A nossa querida língua
Parece que já virou moda: o homem, quando agradece, diz OBRIGADA; a mulher, por sua vez, diz OBRIGADO; o editor separa o sujeito do predicado por vírgula; o jurista armado em purista separa o sujeito do predicado; e, por último, surge, recentemente, a tragédia da sintaxe funcional da vírgula cometida pelo "maior órgão de comunicação social" do país, TPA.
Assistíamos, na semana passada, sexta-feira, à reposição do programa ‘SEGURANÇA PÚBLICA’ no segundo canal público/estatal de Angola, ou seja, TPA 2. Enquanto assistíamos, passava, no rodapé, o seguinte título: «Jovem ao serviço de uma empresa de segurança, dispara mortalmente contra um cidadão de 41 anos». Ora, sendo um programa que retrata assuntos que têm/tem a ver com a justiça, crime, etc., deveria, no mínimo, ter muito cuidado ao pontuar algo do género, para que não chegasse a cometer o crime que cometeu. Não basta falar de regras jurídicas e apresentar assuntos problemáticos que têm ocorrido no país; todavia, é, de facto, imprescindível que se tenha algumas noções de gramática, a fim de se passar uma mensagem sem equívocos gráficos. De acordo com algumas leis gramaticais, o jurista João Carlos Matos, na sua ‘Gramática Moderna da Língua Portuguesa’, dir-nos-á: «É crime separar o sujeito do predicado por vírgula e, por sua vez, quem assim o fizer, terá de prestar constas à justiça linguística portuguesa». Sendo assim, deve-se, no entanto, condenar o programa que retrata de segurança pública, que acabou por não ter segurança pública. Desta feita, está previsto a aplicação de alguns 500 anos de prisão, pois, afinal, só assim o ‘SEGURANÇA PÚBLICA’ terá segurança ao escrever algo.