LÍNGUA PORTUGUESA - PARTE I UM ESTUDO SOBRE A GRAMÁTICA
A Gramática se apropria de um sistema de normas, como matéria-prima, sistema que dá estrutura à língua. São essas normas quem definem a língua padrão, ou a língua culta ou ainda a norma culta, caso queira tratá-la assim. Desse modo, para falar e escrever corretamente, é vistoso que se beba na fonte da Gramática, ou seja, é necessário que se estude a Gramática Normativa.
Diz-se da Gramática Normativa detentora da principal função de regular a linguagem e estabelecer padrões de escrita e fala para os falantes de uma língua. Assim, graças à Gramática, a língua pode ser analisada e preservada, apresentando unidades e estruturas que permitem o bom uso da língua. É ela, a Gramática Normativa, quem prescreve as regras, normas gramaticais de uma língua. E é justamente fazendo a prescrição que reconhece a admissão de somente uma forma dada como correta para a realização da língua, e, ao fazer dessa maneira, trata de modo preconceituoso as variações como sendo erros gramaticais. Daí, ser na atualidade, objeto de duras críticas de gramáticos, principalmente os adeptos de Ferdinand de Saussure, linguista suíço, uma vez que já se é dada a admissão de outras gramáticas como a funcional, a descritiva, a gerativa, etc.
Considera-se a Gramática Normativa como sendo a gramática das regras. É, portanto, aquela vista na escola! É ela, a Gramática Normativa quem norteia o “certo” e o “errado” no uso da linguagem, seja fala, seja escrita. Não há como negar, a Gramática possui seu valor em sala de aula, uma vez que ela dita os certames dos ensinamentos da língua para os alunos, mostrando-os como se comunicarem em situações mais formais da língua, situações nas quais se torna necessário o uso do código gramatical tido como padrão pelos estudiosos da língua.
Alvo de críticas ou não é a Gramática Normativa extremamente importante para todos os usuários da língua, pois é com ela que se analisam as sentenças produzidas pelos falantes. Dessa maneira, a Gramática Normativa toma como base as regras gramaticais tradicionais e o uso da língua por dialetos de prestígio. As obras literárias consagradas, textos científicos, discursos formais, etc. são materiais que formam a base para que se obtenham regras gramaticais de cunhos tradicionais. E, sendo assim, as variedades linguísticas faladas são tratadas como desvio da norma culta até que sejam dicionarizadas e oficialmente acrescentadas às regras gramaticais daquela língua. O que estou dizendo é que um vocábulo dado hoje como “errado” pela Gramática Normativa pode ser considerado padrão “certo” daqui a cem anos, por exemplo. Ou seja, chega uma hora que a Gramática Normativa precisa “engolir” a língua. É como uma mãe que depois de o filho tanto insistir naquilo negado antes por ela, ela acaba cedendo.
Mas, afinal, para que serve a Gramática, se, contudo, não possa ser desprezível? A Gramática Normativa tem a funcionalidade de estabelecer normas para o uso da língua, sendo, então, precisa para padronizar a utilização da língua materna. Querendo ou não é ela, a Gramática Normativa, codificadora do uso do idioma, induzindo as normas que representam o “ideal” da expressão “correta”. Assim, os escritores que não são regionalistas fazem uso da linguagem “correta” dada sua essência como aquela que está dentro dos padrões da norma culta. Em suas obras regidas por regras da Gramática Normativa é colocado um ideal de perfeição da língua como se não houvesse variações de pessoa para pessoa, dependendo do meio e do contexto. É nela que se espelha o uso idiomático que se consagrou como sendo o “certo”. Já os escritores regionalistas, por mais admiráveis que possam ser, não são vistos como exemplo para a Gramática Normativa, pois ela não considera o “desvio” da norma como parte de seu estudo e de suas análises.
Fontes:
ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. 1915-1991. Gramática Normativa da língua portuguesa. - 45ª edição - Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.
http://www.partes.com.br/educacao/gramaticanormativa.asp