MAIÚSCULAS EM CARGOS

Um amigo virtual, cujo nome não revelo por uma questão de ética e respeito, enviou-me msg no chat: “Littera, escreve-se Papa Francisco (com ‘p’ maiúsculo), embora na sua publicação tenhas escrito «papa Francisco» (com ‘p’ minúsculo). Está errado, amigo. Corrija-se, ok? São coisas de instrução primária, wi. Como é então, man?”.

Meu amigo e ilustre irmão na língua, os cargos não requerem o emprego de maiúscula inicial. Ninguém escreve «Sou Limpa-Chaminés» (com ‘l’ e ‘c’ maiúsculos), por exemplo. E não há nisto qualquer falta de respeito por essa profissão, também ninguém escreve «Fui ao Médico» (com ‘m’ maiúsculo).

Mas, como as pessoas são educadas, amáveis e atenciosas, e às vezes sentem necessidade de demonstrar deferência, podem presentear o detentor do cargo com a maiúscula, que normalmente está reservada para as coisas “importantes”. Acontece o mesmo quando começamos uma carta por «Excelentíssimo Senhor...». Os jornais, por exemplo, costumam reservar essa deferência apenas para o presidente da República e para o papa (eu escrevi em minúscula de propósito, porque entendo que um papa não me merece mais respeito que um médico, que um bombeiro ou que uma vendedeira de hortaliça), nem o primeiro-ministro costuma ter direito a maiúsculas.

Saiba que não há nenhuma norma geral que a aconselhe a usar maiúsculas na grafia de um cargo. Pode haver, sim, uma “norma interna”, determinada, por exemplo, por um livro de estilo.

E pode haver outra “norma interna”, na sua cabeça, que é a simpatia, o respeito, a reverência que o detentor do cargo lhe merece ou deve merecer, ou o destaque que lhe queira dar.

Fontes:

BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 32ª edição, São Paulo, Companhia Editora Nacional, 1988.

Ciberdúvidas da Língua Portuguesa