O EMPREGO, NEM SEMPRE CORRETO, DO ADVÉRBIO "ATÉ"
Indo direto ao assunto, o advérbio "até" modifica o termo que se lhe segue, seja ele pronome, verbo ou substantivo. Mas tenho ouvido frases em que a palavra em questão é colocada em local impróprio, alterando a semântica da frase, o que nem o falante percebe. E esse vício no falar é até bem comum. Vamos aos exemplos.
Certa vez ouvi uma mulher falar de seu sobrinho, um menino de oito anos. Ela dizia que o menino já estava fazendo muitas coisas que outros meninos daquela idade ainda não faziam. E aí ela disse: "Ele já está escrevendo até cartas". Mas na verdade o que ela queria dizer era: "Ele já está até escrevendo cartas". Dá para perceber a diferença, não?
Noutra ocasião um cara falou: "Com esta lâmina de barbear não posso fazer a barba. Com esta lâmina apontei até lápis". Mas, claramente, o que ele queria dizer era: "Com esta lâmina até apontei lápis".
Por fim, vejamos esta frase:
"Eu fui de carro ao Paraguai".
Podemos colocar a palavra "até" em vários pontos:
1) "Até eu fui de carro ao Paraguai". Quero dizer que muitas pessoas foram de carro ao Paraguai, e inclusive eu, alguém tido como pouco provável a realizar tal proeza.
2) "Eu fui até de carro ao Paraguai". Quero dizer que fui ao Paraguai várias vezes, por diferentes meios de transporte, e inclusive de carro, o que não seria muito comum.
3) "Eu fui de carro até ao Paraguai". Quero dizer que já fui de carro a muitos lugares, inclusive ao Paraguai, provavelmente a maior viagem que fiz de carro.
Então, a lição é esta: quando for usar a palavra "até" numa frase, considere o que você está realmente querendo dizer.
Até mais.