Distinção entre crônica e conto

crônica Datação: sXIV

 substantivo feminino

1 Rubrica: história.

compilação de fatos históricos apresentados segundo a ordem de sucessão no tempo [Originalmente a crônica limitava-se a relatos verídicos e nobres; a partir do sXIX passou a refletir tb. a vida social, a política, os costumes, o cotidiano etc.]

1.1 Derivação: por metonímia.

biografia de um soberano

Ex.: a c. dos reis portugueses de Fernão Lopes

2 Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: história, literatura.

representação genealógica de uma família tida por nobre

3 Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: jornalismo.

coluna de periódicos, assinada, dedicada a um assunto (atividades culturais, política, ciências, economia, desportos etc.) ou à vida cotidiana, contendo notícias, comentários, opiniões, às vezes críticas ou polêmicas

4 conjunto de matérias e estilo próprios de uma atividade ou tema

Exs.: a c. policial

a c. esportiva

5 Rubrica: literatura.

texto literário breve, freq. narrativo, de trama quase sempre pouco definida e motivos ger. extraídos do cotidiano imediato

6 Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: literatura.

prosa ficcional, relato com personagens e circunstâncias alentadas, evoluindo com o tempo; romance

7 Derivação: por extensão de sentido. Uso: informal.

história ou conjunto de boatos, rumores, notícias a respeito de algo ou alguém

Ex.: era cada vez pior a c. que nos chegava sobre o candidato

8 Uso: informal.

espécie de biografia falada e ger. escandalosa

Ex.: todos ali já sabiam de sua c. nefasta

1conto Datação: sXIII

 substantivo masculino

1 Rubrica: literatura.

narrativa breve e concisa, contendo um só conflito, uma única ação (com espaço ger. limitado a um ambiente), unidade de tempo, e número restrito de personagens

Exs.: os c. de As Mil e uma Noites

os c. de Machado de Assis

2 relato intencionalmente falso e enganoso; mentira, embuste, treta

Fonte: HOUAISS, A. Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva. Versão 3.0. 2009.

CONTO - Narração breve, oral ou escrita, de um sucesso imaginário.

Tem um número reduzido de personagens que participam de uma só

ação, em um foco temático. Sua finalidade é provocar no leitor uma

única resposta emocional. Originariamente, o conto é uma das formas

mais antigas de literatura popular de transmissão oral.

(Enciclopédia Encarta 2000 - Microsoft®)

CRÔNICA - Atualmente, é um gênero literário que explora qualquer

assunto, principalmente os temas do cotidiano. Geralmente escritas

para serem publicadas em jornais e revistas — que, mais tarde, podem

ou não ser reunidas em livro — a crônica se caracteriza pelo tom

humorístico ou crítico.

(Enciclopédia Encarta 2000 - Microsoft®)

CONTO

A definição definitiva do que seja conto ainda não foi encontrada - e

parece-me que jamais será. Mas terá importância essa falta de uma

definição abrangente? Acho que não tem nenhuma - porque conto é

uma criação de mil faces e mais algumas: portanto, é mesmo indefinível, e assim deve continuar. Essa diversidade incapturável é justamente o que faz do conto um desafio a quem escreve ficção. Por isso é que o conto, quero dizer, o bom conto, está sempre sendo reinventado e constantemente exasperado a quem tenta defini-lo.(José J. Veiga)

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Muito se discute sobre a natureza e o valor do conto enquanto

literatura. Para muitos o gênero é composto de romancistas com pouco

fôlego para escreverem obras maiores; para outros, de escritores sem o

dom da concisão e a disciplina necessária ao rigor que caracteriza o

ofício dos poetas - mesmo aqueles que usam o verso livre. O fato é que

o conto possui atributos que o diferenciam dos gêneros mais populares

da ficção e que vão além da definição de narrativa curta. Se a Poesia

procura levar o leitor - através de sua música e construção - a regiões

míticas e originais onde a sensação é mais reveladora que o sentido, e o

Romance leva a uma participação de vivências e estados de alma onde a verossimilhança transpõe o mundo imaginário para o mundo real, o

Conto, por sua vez, tem como objeto o estado de tensão. Não estou

afirmando que as finalidades de um ou outro gênero não se cruzem e

misturem. Não. Porém o Conto, sem a subjetividade da Poesia e o

prosaísmo do Romance, permite num grau de total eficácia a invenção

na linguagem e a possibilidade de reflexão do mundo externo à obra,

viabilizando o processo de humanização do leitor - como pretendido

pelo grande crítico de literatura Antonio Candido. A centralização num

tema, a exatidão da imagem, a concisão e a profundidade dos significados são algumas das qualidades principais do Conto que o

marcam de maneira definitiva e propiciam a tensão entre texto e leitor,

cumprindo com o papel de incomodar ou deleitar cabido a boa

literatura.

(Valdo Trindade)

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Nenhum outro gênero, realmente, é tão discutido e mal definido, até

hoje, na história literária. Afinal, o que é exatamente um conto? Mário

de Andrade, num assomo de enfado, definiu-o: “Conto é tudo o que o

autor chama de conto.” E o crítico inglês H. E. Bates, citado por Aurélio

e Rónai, confessava-se, em obra de 1942, desanimado de definir o

gênero : “O conto veio a tornar-se toda espécie de coisas....um veículo

na realidade, para o talento de cada um”, e concluía: “O conto tem algo

da natureza indefinida e infinitamente variável de uma nuvem”.

Convergem os estudiosos num ponto, bem expresso pelo professor

Massaud Moisés: “Pelo que se pode saber, é desconhecida a origem do

conto. É-nos vedado pensar o momento em que surgiu, pois teríamos de

remontar a uma era da História ensombrada pelo denso mistério e

incerteza de contornos”

(Cecília Prada)

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Conto, novela, romance: A primeira coisa que devemos tirar da cabeça

é aquela história de que a diferença entre esses três gêneros é a

quantidade, ou seja, o conto é curto, a novela, mais ou menos, e o

romance é longo. Nada disso é verdadeiro. Existem novelas maiores que

romances e contos maiores que novelas.

Onde está a diferença?

Gosto muito do conceito de unidade dramática, ensinado pelo eminente

doutor em literatura, Professor Vicente Ataíde, que denominamos de

"Célula Dramática" e que passo a utilizar para uma boa compreensão

do assunto. O Conto contém apenas um único drama, um só conflito.

Esse drama único pode ser chamado de "célula dramática".

Uma célula dramática contém uma só ação, uma só história. Um conto é

um relâmpago na vida dos personagens. Não importa muito seu

passado, nem seu futuro, pois isso é irrelevante para o contexto do

drama objeto do conto. O espaço da ação é restrito. A ação não muda de lugar e quando eventualmente muda, perde dramaticidade.

O objetivo do conto é proporcionar uma impressão única no leitor.

Podemos, pois, resumir em quatro, os ingredientes que caracterizam o

conto:

1. uma ação

2. um lugar

3. um tempo

4. um tom.

Em outras palavras, um conto contém uma única Célula Dramática.

(Airo Zamoner)

CRÔNICA

O trabalho que eu faço - a crônica - é justamente a junção da literatura (muito presente na obra de meu pai) e do jornalismo (minha especialidade). Outro ponto em comum é a informalidade com que eu e meu pai procuramos escrever nossos textos.

(Luis Fernando Veríssimo)

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Liberdade de criação no jornalismo. Gênero menor na literatura. A

crônica é a própria inconstância. Na teoria, sabe-se dela o que ela não é e o que ela pode ser. Na prática, ela se define pelo estilo do autor, pelo tamanho e, por vezes, pelo veículo onde é publicada.

(Gabriela Pessoto Galano - Baurunesp)

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A crônica não é literatura, e sim subproduto da literatura, e está fora do propósito do jornal. A crônica é subliteratura que o cronista usa para

desabafar perante os leitores. O cronista é um desajustado emocional

que desabafa com os leitores, sem dar a eles oportunidade para que

rebatam qualquer afirmativa publicada. A única informação que a

crônica transmite é a de que o respectivo autor sofre de neurose

profunda e precisa desoprimir-se. Tal informação, de cunho puramente

pessoal, não interessa ao público, e portanto deve ser suprimida.

(Rubem Braga)

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Crônica: narrativa curta que geralmente tem como ponto de partida um

fato real comentado pelo autor, muitas vezes de maneira lírica ou bem-

humorada. Nas últimas décadas, no Brasil, muitos escritores

notabilizaram-se por suas crônicas: Rubem Braga, Fernando Sabino e

Luís Fernando Veríssimo, entre outros.

http://www.klickeducacao.com.br

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Sobre a crônica, há alguns dados interessantes. Considerada por muito

tempo como gênero menor da Literatura, nunca teve status ou maiores

reconhecimentos por parte da crítica. Muitos autores famosos, romancistas, contistas ou poetas, produziram excelentes crônicas, mas não são conhecidos por isso. Carlos Drummond de Andrade é um belo exemplo. Pela grandeza de sua poesia, o grande cronista do cotidiano do Rio de Janeiro foi abafado. O mesmo pode-se falar de Olavo Bilac, que, no início do século passado, passou a produzir crônicas num jornal carioca, em substituição a outro grande escritor, Machado de Assis.

http://www.russo.pro.br

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A crônica se destina a publicação em jornal ou revista. Por isso mesmo,

já se pode deduzir que deve estar relacionada com acontecimentos

diários. Se diferencia evidentemente da notícia, pois não é feita por um

jornalista e sim por um escritor, mas se aproxima de sua forma. É o

acontecimento diário sob a visão criativa do escritor. Seus personagens

podem ser reais ou imaginários. Não é mera transcrição da realidade,

mas sim uma visão recriada dessa realidade por parte da capacidade

lírica e ficcional do autor. Normalmente, por se basear em fatos do

cotidiano, ela tende a se desatualizar com o passar do tempo. Nem por

isso deixa de perder seu sabor literário quando agrupamos um conjunto

delas em um livro. O cronista é essencialmente um observador, um

espectador que narra literariamente a visão da sociedade em que vive,

através dos fatos do dia a dia.

(Airo Zamoner)

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Modernamente, a crônica é o gênero literário que se concentra em

acontecimentos da vida cotidiana, os quais, à primeira vista, podem

parecer banais para qualquer pessoa, mas que ganham sua devida

importância na visão do cronista. Tais acontecimentos sejam elas

pertencentes à vida política, esportiva, social, literária ou policial, são

sempre comentados sob o ponto de vista de seu autor, adquirindo a

crônica um estilo peculiar a este. E é pelo estilo simples, ágil e poético

que o cronista atrai o leitor para sua obra, utilizando para isto de uma

linguagem leve, informal, com a presença de presença de diálogos,

toque de humor, sarcasmo e mesmo de que se aproxima do nosso modo

de ser mais natural. A linguagem da crônica é, pois, descompromissada

das construções rebuscadas, da sintaxe rica, dos adjetivos em excesso,

e de tudo aquilo que a torna distante da vida real, ajustando-se desta

forma, ao lirismo do nosso dia-a-dia. A crônica, às vezes, pode ser

confundida com o conto, pelo fato de serem a criação de uma nova

realidade, No entanto, o que difere - analisando através da linguagem -

é que na crônica existe agilidade e simplicidade; faz uso de recursos

orais (como os diálogos freqüentes), e de coloquialismos, que a tornaram mais próxima, e, de certa forma, melhor compreensível ao leitor.

Fonte: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/roteiropedagogico/publicacao/4084_CONTO_OU_CRONICA.pdf