LÍNGUA PORTUGUESA - PARTE XVIII (FINAL) UM ESTUDO SOBRE A GRAMÁTICA

Em artigo anterior já vimos que a língua é um sistema tríplice que compreende um sistema de formas (mórfico), um sistema de frases (sintático) e um sistema de sons (fônico), por isso, a Gramática tradicionalmente divide-se em Morfologia, Sintaxe e Fonologia/Fonética, porém, assim como muitos gramáticos eu também costumo incluir uma quarta parte, (para fins de informação há também autores que acrescenta outra parte chamada de Estilística, que estuda os processos de manipulação da linguagem que permitem a quem fala ou escreve sugerir conteúdos emotivos e intuitivos por meio das palavras. Além disso, estabelece princípios capazes de explicar as escolhas particulares feitas por indivíduos e grupos sociais no que se refere ao uso da língua. Mas isso ficará para quem sabe em outra oportunidade) a Semântica, que se ocupa dos significados dos componentes de uma língua, haja vista que em linguística, Semântica estuda o significado e a interpretação do significado de uma palavra, de um signo, de uma frase ou de uma expressão em um determinado contexto. Nesse campo de estudo se analisa, também, as mudanças de sentido que ocorrem nas formas linguísticas devido a alguns fatores, tais como tempo e espaço geográfico, portanto, entendo que a Semântica também deva ser analisada em tópico à parte, como fizemos com as outras três partes gramaticais.

Mas afinal, o que é a Semântica? A Semântica é um ramo da linguística que estuda o significado das palavras, frases e textos de uma língua. A semântica está dividida em descritiva ou sincrônica e em histórica ou diacrônica. Se descritiva ou sincrônica estuda o sentido atual das palavras e se em histórica ou diacrônica estuda as mudanças que as palavras sofreram no tempo e no espaço.

A semântica descritiva estuda o significado das palavras e também as figuras de linguagem. O estudo do significado das palavras pode ser dividido em: sinonímia, antonímia, homonímia e paronímia.

Sinonímia é o estudo da relação de duas ou mais palavras que possuem significados iguais ou semelhantes, ou seja, os sinônimos. Exemplos: cara/rosto, quarto/dormitório, casa/lar/morada. Da Sinonímia podemos dizer também que é a divisão na Semântica que estuda as palavras sinônimas, ou aquelas que possuem significado ou sentido semelhante.

Se observarmos as três frases a seguir: A garota renunciou veementemente ao pedido para que comesse; A menina recusou energeticamente ao pedido para que comesse; A mocinha rejeitou impetuosamente ao pedido para que comesse. Veremos que os substantivos “garota”, “menina” e “mocinha” têm um mesmo significado, sentido, todos correspondem e nos remete à figura de uma jovem. Assim também são os verbos “renunciou”, “recusou” e “rejeitou”, que nos transmite ideia de repulsa, de “não querer algo” e também os advérbios que nos fala da maneira que a ação foi cometida “veementemente”, “energeticamente” e “impetuosamente”, ou seja, de modo intenso. Podemos concluir, a partir dessa análise, que sinonímia é a relação das palavras que possuem sentido, significados comuns. O objeto possuidor da maior quantidade de sinonímias ou sinônimos que existe é, com certeza, o dicionário.

Antonímia é o estudo da relação de duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, ou seja, antônimos. Exemplos: amor/ódio, dia/noite, calor/frio. Vejamos mais alguns exemplos de antonímia aplicados em algumas frases a seguir: A garota renunciou veementemente ao pedido para que comesse; A senhora aceitou passivamente ao pedido para que comesse. Percebemos que “garota” tem significado oposto à “senhora” assim como os verbos “renunciou” e “aceitou” e os advérbios “veementemente” e “passivamente”. Assim, quando opto por uma palavra opto também pelo seu significado que de alguma forma remete a outro sentido, em oposição.

Homonímia é o estudo da relação de duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, porém, possuem a mesma forma e som, ou seja, os homônimos. Essas sofrem uma subdivisão: homófonas, homógrafas e perfeitas. Exemplos de homófonas: acento/assento, conserto/conserto; exemplos de homógrafas: pode/pode, olho/olho; exemplos de perfeitas: rio/rio, são/são/são; paronímia é o estudo da particularidade de duas palavras que apresentam semelhança na grafia e na pronúncia, mas têm significados diferentes. Exemplos: eminente/iminente, absolver/absorver. Explicando mais claramente, homonímia é a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica. As homônimas podem ser homógrafas heterofônicas (ou homógrafas), homófonas heterográficas (ou homófonas), homófonas heterográficas (ou homófonas) e homófonas homográficas (ou homônimos perfeitos).

As homógrafas heterofônicas (ou homógrafas) são as palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia. Exemplos: gosto (substantivo) / gosto (1.ª pessoa do singular presente do indicativo - verbo gostar); conserto (substantivo) / conserto (1.ª pessoa do singular, presente do indicativo - verbo consertar).

Homófonas heterográficas (ou homófonas) são as palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita. Exemplos: cela (substantivo) / sela (verbo); cessão (substantivo) / sessão (substantivo); cerrar (verbo) / serrar (verbo).

Homófonas homográficas (ou homônimos perfeitos) são as palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos: cura (verbo) / cura (substantivo); verão (verbo) / verão (substantivo); cedo (verbo) / cedo (advérbio).

A semântica estuda também a denotação e a conotação das palavras. A denotação é a propriedade que possui uma palavra de limitar-se a seu próprio conceito, de trazer apenas o significado original.

Exemplos: As estrelas do céu. Vesti-me de vermelho. O fogo do isqueiro. A conotação é a propriedade que possui uma palavra de ampliar-se no seu campo semântico, dentro de um contexto, podendo causar várias interpretações. Exemplos: As estrelas do cinema. O jardim vestiu-se de flores. O fogo da paixão.

Gilson Vasco
Enviado por Gilson Vasco em 31/03/2017
Reeditado em 10/04/2017
Código do texto: T5957167
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