Policie-se para fazer uso do verbo "estar"
POLICIE-SE PARA FAZER USO DO VERBO ESTAR
Miguel Carqueija
A situação da língua portuguesa em nosso país está assustadora. Cada vez as pessoas falam pior, inclusive na televisão. Palavrões, gírias, estrangeirismos e, na linguagem escrita, erros crassos aos borbotões, além do abuso do internetês abreviativo (que surgido nas mensagens de internet hoje se espalham em textos supostamente literários, até poesias), tudo isso está a pedir uma intensa campanha de defesa do nosso idioma e um estudo em profundidade do fenômeno.
Julgo um absurdo colocar, em textos para leitura geral (não simples mensagens trocadas) a palavra “que” abreviada para “q”, você para “vc“ e por aí afora; também me parece uma opção pela preguiça dizer “Floripa” em vez de “Florianópolis”.
Mas eu quero insistir na questão do verbo estar, pois a coisa está simplesmente assustadora. Vemos na televisão que praticamente ninguém mais utiliza o verbo na forma correta. Nem repórteres nem outras pessoas, inclusive políticos. E até mesmo nas emissoras católicas, que a meu ver deveriam dar o exemplo também nesse assunto, exibem esse cacoete.
Em toda parte e a toda hora o que nós ouvimos é tá, tou (ou “tô”), tava, tive, tamos. Será que custa tanto assim pronunciar estou, está, estava, estive, estamos? Ou será que a língua portuguesa mudou?
E por falar nisso, onde está a Academia Brasileira de Letras?
Rio de Janeiro, 30 de abril de 2018.