A REDUNDÂNCIA «EXÉQUIAS FÚNEBRES»
Segundo Nuno Carvalho, consultor linguístico do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, «não existem exéquias que não sejam fúnebres». Trata-se - diz ele - «de um tipo de pleonasmo que na Nova Gramática do Português Contemporâneo de Celso Cunha e Lindley Cintra é considerado um erro grave».
Celso Cunha e Lindley Cintra, na 'Nova Gramática do Português Contemporâneo', na página 618, dizem sobre o uso do pleonasmo: «Quando nada acrescenta à força da expressão, quando resulta apenas da ignorância do sentido exacto dos termos empregados, ou de negligência, é uma falta grosseira». E apontam alguns exemplos: «Fazer uma breve alocução», «Ter o monopólio exclusivo», «Ser o principal protagonista».
A estes exemplos poderíamos, com propriedade, acrescentar «exéquias fúnebres». Porém, a sequência «exéquias fúnebres», ainda segundo Nuno Carvalho, não é incomum. Numa pesquisa no corpus 'CETEM Público', disponibilizado pela Linguateca, verificou-se que há 162 ocorrências da palavra exéquias, sendo que em 8 delas observamos a sequência «exéquias fúnebres». Não sendo um número elevado, não é também despiciendo, uma vez que representa 5% das ocorrências do termo exéquias neste corpus.
Segundo renomado dicionário, "exéquias" significa «solenidades ou honras religiosas fúnebres.»
Será que a repórter J. S. da rádio 'X' sabe disso? A ver-se por esta frase dita por ela hoje, terça-feira, dia 12 de Abril de 2016, numa das suas reportagens, ainda não sabe:
"A bordo de uma motorizada, encontravam-se na via pública, próximo a uma residência onde decorriam as 'EXÉQUIAS FÚNEBRES' de um indivíduo, identificado por Carlos, seu suposto primo, nos meandros do bairro Boavista, município do Sambizanga."
Ora, assim sendo, resta perguntar e exigir uma resposta convincente: estamos bem de jornalistas, amigos? Respondam, eu já estou cansado de responder...