OBSERVAÇÕES IMPORTANTES SOBRE O USO DE ADJETIVOS E DE LOCUÇÕES ADJETIVAS
Locução adjetiva é a expressão formada por duas ou mais palavras e que tem o valor de um adjetivo. Quase sempre é introduzida pela preposição “de”. Isso significa que ambos os termos, o adjetivo e a locução adjetiva, são usados na caracterização do substantivo.
Exemplo: amor de mãe. “De mãe” é uma locução adjetiva e corresponde ao adjetivo “materno“.
Não há diferença em dizer ”amor de mãe” e dizer “amor materno”.
Como vimos, a locução adjetiva é formada por uma preposição (quase sempre DE) mais um substantivo (“de mãe”, por exemplo), porém há locuções formadas também por preposição mais advérbio, como nestes casos:
Sessão da tarde (sessão vespertina). Tempos de hoje (tempos hodiernos). Banco de trás (banco traseiro). Porta de lado (porta lateral).
Nem sempre é possível substituir um adjetivo por uma locução adjetiva, e vice-versa, pois nem sempre existe uma correspondência semântica precisa entre a locução e o adjetivo. E há muitas locuções que não têm adjetivos com significado que lhes correspondam.
Exemplos:
Carne de segunda qualidade.
Homem maria-vai-com-as-outras
Rapaz sem graça
Casa de tijolos
Têm adjetivos que correspondem à mesma locução adjetiva, porém seus usos não são indiferentes, por terem sutis diferenças de significados. Por exemplo, as palavras "bucal" e "oral" correspondem à mesma locução adjetiva: "de boca". Porém, quando nos referimos à comunicação ou a determinado tipo de sexo, costuma-se usar o adjetivo oral: comunicação oral, língua oral (em oposição à de sinais).
O uso frequente é quem consagra palavras e expressões Por isso soaria estranho se alguém proferisse a expressão "sexo bucal".
As locuções adjetivas, ao promoverem o enriquecimento vocabular, possibilitam, a quem as conhece, um melhor desempenho textual.
O domínio de mais recursos linguísticos viabiliza a produção de textos mais fluentes, elegantes, claros, objetivos e ricos do ponto de vista lexical.
Exceto em relação às “palavras difíceis” (vocábulos eruditos), de uso raro na linguagem cotidiana ou mesmo na jornalística, há uma larga preferência pelos adjetivos, pois o uso em excesso da locução adjetiva prejudica o discurso nos aspectos da beleza e da concisão.
Porém, nem sempre há uma necessária correspondência semântica entre uma locução adjetiva e o adjetivo a que ela alude. Falar “as ideias infantis (ingênuas) de Lucas” não é a mesma coisa de falar “as ideias da infância de Lucas”.
A preferência pelo uso do adjetivo ou da locução adjetiva, nesse caso, dependeria do sentido de que eles são investidos.
Quando as locuções corresponderem a adjetivos eruditos ou da linguagem literária, que causariam estranheza se fossem usados no cotidiano, a preferência, claro, deve recair sobre as locuções.
Exemplos: De abóbora (cucurbitáceo). De coelho (cunicular). De marfim (ebúrneo).
O uso do adjetivo cucurbitáceo causaria mais estranheza ainda se fosse usado no lugar “de abóbora” no sentido figurado de “cabeça grande” ou “baixo intelecto”.