Vou A casa ou Vou À casa!?
Li, em certo lugar, que “quando alguém procura saber da nossa localização, paradeiro, ou que for, nós dizemos: «estou NA escola», «estou NO mercado», «estou NA rua». No entanto, apesar de a palavra ‘casa’ ser feminina, jamais dizemos «estou NA casa», mas, sim, «estou EM casa». Aqui, como podemos ver, não há artigo. A preposição em aparece sozinha. Porquê? Porque quando se trata da NOSSA casa, não admite artigo. Se não admite artigo, não é possível ocorrer crase em «vou a casa». Repita-se, se insistirmos em usar «vou À casa», teremos de admitir também «estou NA casa». O que não me parece ética ou gramaticalmente correcto”.
Em suma, segundo o autor do texto em questão, caros irmãos na língua, quando se trata da nossa própria casa, não há crase nem contracções.
Bem, a minha sensibilidade linguística notou bem a diferença. Mas, verdade seja dita, é preciso explicar porquê. NO é a contração da preposição EM com o determinante definido O. Precisa, portanto, que se indique o que é definido. Tratando-se de um único objecto, não é preciso precisar qual, pois está subentendido: NO MERCADO, NA ESCOLA. Contudo, se outros podem ser considerados, é necessário precisar: NA CASA DO MEU IRMÃO; NA MINHA CASA (não há egoísmo nenhum na frase). A preposição isolada EM, do latim ‘in’ pode ter o sentido de NO INTERIOR. Não dizemos *em a rua, porque estamos no exterior, mas dizemos EM CASA, porque estamos no seu interior.
Se considerarmos uma casa isolada no cimo dum monte, podemos dizer: ESTAMOS NA ENCOSTA ou ESTAMOS NA CASA, e podemos não estar lá dentro, mas no lugar onde está a casa.
É por essa e outras que eu, há anos, uso a crase na construção “vou à casa”.
Saudades suas, irmãos na língua Prof. David Fares, Prof. Domingos Ivan, Jajá Guaraciaba e leitores Cláudio Luiz Gomes e Verônica!
Directamente de Angola, forte abraço!