PAU QUE TOCA A CHICO TOCA A FRANCISCO

"A expectativa é "de" que os 15+2 fiquem prisão domiciliária, para continuarem a responder em liberdade."

Dezassete jovens que pertencem ao Movimento Revolucionário, conhecidos como "revus", estão sob prisão domiciliária, de acordo com a nova lei das medidas cautelares em processo penal (lei n.º 25/15 de 18 de Setembro). O Ministério Público considera que a conduta dos jovens se configura como ser início ou sinais de actos preparatórios para o cometimento de crime de rebelião. De acordo com acusação do Ministério Público, os jovens acusados, com idades entre 20 e 30 anos, pretendiam mobilizar a população do país para uma insurreição e desobediência civil colectiva, com a colocação de barricadas nas principais artérias da cidade capital e queima de pneus em locais com maior afluência de cidadãos estrangeiros, mas com especial realce para o Palácio Presidencial, com finalidade de derrubar o presidente da República, Eng.º José Eduardo dos Santos.

O julgamento ocorre no quadro da lei dos crimes contra a segurança do Estado, exposto no artigo 28.º do Código Penal angolano, entregue a 14.ª Secção dos crimes comuns do Tribunal Provincial de Luanda, sob a responsabilidade do juiz de direito Dr. Januário José Domingos.

Um conceituado jurista da nossa praça, na ânsia de louvar a nova lei das medidas cautelares em processo penal, disse: "A expectativa é "de" que os 15+2 fiquem prisão domiciliária, para continuarem a responder em liberdade."

A primeira oração, terminada em «é» é a principal; a outra só pode ser oração predicativa (que nunca se inicia com preposição). Portanto, a frase deveria assim ter início:

A expectativa é que…

A preposição «de» só teria cabimento se fosse repetida, num pronome, a palavra «expectativa». Assim, por exemplo:

A expectativa é a de que… Agora, teríamos uma oração principal (a expectativa é), seguida de uma oração completiva nominal (a de que…): A resposta, quase uma unanimidade entre os analistas brasileiros e estrangeiros, é A de que o Brasil mudou muito e para melhor (frase de um jornalista).

Eis, então, um (bom) recado aos profissionais do «a expectativa é "de" que».