‘Revus’ da língua acusam TV Zimbo de censurar peça jornalística
Membros da União Tolerância Linguística (UTL), vulgo ‘revus da língua’, acusam a TV Zimbo de, no dia 22 de Julho, ao passar a peça ‘Estudantes universitários pedem revisão do Ensaboado & Enxaguado’, ocultar os erros imperdoáveis mostrados por eles, aquando da entrevista, limitando-se a mostrar somente um erro de grafia, dando a entender, desse modo, que o livro só contém um erro.
No dia 16 de Julho de 2016, sábado, os ‘revus linguísticos’ promoveram, em Luanda, uma marcha atinente ao preconceito linguístico e à petição da reedição e correcção do livro ‘Ensaboado & Enxaguado – Língua Portuguesa & Etiqueta’, de José Carlos de Almeida (JCA), tendo a TV Zimbo no dia 18 de Julho, segunda-feira, contactado um dos integrantes do grupo, Caetano Cambambe, Licenciando em Ensino do Português e Línguas Nacionais, pela Universidade Jean Piaget de Angola, dizendo que gostaria de entrevistar os membros da associação sobre a marcha que levaram a cabo no sábado, ao que aceitou.
“Não se tratou de uma marcha política, mas linguística, sendo que Estudantes, Professores, Bacharéis, Licenciados, licenciandos e amantes da língua de Camões, português, reuniram-se, sábado, 16 de Julho, em Luanda, a fim de marchar, do Jumbo ao Largo Primeiro de Maio, às 12h, com o objectivo de dizer ‘não ao preconceito linguístico’ e, finalmente, exigir a reedição do livro ‘Ensaboado & Enxaguado’, de José Carlos de Almeida”, conta Littera-Lu, Licenciando em Ensino da Língua Portuguesa, pelo Instituto Superior de Ciências da Educação (ISCED) de Luanda, acrescentando que “infelizmente, a TV Zimbo ocultou, na reportagem, os erros de palmatória que eu mostrei aquando da entrevista. Há erros de base, há erros que somente um curioso da língua, amador, desconhecedor, simplesmente comete/cometeria, nomeadamente: o uso inadequado da vírgula, a separação do sujeito e do predicado por vírgula, a separação do verbo do seu complemento, erros de transcrição fonética, a ausência de bibliografia, o uso de inicial minúscula, erros de acentuação e de ortografia, etc. Mostrei todos esses erros, mas na peça somente um erro a Zimbo mostrou”.
“Para JCA, o verbo lagrimar não existe; abuzinar é erro; pinha não existe; frauda não existe; xotar é erro; etc. Na verdade, todas palavras que se fez menção anteriormente, em português, existem e não são erros. Nós, como professores, muitas vezes já fomos postos ‘à’ parede por provar o contrário daquilo que JCA defende no livro dele”, diz Caetano Cambambe.
Por outro lado, até hoje o vídeo da peça não está disponível na ‘net’ por, segundo presumem os ‘revus linguísticos’, razões alheias à vontade dessa emissora.
A TV Zimbo tem sido, ultimamente, alvo de críticas. Merecidamente. À semelhança dos demais órgãos públicos e privados de Comunicação Social, a Zimbo excedeu-se na cobertura do congresso do MPLA, deixando cair novamente a sua máscara partidária.
Os erros do ‘Ensaboado & Enxaguado’ que a TV Zimbo terá ocultado
O verbo LAGRIMAR existe em Português, mas, no ‘Ensaboado’, p. 73, afirma-se que “Lagrimar não existe em Português” .
Segundo a Gramática Normativa, não se separa por vírgula o sujeito do verbo, mas, no ‘Ensaboado’, páginas 92, 113, 116, etc., o seu autor, José Carlos de Almeida (JCA), separa por vírgula o sujeito do verbo.
A palavra FRAUDA existe e é, ainda, a 3.ª pessoa do presente do indicativo do verbo “fraudar” , mas, no ‘Ensaboado’, pág. 113, afirma-se que “Frauda, não existe”.
A designação da selecção masculina de futebol é “os Palancas Negras”, mas para o ‘Ensaboado’ dizer “os Palancas” dá a ideia de um machismo inútil.
«Quanto a isso, se nós pertencêssemos à equipa talvez nos zangássemos com quem que dissesse que nós éramos “uma” Palanca», sublinharam os ‘revus’.
O pseudónimo de José Carlos, autor do ‘Ensaboado’, é Makiesse que, em kikongo, significa alegre. “Começaríamos logo por desaprovar o pseudónimo, no fundo e sobretudo na forma, língua estrangeira, num trabalho sobre a Língua Portuguesa”, frisaram.
O vocábulo PINHA existe, pois é um fruto da árvore que se chama pinheiro, mas para o ‘Ensaboado’ não existe, a ver-se pelo que afirma na página 65.
É certo usar a expressão «palavras difíceis», mas para o ‘Ensaboado’ dizer «anote as PALAVRAS DIFÍCEIS para depois procurar os seus respectivos significados no dicionário» é errado. Ou seja, ele discorda da expressão, pelo que, em sua substituição, propõe «palavras invulgares».
“Mas lembramos que o uso impõe, em contexto informal, sobretudo no contacto com crianças, a expressão «palavras difíceis»”, sustentaram.
A FRASE começa sempre com maiúscula inicial, mas o autor do ‘Ensaboado’ começa a frase com inicial minúscula, na página 33.
“OUTRA ALTERNATIVA” é redundância, porque no vocábulo «alternativa» já existe um radical (alter) que, em Latim, significa outro(a)). Mas isso aí está na página 82 do ‘Ensaboado’.
O certo, segundo a Gramática Normativa, é dizer «existem alternativas», mas, na página 82 do ‘Ensaboado’, vê-se «existem outras alternativas».
‘Ensaboando a Língua Enxaguada – Lições de Gramática e Linguística Portuguesa’
Os ‘revus’ da língua publicarão, em breve, uma obra intitulada ‘Ensaboando a língua enxaguada – lições de gramática e linguística portuguesas’. A obra procede à recolha e correcção de erros verificados no livro ‘Ensaboado’.