AS PRIMEIRAS PALAVRAS

Uma questão que por certo jamais será devidamente esclarecida é a da origem do homem neste planeta. A ciência diz que o ser humano é fruto de uma lenta evolução, enquanto que a religião afirma que o homem apareceu já pronto, acabado, falando e tudo o mais.

Se dermos maior razão à ciência, devemos supor que também a linguagem desenvolveu-se lentamente. As primeiras palavras seriam aquelas relacionadas com a sobrevivência da espécie. Como hoje, a vida depende da comunicação entre os semelhantes.

Nestes tempos modernos, com a linguagem lapidada, vemos todas as palavras divididas em classes. Dez classes gramaticais, para o caso do português. Mas para a comunicação entre os primatas, os substantivos talvez fossem mais importantes. Poderiam eles entender-se razoavelmente só com as palavras nesta classificação? Pode ser que sim.

Mas não, não foram os substantivos que surgiram primeiro, e sim as interjeições. Pois antes de qualquer coisa, foram os gritos e os grunhidos que saíram da garganta do homem primitivo.

Então, com interjeições, substantivos, muitos gestos e algumas caretas, aqueles brutamontes já saíam-se bem no tocante à comunicação entre eles.

Hoje, as interjeições parecem ser a classe de palavras menos importantes da gramática. As interjeições em nossa comunicação parecem dizer que ainda temos algo de primitivo, aquele instinto herdado dos homens das cavernas. Por isso os gramáticos não querem render-se ao seu domínio, mas o fato é que elas persistem.

Egon Werner
Enviado por Egon Werner em 11/03/2018
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