SABER AS REGRAS

Há uns vinte anos, havia um grande terreno baldio nos arredores de uma próspera cidade. Pelo tempo que passou, é óbvio que aquela área já está hoje toda urbanizada. Era um gramado todo plano e, por ser assim, era bem atraente, pois aos domingos vinham vários carros trazendo rapazes de dois bairros da cidade para jogar bola. Formavam dois times, o que aí já dava vinte e duas pessoas, mas também vinha algum técnico, um juiz ou mais alguém só pelo interesse de assistir à pelada.

Mas aconteceu que num domingo não veio ninguém mais a não ser os vinte e dois que formariam os times. Faltava um juiz. Um dos jogadores até tinha um apito, mas realmente não havia ninguém para apitar a partida.

Nas proximidades estavam alguns moleques sem fazer nada, talvez esperando o início do jogo para ficar assistindo. O mais velho deveria ter uns dezesseis ou dezessete anos.

O jogador com o apito na mão chegou ao rapazinho e perguntou:

- Ei, você sabe apitar?

E pasmem, a resposta foi surpreendente e cômica:

- Bom, apitar eu sei, mas não sei as regras.

É coisa para rir mesmo, mas também é para refletir.

Pois deixando de lado o futebol e voltando nossa atenção ao mundo das palavras escritas, vemos que neste campo também acontecem fatos semelhantes.

Muita gente quer e se põe a escrever, o que na verdade é louvável. Mas não sabem nem se preocupam com as regras, que no caso são as normas gramaticais. Mais grave é o caso de estudantes que, por obrigação, escrevem sem saber as regras. Muitas vezes o resultado é uma confusão total. Mas é preciso dizer que leituras atentas e regulares já dão uma boa noção das normas gramaticais, mesmo sem que se estude a gramática a fundo.

Do mesmo modo que a gente entende as regras do futebol só assistindo aos jogos.

Egon Werner
Enviado por Egon Werner em 26/06/2018
Reeditado em 30/06/2018
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