANÁ é um dos primeiros ideogramas aprendidos bem cedo nas escolas japonesas. Atualmente não sei especificar quantos deles são exigidos pelo Ministério da Educação, até porque eu não estudei e nunca fui para o Japão, porém, como os descendentes de alemães , italianos, russo-austríacos etc… meus pais frequentemente se dialogavam em sua língua. Os primeiros japoneses que chegaram no Brasil são chamados de Isseis devido ao número 1 – iti. Os filhos dos Isseis, nativos do japão que nasceram no Brasil são os Nisseis – devido ao número 2 – Ni. Eu sou da terceira geração, então sou Sansei devido ao 3 que é San.

Citando a parte da Escrita e Falas Japonesas:

HIRAGANÁ – Concomitantemente ao aprendizado do Katakaná, o HIRAGANÁ é ensinado. Para mim é o ideograma mais usado , tanto que ele é escrito juntamente com o KANJI , que irei abordar por último. Lembrando que o alfabeto japonês então é constituído de ideogramas e todos eles são silábicos. Algumas sílabas ou letras com sons do nosso alfabeto não são usados, exemplo: o fonema F de Fátima é substituído por P , então Fátima lería-se Pátima ---> ファティマ , estranho, mas é assim. O fonema L de Laranja é lido como R, ex Raranja. O fonema V de Viagem é lido como Biagem , pois o som do V praticamente não se aplica. Então vejam como a escrita é marcante numa educação e cultura estrangeira. Os hiraganás para mim foram a parte mais fácil e até hoje são para a leitura. Uma outra dica para entender o som é comparar com o francês. Muitas sílabas tônicas japonesas são oxítanas (veja em google tradutor e pratique os sons desta ferramenta) como por exemplo ao Falar – NI HO- UN- GÔ, este Gô é tônico. Perceba novamente que tudo é silábico.

KANJÍ --->; Esta é a parte mais rica da escrita japonesa que se originou da antiga Ásia, mais precisamente do alfabeto chinês. Os famosos símbolos cheios e ricos de detalhes. Como tudo tem um significado, no alfabeto japonês, o kanji tem um significado especial. Ele também representa um SENTIMENTO , AÇÃO, os elementos abstratos, que não se pode ver, mas apenas serem explicados pela narrativa do símbolo em si. Quero ressaltar que não sou fluente em Nihongô – Japonês, mas tive que frequentar o Nihongakô em SJCampos e também morei durante muitos anos num bairro japonês, onde os costumes eram extremamente exigidos por parte dos moradores.

Voltando a falar do Kanjí e relembrando de sua simbologia, irei dar um exemplo de um substantivo, Suponhamos a palavra ROSA ---> バラ ---> Bará (em japonês). Contudo se ela tiver um significado especial como descrição de uma rosa de um local especial, características diferentes como supondo, púrpura, de um determinado cheiro, poderá ser escrita em KANJÍ. O kanjí é complexo, ele representa um sentimento. ALgumas pessoas não conseguem explicar sua simbologia à um estrangeiro devido ao sentimento incorporado, assim disse meu tio, Yoshiaki . E como são milhares de ideogramas que se juntam e formam o KANJÍ, este tem que ser também iniciado e praticado desde cedo , paralelamente com o KATAKANÁ, HIRAGANÁ .

Bom, não quero me aprofundar muito neste artigo, pois há muitos cursos hojes, eu creio que a escola concreta ainda seja a melhor forma de aprender junto com um professor fluente . É o melhor caminho para quem não é autodidata como eu.

Espero que tenha podido ajudar a pelo menos esclarecer alguns aspectos da escrita Japonesa, cujo país, prima pela educação.

Agradecimentos aos meus pais, Ivao e Kaioko que tanto me incentivaram no estudo , tanto sacrifício fizeram para que seus cinco filhos tivessem acesso à educação . Se hoje sou a pessoa que sou, devo tudo primeiramente à eles.

OBS ----> Como não consigo inserir todos os ideogramas do alfabeto coloco a seguir o LINK para busca dos mesmos ------> https://www.aulasdejapones.com.br/alfabeto-japones/

Porto Mendes, 25 de abril de abril de 2019.

CARMEN YOSHIE
Enviado por CARMEN YOSHIE em 25/04/2019
Reeditado em 29/06/2020
Código do texto: T6632230
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