NEM TODO ADJUNTO ADVERBIAL PODE SER CONSIDERADO MERO ACESSÓRIO DA ORAÇÃO
Para a Nomenclatura Gramatical Brasileira (NGB), o adjunto adverbial é um termo acessório da oração. Porém, se é verdade que existem advérbios (ou locuções adverbiais) de valor simplesmente acidental, desnecessário ao entendimento da oração, há igualmente aqueles que são essenciais à compreensão dela. Neste último caso, Antenor Nascente está certíssimo ao afirmar que, "tratando-se de verbos intransitivos de movimento, o complemento de direção não pode ser considerado elemento meramente acessório" (O problema da regência. 2ª ed. Rio de Janeiro, Freitas Bastos, 1960, p 17-18).
Celso Cunha e Lindley Cintra chamam a atenção para a necessidade de a NGB ter de ser revista neste ponto (Nova Gramática do Português Contemporâneo. 2ª ed. Nova Fronteira, 1985. p 548).
Vejamos exemplos:
A menina caiu
Nada aqui precisa ser acrescentado para o entendimento da oração.
Se desejarmos informações adicionais, podemos dizer que a menina caiu na quadra (ou na pista de gelo ou no buraco ou na grama), por exemplo. Mas, essa informação não é gramaticalmente indispensável.
É muito diferente de eu dizer:
Sandra foi
Está claro que, neste caso, a presença de um complemento é indispensável ao entendimento da oração. Depois de "FOI" (do verbo ir, que é verbo de movimento), impõe-se o acréscimo do adjunto adverbial (o adjunto adverbial necessário).
Sandra foi ao cinema
Sandra foi para São Paulo
Percebe-se claramente que o adjunto adverbial, no caso, é essencial e não acessório.