CRASE, A DESGRAÇA DE NOSSA LÍNGUA

Os erros gramaticais que com mais frequência se cometem são os que se referem ao emprego da crase.

Para quem está sempre atento às normas da boa escrita, desnecessário é dizer o que é a crase.

Por outro lado, temos uma grande maioria que não sabe o que é crase. Por isso mesmo é que a usam de forma errada. Curiosamente, eles acham que sabem o que é crase e pensam que a empregam corretamente.

Parecem ignorar que a letra "a" tanto pode representar o artigo feminino definido como pode ser a preposição, como na expressão "graças a Deus".

No primeiro caso, ou seja, no emprego do artigo, os tais ignorantes geralmente não erram. Mas no caso de uma burrice extrema, pode até surgir uma coisa absurda, como esta frase que vi como aviso: "Favor fechar à porta".

A confusão surge mesmo no emprego da preposição. Confunde-se a preposição "a" com a crase. Como acontece isso?

A pessoa pouco instruída na Gramática mete-se a escrever. Quando sente que o "a" que vai usar não é o artigo que conhece tão bem, acha que então deve colocar-lhe um acento grave. Ou seja, para quem escreve assim, a preposição simplesmente não existe, o que existe é o artigo e a crase.

Daí é que surgem todas estas expressões erradas:

"graças à Deus"

"de janeiro à março"

"dei os parabéns à ele"

"devo muito à meu pai"

"viajei à negócios"

"passo à passo"

E qual seria a solução para esse grave atentado à nossa língua? Simplesmente não há solução. Enquanto as pessoas viverem felizes com sua ignorância, sem preocupar-se com o certo e o errado na escrita, conviveremos com estas e outras aberrações, e algumas até piores do que "fechar à porta".

Egon Werner
Enviado por Egon Werner em 19/06/2016
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