A (para nós) questionável classificação do verbo SOAR.
Pelo que já detectamos na maioria das gramáticas (e corroborado pelos dicionários), o verbo SOAR (que forma parônimo com SUAR), tem sido classificado como do tipo REGULAR, ou seja :
- O seu radical ("so") mantém-se inalterado na con-
jugação de todos os tempos, modos e pessoas
verbais (eu soo, eu soei, eu soava, eu soara...) ;
e
- Tem uma conjugação normal, isto é : é conjugado
em todos os tempos, modos e pessoas verbais.
Porém, pela acepção que lhe é atribuída (é o mes-
mo que "emitir sons"), não nos parecem razoáveis tanto a sua classi- ficação (como do tipo regular - para nós, deveria ser do tipo defectivo, aquele que não pode / deve ser conjugado em todos os tempos, modos e pessoas), como a sua conjugação em todos os tempos.
Se o sentido dele é "emitir som" (e se essa capaci-
dade de emitir som nos parece específica para objetos do tipo relógio, despertador, telefone - E NUNCA DE P E S S O A S -), fazendo um tro-
cadilho), "soa"-nos estranho nós o conjugarmos conforme recomenda-
do pelas gramáticas :
Eu soo, tu soas, ele-ela soa, nós soamos, vós so-
ais, eles-elas soam.
No nosso entendimento, tal verbo deveria ser en-quadrado na lista dos verbos UNIPESSOAIS, ou seja : aqueles que são conjugados na 3a. pessoa (do singular ou do plural).
Em exemplos como este :
"O despertador SOA para mim sempre às 4 da
manhã".
"Ao completarem uma ligação, os celulares SOAM
de diferentes formas".
(Ou seja : o uso desse verbo seria especificamente
para referir-se a algum tipo de objeto que emita som).
Tal questionamento nosso (discutível, obviamen-
te, como tudo em Português) é derivado de uma publicação da colega
professora Fernanda Pantoja, em uma página que ela tem no face (por sinal, interessante).
Mas, esta nossa página tem caráter predominan-
temente QUESTIONATIVO. E o acima é mais um dentre esses muitos : Nós não nos restringimos a copiar ou propagar regras gramaticais, mas sim , a destrinchá-las, confirmando-as quando elas não permitem questionamentos ou contestando-a ou questionando-a quando algo a ela atinente ensejar essa nossa discordância.
(Entendemos que é na discussão que acabamos aprendendo e apreendendo um pouco mais das coisas. E a nossa língua é um poço sem fundo neste sentido...)