BRINCANDO COM AS PALAVRAS
Escrever é brincar com as palavras. É contar histórias e se encantar com elas. É ouvir o som da flauta que recorda a falta de uma amizade antiga. Escrever é esconder, é revelar. É mostrar a manha e a artimanha que a imaginação produz a cada manhã.
É preciso adentrar o esconderijo das palavras. Somente nós temos o poder de desatar os nós que nos mantém presos a ignorância. A leitura liberta, emociona e diverte. A escrita traduz sentimentos, denuncia, releva e revela. Em cada canto, a sonoridade do seu canto se faz ouvir.
Brinco com as palavras. Rio com seu poder de sedução e choro com sua capacidade de ferir. Rio que corre ligeiro para o oceano. Pressa que muita vezes impede a contemplação. A palavra, às vezes nos faz presa, outras vezes ela é refém. Peça fundamental em uma peça do prólogo ao epílogo.
O Rosa gostava de criar novas palavras. O Pessoa brincava de ser outra pessoa. E assim, o sertão ganhou suas veredas e a poesia uma linda mensagem. A palavra grita, agita e contagia. Ela é mutável. Flecha que atinge o alvo e que fecha o livro. A palavra é prece que não pede pressa. (Anizeuton Leite)