VII — Fonética (Parte 6): Divisão silábica
Olá, meus queridos! Como já dizia minha querida mãezinha: "antes tarde do que nunca" e, já que estou BEM atrasado com as postagens gramaticais, vamos ao que interessa...
Minhas duas fontes, o CEGALLA (2008) e DUARTE (2000) conciliam-se e trazem primeiro a classificação e, em seguida, a separação das sílabas... Eu não concordo muito de dar os nomes aos bois antes de ensinar a identificá-los, então, vou ser rebelde: falarei primeiro sobre como separá-las e, só depois, como classificá-las.
Inicialmente, esta parte tinha ficado como um amontoado de regras e eu pedindo para você, leitor do EV, ir ao Google procurar por exercícios de separação silábica ao final da leitura. Depois, a refletir com os meus botões — literalmente —, decidi mudá-lo. Agora, vou tentar ser mais didático o possível para que você possa assimilar as regras e, assim, não esquecê-las.
Então vamos para a prática...
I) Os ditongos e os tritongos não devem ser separados.
Uma breve retomada do que raios são "ditongos" e "tritongos": ditongo é a junção, numa mesma sílaba, do som de duas vogais; tritongo é a junção de três sons. E é justamente por isso que eles não se separam: já que estão juntos, assim devem ficar.
Veja a palavra "ideia": i-DEI-a. Percebeu? O "dei", ditongo decrescente, fica junto, enquanto o I e o A ficam sozinhos na sílaba. Agora repare em "Paraguai": Pa-ra-GUAI. Olha aí: o tritongo fica junto na sílaba. Simples, não?
II) Os dígrafos CH, LH, NH, QU e GU não se separam.
Aqui a lógica é ainda mais simples: além de ficar muito estranho separá-los, em português uma sílaba tem que ter, obrigatoriamente, uma vogal, portanto, "chave", por exemplo, separa-se assim: CHA-ve. Viu? Veja a separação da palavra "ninho": ni-NHO.
Ainda mais simples, certo?
III) Já RR, SS, SÇ, SC e XC devem ficar separados.
Ao chegar aqui você deve estar a se perguntar: "mas cadê a lógica da regra anterior?"
Eu pesquisei um pouco e não achei uma resposta satisfatória para o porquê desses dígrafos se separarem — quando eu aprendi a respeito na escola, lembro-me de minha professora explicando que eles deveriam separar-se porque, caso o contrário, brigariam.
Em todo o caso, eu tenho uma teoria: em português, a sílaba deve ter, obrigatoriamente, uma vogal. Sendo assim, uma sílaba pode ser formada por uma consoante e uma vogal ou, então, por apenas uma vogal. Se pararmos para pensar, então, a lógica de se separar esses dígrafos vem do fato de que não exista (ao menos eu nunca ouvi falar e, por favor, caso eu esteja enganado, escreva aí nos comentários) na língua de Camões uma sílaba formada por duas consoantes e uma vogal — daí ocorrer a separação.
Por tanto, "carro" vai ser separado desta maneira: caR-Ro; "sossego" assim: soS-Se-go e "exceção" desta forma: eX-Ce-ção.
IV) As vogais que formam hiato devem ser separadas.
Em uma explicação breve hiato "é a vogal que não se junta a nenhuma outra ficando isolada na sílaba".
Pela definição já dá para entender o porquê da coitada ficar sozinha, abandonada na sílaba. É o caso de "saúde": você não lê SAU-de, fala sa-ú-de.
V) Sobre os encontros consonantais: 1) em começo de sílaba não são separadas e 2) quando estão já no meio são separadas.
Mais uma vez: uma sílaba não existe sem vogal, pura e simplesmente. Logo, não tem como haver P-neu, existe PNEU – assim mesmo: uma única sílaba.
Isso quando falamos no começo da sílaba; quando falamos em meio, dá pra lembrar lá da regra III — e pensar um pouco do porquê elas separam-se. Alguns exemplos: aD-Vo-ga-do; téC-Ni-co; PNEU-má-ti-co.
São cinco regrinhas básicas, mas importantíssimas.
E... por hoje é só!
Até a próxima!
REFERÊNCIAS
CEGALLA, Domingos Paschoal. Nova Minigramática da Língua Portuguesa. 3ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2008.
DUARTE, Madalena Parissi. Gramática Escolar da Língua Portuguesa. Blumenau: Todolivro, 2000.