ORTOGRAFIA

ESESÕES (vamos akabar koum elas?)

Amigos,

Koum pedido de deskulpas pela sitasãum, kuaze ke integralmente coum rekurso à memória,lembro-me de ke, anos atrás, profesores do RS, se nãum me engano, aprezentárãum estudo para reforma ortográfika da língua portugeza, ke pudese fasilitar a maneira de eskrever as palavras, koum ortografia da maneira o kuanto mais uniforme fose posível. Os prinsipais objetivos seríãum a padronizasãum e a eliminasãum de esesões.

Koum esa pífia reforma agora autorizada, Portugal e kolônias, komo sempre, déveim permaneser ezitantes eim adotar o novo akordo e, se asim akonteser, o Brazil fikará sozinho nesa istória.

A ortografia agora proposta nãum só nãum se tornou mais simples, komo tambeim nãum kumprirá o objetivo prinsipal de padronizar a língua. Konsta ke oje é presizo redijir dois dokumentos nas entidades internasionais: koum a grafia de Portugal e do Brazil.

É uma tristeza.

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Ficou chocado com essa ortografia? Causou-lhe estranheza? Sofreu algum choque traumático? Isso também aconteceu comigo quando li o artigo em jornal pela primeira vez, lá pelos idos de 1955/1956. Pena que o perdi.

O artigo foi publicado pelo jornal Diário de Notícias, do Rio, do grupo Orlando Dantas, na minha opinião um dos mais bem escritos jornais do país. Nele contribuíam escritores do quilate de Rachel de Queiroz, Austregésilo de Athayde, Gustavo Corção, Wilson Martins, Paulo Rónai, Alceu Amoroso Lima (Tristão de Ataíde) e outros de cujos nomes a memória não ajuda.

Fiquei perplexo naquela ocasião, pois minha formação a respeito da ortografia era completamente ortodoxa. Mas não me dei por vencido; li-o um sem-número de vezes nos dias seguintes, cada vez mais percebendo um afrouxamento na minha impressão inicial, até o ponto de concordar com praticamente quase tudo que ali estava escrito, à vista da racionalidade das sugestões. Para mim a ortografia é um recurso de que dispõem os humanos para tentar materializar, tipograficamente falando, o som que se ouve, seja de humanos, animais, aves etc.

Agora, o que me parece razoável é a adoção de uma reforma fonética, que elimine completamente as exceções.

Mas voltemos às sugestões apresentadas pelos visionários professores gaúchos, com apanhado atualizado que contempla sugestões de minha parte e outras colhidas no site do Prof. Pimentel.

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1 - cairia a regra de que palavras em que o s entre vogais teria som de z. Palavras como Brasília, base, paralisar, avisar, meses, deuses, pegajoso etc., seriam escritas com z: Brazília, baze, paralizar, avizar, muzeu, mezes, deuzes, pegajozo etc., a exemplo de azeite, fazer, azedo, azul, produzir, trazer etc., que já são escritas com z; Ademais, desobedecendo a própria regra vigente, atualmente existem palavras em que o s, mesmo não se encontrando entre vogais, têm o som de z: transeunte, trânsito, transumano etc. que seriam então escritas: tranzeunte, trânzito, tranzumano etc.;

2 - da mesma forma, palavras escritas com x com som de z — êxito, exame, existir etc. — também seriam escritas com z: êzito, ezame, ezistir etc.;

3 - o ç (c cedilhado) seria extinto: assim, em lugar de açúcar, pescoço, moço etc. teríamos, então, asúcar, pescoso, moso, paseio, asim etc. Não haveria necessidade de dobrar-se o s, a exemplo do que ocorre na língua espanhola;

4 - a consoante c teria sempre o valor da consoante k, no começo, meio ou fim de palavras; exemplos: cachorro, capital, Corumbá, pacote, toco etc. Em todas as palavras em que o c tiver o som de s, antes das vogais e e i, como em Ceará, cebola, cimento, ciúme, acima, Juraci etc., seria substituído por s.

Teríamos, então, Seará, sebola, simento, siúme, asima, Jurasi, casino, baso, impresora etc., a exemplo de São Paulo, sapo, Sergipe, situação etc.;

5 - nas palavras em que o c for seguido da consoante h e tiver som da consoante x, serão as duas consoantes substituídas por x. Teremos, assim, xapéu, Xapecó, caxorro, maxo, xover etc.;

6 - a ortografia já registra palavras com consoante muda, como b, c, d, g, p etc.: abdicar, absolver, acne, advogado, agnóstico, consignação, pneu, etc. e, por analogia e extensão, palavras escritas com x com som de cs, como anexo, fixo, prolixo, ortodoxo etc., seriam escritas com c + s: anecso, ficso, prolicso, ortodocso etc.;

Em reformas ortográficas do passado as consoantes k, w e y foram eliminadas do nosso alfabeto, mas admitidas apenas em palavras de outras línguas.

Por analogia e extensão, poderíamos adotar idêntico procedimento em relação às consoantes ce q. Assim, com base em sugestões apresentadas pelo Prof. Pimentel, permita-me a transcrição, relativamente aos itens 3, 4, 5 e 6:

“... Hoje há quem defenda que todo som K, representado ora por C, ora por QU, deva ser representado pela própria letra K, fato que vem sendo antecipado pela sabedoria popular e pela linguagem da propaganda (Kero Mais, Krokete Krokante, Ki Koisa…). Até o problema do trema fica resolvido (aqui, aquífero, quinquênio) e nenhum leitor terá dúvida de como pronunciar corretamente (kitute, akuífero, kuinkuênio). Também não haverá hesitação quanto à pronúncia de prolixo e ortodoxo se a grafia for prolikso, ortodokso. ...”

Poderia acrescentar: múzika, tranzatlântiko, asúkar, peskoso, moso, Xapekó, kaxorro, anekso, fikso, kapital, Korumbá, pakote, tokoetc., palavras citadas nos itens acima.

7 - palavras escritas com g, no começo, meio ou fim de palavras, teriam sempre o som degue (como em guerra (sem pronunciar-se a vogal u, por exemplo). Apenas para lembrar, na ortografia atual o g já se pronuncia como gue antes das vogais a, o e u, como em gato, goiaba, Gurupi etc. A dúvida sempre recai antes das vogais e e i, onde a pronúncia soa sempre como se a palavra estivesse escrita com a consoante j. Os exemplos são infindáveis: Getúlio, gema, gente, girafa, ginástica etc. Teríamos, então, Jetúlio, jema, jente, jirafa, jinástika etc.

8 -nas palavras em que a vogal u não é pronunciada, seja colocada no seu início, meio ou fim, antecedida pela letra g, como em guerra, apague, guilhotina etc., essa vogal seria eliminada. Teríamos, então, gerra, apage, gilhotina etc.;

9 - coerentemente e com relação à consoante q, como em queimar, queixo, quilômetro, química etc., teríamos keimar, keixo, kilômetro, kímika etc.;

10 - o grupo consonantal ch, com som da letra x, como em guinchar, guichê,

chapéu etc. seria substituído pela letra x. Teríamos, assim, ginxar, gixê, xapéu etc.

11 - palavras escritas com z ou x com som de s,como em juiz, imperatriz, matriz, expedir, extinto, extintor etc. — seriam escritas com s: juís (plural juízes), imperatris (imperatrizes), matris (matrizes), espedir, estinto, estintor etc., a exemplo de Luís, Taís, país, Jataí (ditongos crescentes), buritis etc.;

12 - palavras terminadas em am — tinham, tiveram, haviam, houveram, eram, foram, estavam, estiveram, falaram, disseram, caminhavam, fizeram, leram, aconteceram, ocorreram, possuíram etc. com som de ão (na verdade ãum), a exemplo de sótão, órgão, Estêvão, Cristóvão etc., seriam todas escritas com ãum e acento agudo ou circunflexo na sílaba tônica: ezekutárãum, tínhãum, tivérãum, érãum, fôrãum, estávãum, estivérãum, falárãum, disérãum, kaminhávãum, fizérãum, lêrãum, akontesêrãum, okorrêrãum, posuírãum, partírãum etc.

Da mesma forma teríamos, azarãum, kãum, dãum, mãum, nãum, pãum, sãum, tãum etc.

13 - palavras terminadas em om – bom, com, dom, som etc. – com som de oum, seriam assim escritas: boum, koum, doum, soum etc.;

14 - palavras terminadas em em — bem, cem, sem, armazém, também, devem, paisagem etc. — com som de eim (ditongo decrescente), seriam escritas com final eim: beim (beins), seim, seim, armazeim (armazeins), tambeim, déveim, paizájeim (paizájeins) etc.;

15 - palavras paroxítonas nas vogais ui (também ditongos decrescentes), serão acentuadas, a fim de evitar-se freqüentes erros de pronúncia; teríamos, então, intúito, flúido, sirkúito etc.

16 - palavras em que a vogal h não é pronunciada, como em hoje, homem, haver, habitação etc., seria eliminada. Teríamos, assim, oje, ômeim, aver, abitasãum etc.;

Não me lembro das outras sugestões.

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CONSIDERAÇÕES

Como proposto, teríamos:

No prinsípio as mudansas poderíãum trazer algum embaraso, ezitasãum, dúvida ou konfuzão no momento de eskrever, uma vez ke efeitos kolaterais sempre poderíãum okorrer. Mas, de kualker forma, lembro-me de ke, das diversas vantájeins apregoadas pelos defensores das mudansas, sobresaíãum a padronizasãum da maneirakomo as palavras déveim ser eskritas, desprezados os rejionalismos, radikais, sufiksos e até a etimolojia sofreria korresões.

Alguém já disse:

“... Acho que o mais importante é a preocupação em atualizar a ortografia e unificá-la. ...”

Concordo, mas pondero que será bastante difícil a unificação da maneira como preconizada.

Em questões de ortografia, é falso que Portugal tenha uma história de cedências ao Brasil.

O contrário é que é verdadeiro. O Brasil sempre estará a reboque dos demais países da língua portuguesa, que nem sempre adotam a mesma ortografia usada no Brasil.

Mexer na ortografia não é mexer na língua. Todas as palavras continuarão a ser pronunciadas (mal ou bem) como até aqui e a sintaxe continuará, sem mudança, sujeita aos mesmos pontapés de antes. Mudar a ortografia não implica mudar instantaneamente todos os livros de estudo, nem mesmo os dicionários. Essa mudança será gradual, feita ao longo de anos.

Outro exemplo. A leitura deste artigo também traz muitas informações.

Vários países fizeram reformas até radicais em suas ortografias, incluindo China e Japão.

Tive meus primeiros percalços com a língua com a reforma ortográfica de 1943.

De incomensurável auxílio me foi o Pequeno Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, deHildebrando Lima e Gustavo Barroso, de cujo desdobramento saiu o Aurélio, em 1975.

Já passou da hora de que se faça uma reforma para valer e ousaria acrescentar que não me parece suficiente que os integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa adotem apenas uma única ortografia, mas também que esforços sejam feitos para padronizá-la, simplificá-la e torná-la com regras mais abrangentes e menos suscetível a eternas exceções.

A palavra está aberta aos estudiosos do assunto.

VALPA
Enviado por VALPA em 06/10/2017
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